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terça-feira, 19 de julho de 2011

O Horror! O Horror! - SBSR'11

Como já foi aqui levemente discutido na mensagem anterior, é sabido que o magnânime Maléfico (eu próprio) se deslocou em missão secreta a um dos mais badalados festivais de Verão que os humanos destas paragens organizam precisamente no Verão - O Super Bock Super Rock. O que se segue é uma resenha do relatório que preparei e que enviei atempadamente ao nosso Maior.

Todos estamos familiarizados com o conceito de festival, a diferença mais visivel, ao que nós demónios diz respeito, é que neste festival não se ouviriam as doces melodias de Satã (vulgo Heavy Metal) - mas não era isso que lá me enviava, o que interessava mais a Maléfico era o estudo do comportamento humano, que me levou a conclusões interessantes e manifestamente optimistas quanto ao futuro da estupidez humana.

Tudo se iniciou rapidamente, um bilhete caído do céu, o rápido assumir de forma humana, e os cascos a caminho - sempre a tirar notas. O trabalho iniciara-se.

O que cedo agradou a Maléfico foi o caos que se gerou ainda a longos quilómetros se estava do epicentro do festival, o caos no trânsito, com carros parados e a certeza de se perder alguns concertos logo no primeiro dia fizeram com que os humanos começassem a mostrar sinais de irritação logo ali, foi bonito ver o desrespeito com que se tratavam mutuamente, ainda nem tinham saido do carro. Ultrapassagens pela berma, insultos, buzinadelas, algum desepero portanto, isto durante as 5 horas que se demorou a fazer os 30/40 km finais - aliado ao aspecto resignado com que viamos alguns energumenos ficar pelo caminho com os seus bólides avariados - foi bonito.

Chegando ao recinto propriamente dito, tudo melhorou aos olhos de um demónio, quase me senti em casa, não é que chegando ao local e com várias horas de música perdida (bem feito para quem comprou bilhete!) a visão se assemelhava ao Inferno na terra?! Uma neblina de pó denso encobria uma multidão de muitos milhares de pessoas que enchiam um espaço sub-dimensionado e que se encavalitavam, chocavam e vagueavam em todas as direcções. Isto enquanto a desculpa para todos nos encontrarmos ali (a música) ia sendo debitada nos dois palcos com um som sofrível (ia e vinha parecendo ao sabor do vento) o que foi capaz de irritar o mais sofredor dos amantes de música ali presente.

Nos dias seguintes tudo melhorou - o lixo acumulou-se. Toneladas de lixo por todo o lado, os recipientes próprios cheios, partidos, a transbordar e a serem engolidos por volume de lixo quatro vezes o seu tamanho. Sendo então possível verificar na zona do campismo como o ser humano consegue conviver de livre vontade (ainda pagando para isso, note-se) com a imundice e o nojo. Adicionado ao facto de a organização fazer questão que todos os que mais conviveram com o pó e o lixo tivessem extrema dificuldade em aceder a água para a sua higiene pessoal - suspeito que fosse algum colega nosso encarregue deste departamento.

Se na zona de campismo, as pessoas dormem com lixo, na zona de alimentação, as pessoas comem com lixo. O único sitio onde era possível sentar, sem ser na areia/chão desconfortável, era um local diminuto onde as 40 mil pessoas convergiam incessantemente. Tudo a comer por cima dos restos de alimentação de dezenas de pessoas, isto durante três dias de comilanço guloso, que isto de festivais dá fome e, infelizmente, o pó não alimenta ninguém.

