Assim foi há 11 Séculos atrás, tanto tempo passou, mas a memória não se apaga, desses momentos de comunhão com tantas outras criaturas diabólicas, maléficas, mafarrificas até. Estaria lá Satanás ele próprio, disfarçado quiçá, mas estavamos em nítida comunhão de ideais, em sintonia de vestes, mas algo se distinguia no meio dos demais...não estou a falar do Maléfico de camâra em punho a apontar para o palco, mas da presença dos fiéis da Masmorra, que estremeceram de pânico os diabos menores que neles tentavam focar o olhar.
O orgulho pelas nossas novas vestes trespassava-nos as mentes e estava patente em cada passada que dávamos. O caminho estava a ser conquistado!!
Não querendo plagiar algo que já li por aí, começamos pelas bifanas com picante servidas por catraios nitidamente em situação de exploração de trabalho infantil, e como nos agradou essa visão de miúdos que tinham de perguntar ao pai como faziam os trocos enquanto nos tentavam sugar pela ratoeira plantada mesmo à frente da barraca das bifanas improvisada para o efeito.
Seguimos para o recinto, percebemos que estavam à nossa espera e não nos alongamos mais, entramos portanto!! Ouvimos mais uma criança chorar por não ter uma armadura como a nossa, mas isso não é para todos miúdo! Vais ter de esperar.
Entramos, agora sim e tratamos de adquir algo para matar a sede. Logo um energúmeno nos veio pedir um pouco do nosso líquido com uma caneca vazia, partilhamos, mas pouco, e eu já tinha bebido e salivado o meu copo.
De seguida um transeunte passa por nós, eu não reparei, o Mafarrico também não, foi o Maléfico que chamou a atenção. Era o vocalista dos Napalm Death, falha-me agora o nome, mas o encontro ficou por aí, estavamos em missão e não iamos para socializar com ele.
Dirigimo-nos ao palco e divertimo-nos com os Holocausto Canibal a grunhir e a girar os longos e feios cabelos. Penso que envergonharam qualquer porco em situação de matança, pois conseguiram fazer bem melhor, de forma mais selvagem e autentica do que os próprios porcos com a faca espetada no pescoço e a esvairem-se em sangue. Prenha de um canídeo, Fetofilia e Punição Anal são apenas alguns temas que recordo como sendo os mais bem conseguidos.
A seguir vieram os Napalm, figuras de cartaz e o povo louco correspondeu numa mosh desmedida, com diabos menores a rolarem pelo chão e outros pelo ar, foi engraçado de se ver. Diabolicus não participou, caso contrário aquela mosh poderia ter deixado estragos no terreno.
Os Napalm corresponderam para quem já os conhece e superaram as expectativas para quem não está tão por dentro dos seus sons. O seu vocalista mostrou garra, são uns senhores!
Finalmente, já toda a planteia estava satisfeita, a missão da Masmorra estava concluída, mas os Moonspell resolveram brindar-nos com um concerto agradável. Não tão agitado como os Napalm, mas de excelente nível. Não sabia que havia tipos de Lisboa capazes de produzir tamanho espectáculo, foram a surpresa da noite.
Gostei da frase do seu vocalista, nem os Moonspeel são grandes demais para o Caos Emergente, nem o Caos Emergente é grande demais para os Moonspeel...ainda bem que chegou a essa conclusão.
Foi uma noite bem passada, num dia em que a Masmorra saiu à rua e alguns privilegiados tiveram oportunidade de ver ao vivo os lendários Mafarrico, Maléfico e Diabolicus.