sexta-feira, 16 de maio de 2008

o trabalho do Demo, Diabolus in Musica

Maléfico, Diabolicus,

Sinto a ausência de som a reverberar pelas paredes da nossa oca masmorra.

Estando eu em silêncio profundo, imóvel, observante, a aguardar uma qualquer resposta ao meu post anterior, não pude deixar de me sentir impactado pelo poderoso e frio silêncio que preenche este antro maléfico.
O vazio e o desespero que isso me transmitiu, foram particularmente acolhedores e encheram um dos meus corações com aquele calorzinho a que chamamos a sensação “lar-doce-lar”.

Estava eu nisto, quando me apercebi que afinal não seria de facto o silêncio lúgubre e absoluto o que escutava! Havia ali algo. Um ritmo soturno, uma batida quase fúnebre que alegrava todo o ambiente e me causava esse bem-estar. E que batida era esta que me causava tal sensação?

Em poucos segundos, vasculhei no fundo da minha vasta mente, profusamente instruída em todos os ensinamentos negros e recordei-me de uma longínqua aula de educação musical, éramos nós petizes diabinhos, onde o então mestre de educação musical fez menção a uma técnica que tem como objectivo causar o desconforto e lançar a inquietude nas mentes de quem escuta uma melodia de forma menos atenta.

Dessa técnica, que dá pelo nome de Tritone, pouco mais sei. Desse dia, guardei mais vividamente, a imagem do dito tutor musical a ser projectado ainda vivo e em chamas pela janela.
Talvez por isso os nossos conhecimentos musicais serem um pouco limitados, mas recordo que ainda deu para fazer umas brincadeiras mais ou menos bem conseguidas. Assim de repente vem-me à ideia uma 9ª sinfonia de Beethoven (o que a gente se riu quando escrevemos esta pequena obra).
Mas voltando ao Tritone, basicamente trata-se de um intervalo musical que dura 3 tons (o que é equivalente a dizer que é o mesmo que um quarto aumentado). É vulgarmente referido como um intervalo dissonante ou desarmónico. Por isso mesmo, e pelos efeitos subversivos que causa nos desprevenidos ouvintes, foi classificado pela igreja medieval como a nota do Diabo, o seu uso foi proibido e correctamente baptizado de Diabolus in Musica!
Obviamente que as coisas não se ficaram por aqui, e com a disseminação dos nossos por todos os poros da sociedade, o Tritone voltou a ser utilizado para o fim para o qual foi criado.
Vivaldi, Beethoven, Bela Bartok, são apenas alguns dos demónios mais dados a estas coisas da música que relançaram o uso desta técnica.

Mas como seria de esperar, é nos géneros musicais mais pesados, aqueles em que a predominância do Sr. Satanás é de todo avassaladora, onde encontramos os grandes executores desta e de outras técnicas diabólicas.
Em conversa com alguns deles, foram-me dados inúmeros exemplos de casos, mas permito-me destacar apenas dois, que pela sua magnificência e carga diabólica se destacam dos demais. São eles:

A entrada e o riff principal do tema Harvester of Sorrow dos Metallica;

O soberbo inicio da musica Bitter Peace dos Slayer, retirado do álbum que dá pelo nome de…. Diabolus in Musica… eh eh eh

Atentem então a estes dois soberbos exemplares do verdadeiro trabalho do Demo!!!



2 comentários:

Maléfico Patético disse...

mafarrico,

é desta, estes conteúdos vou passar a ser pagos! Não podemos dar informação deste interesse e intelectualidade de graça. A partir de agora quem quiser ser abençoado pela nossa sabedoria ... PAGA!

A musica que escolheu dos veteranos metallica, é uma das minhas preferidas de todos os tempos. Recordo-me com alguma mágoa, quando há muitos muitos anos, no longinquo ano passado assisti a uma prestação ao vivo destes senhores, não tocaram esta música. Mas o LP de que a faixa faz parte, existe nos meus arquivos e parece-me que, quando chegar ao covil já o gira-discos maléfico estará a debitar este som (ele às vezes quando me ouve no elevador escolhe logo o disco que me apetece ouvir, é simpático)

A musica dos slayer já não consegui ouvir, mas a rodela plástica também está para lá guardada em algum canto e ouvirei com toda a atenção quando se proporcionar.

Um abraço ruidoso,
M.P.

Diabolicus disse...

Eu queria pagar para ter acesso aos conteúdos, mas as portas da Masmorra ainda se encontram abertas e contendo ensinamentos cada vez mais avassaladores em termos de cultura musical.

Foi-me permitido o acesso aos vídeos, conseguindo ver os 2 em simultâneo, mas o som foi-me cortado, penso que isso já será obra sua Maléfico.

É soberbo como se consegue agregar no mesmo escrito estilos musicais, igualmente diabólicos mas tão diferentes em termos de sonoridade propriamente dita, Metallica e Beethoven, Slayer e Mozart, infelizmente já nenhum dos segundos está entre nós, caso contrário apareceria logo alguém a fazer um remix e a juntar estas combinações num qualquer palco.

Mais uma vez a Masmorra foi pioneira e ressuscitou os mortos para criar nas nossas mentes mais evoluídas alguns duetos nunca antes vistos.