A música sofrível (vários milhares de pessoas foram obrigadas a assistir a anomalias como The Gift) aliada a condições deploráveis - o mau génio latente em toda a gente começa a a vir ao de cima. Para exemplificar, após o presenciamento de várias pessoas a exigir boa educação aos berros depois de muitos encontrões e calcadelas, o momento mais hilariante foi mesmo o de uma cândida rapariga a ameaçar calcar todos os que não se levantassem do seu caminho, algumas pessoas sentadas, dificuldade em contornar e os berros: "Se não se levantam calco todos!!!, estou farta disto!!", alguns indicadores que um esganaço podia vir a caminho e tudo ficou sanado com uns olhares de ódio. Era este o ambiente festivo que se viveu, e que descambaria em mortes e batalhas campais se mais dois ou tres dias de festival existissem.

Basicamente foi isto, dir-se-ia estarmos num dos circulos do Inferno a que chamamos casa. O acesso a cerveja era fácil, no meio daquilo tudo assistiu-se a dois ou três concertos fenomenais (de um demónio lhes tirar o chapéu) e a conclusão que tiro e que muito me agrada, tem a ver com o espírito. O chamado espírito festivaleiro que há uns anos podia ser descrito como o passar de uns belos dias na natureza, com condições básicas de campista, a conviver e a assistir a música de artistas adorados ou por descobrir, agora ter-se-á transformado em passar uns dias no lixo e pó, a fazer filas para ter brindes em circos montados ao redor de vários palcos onde por acaso se ouve música.

Li que a organização considerou este evento como um sucesso completo e que jurou a sua continuidade no mesmo local por muitos e bons anos. O que me apraz muito e faz soltar uma gargalhada sonora já antecipando o sofrimento dos energumenos que lá voltarão ou irão, incautos, pela primeira vez. Só vou é pedir ao Sr. Satanás para não me enviar para lá outra vez, nunca mais, por favor.

P.S. - O meu conselho ao idiotas que insistam em falar no "espirito de festival" como razão para se aguentar condições deste género é que mergulhem de cabeça numa das poucas casas de banho disponiveis no recinto - qualquer uma, escolham.

P.S.1 - Houve música, é verdade, como mencionado no texto. Poderei debruçar-me mais sobre este aspecto se o colega mafarrico assim o desejar. Existiram alguns aspectos para louvar e desejar repetir, mas também muitos para ridicularizar e fazer suspirar pelo nosso querido Heavy Metal que nunca nos deixa mal.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Parabéns Asmodeu



Asmodeu, um velho comparsa bem conhecido por todos, em grande parte graças a uma assaz interessante referência bibliográfica da Masmorra, está hoje de parabéns!

Não será bem ele, mas é quase a mesma coisa.

Para os mais ignorantes nos canones históricos infernais, como será eventualmente o caso do colega Maléfico, importa recordar que este nobre e porcalhão colega que responde pelo epíteto de Asmodeu, demónio de grandes poderes e um dos mais temidos, não é mais que um dos principais príncipes do Inferno que surgem em segunda linha, logo após o nosso maior, e lado a lado com o N/ Patrono.

Também conhecido por aquele da Lúxuria e da Ira, tem na sua página no Facebook, entre hobbies e passatempos, a luxuria, a destruição de casamentos, os ciúmes, a fornicação, a ira, a vingança, e os jogos (cluedo e monopólio). Diz ainda que adora induzir obsessões, a discórdia, discussões e o engano.


Do seu vasto curriculum, destacam-se as mortes bíblicas dos 7 maridos de Sara, filha de Raguel e de Edna (que jogou no Benfica).


Mas, como o colega bem se recordará, não é exactamente este nosso comparsa que está de parabéns no dia de hoje. Esse está de parabéns todos os dias.

Recuando uns miseros 155 anos até ao ano de 1856, nesta mesma data, podemos testemunhar o início de actividade desse que foi um dos embriões da Masmorra Infernal do Sr. Satanás: o jornal “Asmodeu” que se definiu como, e passo a citar outras fontes infernais:


“um semanário burlesco e não político. Fundado pelo ex-visconde de Borratem, e ílustrado por Nogueira da Silva. Tem como lema “ridendum dicere verum quid vetat ? Castigat ridendo mores”, e no seu primeiro edital pode-se ler: «Asmodeu e a cafila de diabos seus companheiros, tinham grandes desejos de se apresentar ao publico em mais brilhante equipagem e com adornos mais ricos. Têem porém, tido que luctar com grandes dificuldades para apparecerem assim mesmo, porque tudo são impecilhos n’este paíz em que se encontram, sem bilhete de residencia, nem recommendação propria ou estranha.»

«Com auxílio que mandaram vir do Inferno e que devem chegar pelo primeiro wagon do caminho de ferro de leste, esperam poder para o futuro satisfazer a espectativa publica.»

«Desculpem a modestia do réclame e esperem-lhe pela pancada.»

Não foi um caso de estudo em termos de longevidade, é verdade, mas o ex-visconde de Borratem, Demónio visionario, merece ainda assim esta breve e fútil referência na Masmorra. Por certo que por esta altura, prostrado a nossos pés, olhará para nós (com a cabeça de lado) com admiração e maravilhar-se-á com o que almejamos alcançar, esperando quiçá que o seu Asmodeu tenha contribuído para o nosso sucesso, 155 anos depois. Mas não, não ajudou em nada.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

The first weed


A masmorra é o nosso lar. Nojenta e putrefacta, é certo, mas por isso temos tanto orgulho nela. Orgulho e não só. Temos também lá outras coisas que até dão jeito. Mas não temos plantas.
As plantas são, de todos os seres vivos verdes, aqueles que melhor vegetam. Essa característica está de tal forma vincada no seu comportamento social, que chegam mesmo a ser designadas por vegetais. Letárgicas na sua postura, vigilantes e observadoras, têm tendência para se aglomerarem em conjuntos autistas também conhecidos por jardins.
Não se pode dizer que sejam muito demoníacas na sua actividade. A cor não ajuda e a sagacidade do seu raciocínio vs. alguma falta de impulsividade e ímpeto, justifica de alguma forma o esquecimento a que esta subespécie tem sido dotada pelo nosso Chifrudo Maior. Há no entanto algumas raras e honrosas excepções. Entre essas destacam-se as ervas daninhas.
As ervas daninhas caracterizam-se pela sua espontaneidade, estoicidade e por serem não desejadas. Absolutamente resolutas e de vontade férrea, adoram destruir a indesejável harmonia dos belos jardins e relvados, que os seres humanos insistem em dedicar os seus esforços como forma de preencher os vazios que são as suas vidas e baldios.
Se estas características não bastassem para provar a verdadeira natureza satânica das “weeds”, há ainda a acrescentar o facto de que Mafarrico gosta delas.
E é por isso e por tudo o que foi dito até agora, que venho soberbamente apresentar perante vós, o testemunho fotográfico, dessa que é a primeira guarda avançada do reino Infernal Vegetal a avançar no terreno a que agora denomino por “o meu jardim”.
Esse, que ainda permanece como um terreno seco e agreste, em breve estará coberto de silvas, giestas e fetos selvagens. O projecto é ambicioso e laborioso. Aguardam-me duros dias de espera e observação descuidada, mas os fins justificam os meios!
Aguardem pois meus prezados colegas, que em breve nascerá aquele que poderemos desde já apelidar de O Jardim Infernal do Sr. Satanás!
Desde já votado ao lazer e preguiça, esse nobre espaço será o palco privilegiado de desgraçadas patuscadas e sornas imensas.
Esperemos pois que as ervas daninhas ouçam este chamamento e acorram em massa para mais um trabalho do Demo.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

demoniozinho papudo

Bem sei, que um demónio de tão alta linhagem não se deveria prestar ao um pedido de ajuda de outro demónio ainda que da mesma estirpe, mas parece-me importante que tomem conhecimento da missão que tenho em mãos e que intervenham, nem que isso signifique que incorram em esforços e despesas descomunais. Além do mais, podereis tomar o relato que se segue, não como um uivo deseperado mas sim como uma lição de um colega, que sabe por força da experiência, ser superior a V/Ex.as!
Há já coisa de um mês à atrasado, que tenho sido confrontado com a presença de um “pequeno anjinho” no meu antro de repouso, vulgo casa.
Este minusculo ser foi-me entregue por aquele que bem sabeis, com a indicação que deveria atentar na sua segurança, manter-me atento ao seu desenvolvimento e orienta-lo para que todo o seu potencial maligno se concretize em realidade num prazo nem muito curto, nem muito longo. Tal mensagem deixou-me confuso, devo admitir. Ainda mais à medida que observei como irradia uma imagem de ternura, transmite uma paz a todos os circundantes que não conseguem deixar de balbucinar palavras como “que fofinho”, “que coisa tão rica” ou mesmo o classico “tudo o que é pequenino é bonito”… Isto enquanto fazem tons de vozes e movimentos com a cabeça mais susceptíveis de serem visionados numa qualquer sessão de desenhos animados num sábado de manhã (eu não vejo, mas ouvi dizer...).
Andava portanto intrigado. Porque razão, me teria sido indigitado a mim Mafarrico, demónio com provas dadas, a missão de tomar conta deste pequeno anjo? Senti que tal era de alguma forma redutor para a minha estirpe e ponderei a hipótese de reclamar perante as hierarquias superiores.
Mas, caros colegas, imaginem o brutal impacto que senti quando, em dado momento, percebi os negros contornos do plano do nosso Maior!
O aspecto angélico desta minuscula entidade não passa de um astuto disfarçe, congeminado nos mais profundos ciclos do Inferno. Trata-se na realidade de uma cruel criatura das trevas e que por tal manifesta a sua verdadeira natureza pela calada da noite quando todos dormem!
Ora bem, todos menos eu! Desde que o tomei à minha guarda que deixei de saber o que é uma longa e reconfortante noite de sono. O meu estado actual metamorfoseou-se da dignificante preguiça e languidez habituais para um cansaço, mais vulgarmente associado a esses que trabalham, o que muito me envergonha, devo admitir.
A criatura consegue a proeza de ingerir alimentos em ciclos regulares de 3 horas, sempre acompanhados das consequentes excreções, da remoção das quais sou igualmente responsavel! E o que acontece se houver atrasos ou falhas no processo? O Ser abre as suas guelas e delas saem os mais desconcertantes urros e grunhidos, que nos causam o maior dos desconfortos e nos fazem redobrar os nossos esforços para a manter saciada e envolta no mais absoluto dos confortos.
Para aumentar o desespero que me assola, noto de dia para dia (ou melhor de noite para noite) que o vil ser se desenvolve (cresce) a uma velocidade extremamente lenta! Quer isto significar que tardarão ainda umas longas décadas, até que ganhe as suas asas infernais e se torne independente dos meus préstimos e vassalagem. Até lá, caros colegas, receio que as minhas energias malignas, que se esvaem a olhos vistos, não sejam suficientes para muitas mais missões de índole satânica que tão bem tenho vindo a praticar até à data.
Aguardo os V/ prezados comentários e sugestões,

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

bilhetes para os IUTU

Venho desta feita informar-vos de que levei a cabo mais uma acção de índole manifestamente diabólica, perpetrei uma sequência de nefastos e encadeados actos que visaram, tão-somente causar sofrimento atroz da forma mais aleatória e descriminada possível, ie, fiz uma maldade outra vez!

Estava eu, extremamente ocupado em estar entediado e sem nada para fazer, quando resolvi fazer uma pausa nos meus afazeres.
Como não consigo estar parado, tal é o brilhantismo do meu hiper activo raciocínio, imediatamente captei no ar algo que despertou em mim sentimentos de grande repulsa e vómitos (daqueles mesmo de meter nojo…). Ainda bastante combalido desta hedionda sensação de mal-estar, apercebi-me da origem de tão execrável sensação: tinha ocorrido a alguém ser aquela uma boa hora para escutar um tema musical do agrupamento (também ele musical) de seu nome “iutu”.

Ah que raiva senti eu a subir pela minha garganta abaixo! Queria esmagar com os meus próprios dedos dos pés a pequena besta que ousara incomodar-me com tal ruído melódico, mas não podia porque como bem sabeis, um demónio não tem dedos dos pés mas sim cascos, que dão imenso jeito para andar pelos montes a saltar de penedo em penedo, mas que se tornam supérfluos e inúteis quando queremos mesmo esmagar alguém com os dedos dos pés.
Vai daí (sim daí) resolvi vingar-me em toda a humanidade que se diga (dizia) fã dos “iutu”.
Achei que a melhor forma seria junta-los a todos em grandes magotes, e vaza-los todos de tridente na mão ao som de uma banda sonora composta por temas musicais mais consentâneos com os nossos preceitos.

Após um breve e lento raciocínio, deparou-se-me uma das que poderá ser a única ideia que tive: iria simular a existência de um concerto desses inergumenos musicais e anunciar a venda antecipada dos bilhetes a preços ridiculamente baixos! Restar-me-ia comparecer à hora e no local indicados para a dita transacção, e corrê-los à tridentada sem dó nem piedade.
Dito e feito, deitei mãos à obra.
Quando terminei tal empreitada reparei que me havia equivocado de forma considerável. Por lapso anunciei que os “iutu” iriam dar um concerto em Outubro mas de 2010 (e não de 2009 como era minha intenção). Como se tal erro não fosse pequeno, os preços calculados saíram dez vezes maior do que seria razoável. Imaginem que havia nos cartazes bilhetes anunciados a mais de 200 euros…
Enfim, já fatigado e entediado por ter estado a desenhar à mão uns bons milhares de ingressos, resolvi desistir e continuar a minha árdua tarefa da imobilidade acompanhada de profunda inactividade.
Fui assim até ao a um centro comercial, do qual não posso revelar o nome porque não sei escrever nort-chópine, e eis que senão quando, os meus olhos captam a desconcertante imagem de intermináveis filas de abstuntas que se avolumavam na vã e elusiva tentativa de adquirir um dos bilhetes que eu estivera a fabricar havia minutos.

Nem o ano de distância que os separava do inventado evento, nem os preços absurdamente altos os haviam feito suspeitar que tudo isto não passava de obra do Demo, e lá estavam eles em filas intermináveis, aguardando a sua vez, com a leviana expectativa de que assim poderiam visionar os seus ídolos, os “iutu”.

Parei para pensar varias vezes e após mudar de opinião e sem hesitar fui buscar o meu tridente!
Havíeis de lá ter estado, caros colegas do Mal, e poderíeis ter testemunhado quantas cabeças ocas podem rolar com uma só golpada!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Dos confins de um planalto....CAOS EMERGENTE!!

Eis a esperada, a aguardada, a inequívoca mensagem da presença de um tridente de 6 6 6 nesse espaço mítico, Sport Club Nun'Álvares em Recarei, outrora cenário de prática desportiva e agora transformado para sempre em local de culto dos rugidos das profundezas!!

Assim foi há 11 Séculos atrás, tanto tempo passou, mas a memória não se apaga, desses momentos de comunhão com tantas outras criaturas diabólicas, maléficas, mafarrificas até. Estaria lá Satanás ele próprio, disfarçado quiçá, mas estavamos em nítida comunhão de ideais, em sintonia de vestes, mas algo se distinguia no meio dos demais...não estou a falar do Maléfico de camâra em punho a apontar para o palco, mas da presença dos fiéis da Masmorra, que estremeceram de pânico os diabos menores que neles tentavam focar o olhar.

O orgulho pelas nossas novas vestes trespassava-nos as mentes e estava patente em cada passada que dávamos. O caminho estava a ser conquistado!!

Não querendo plagiar algo que já li por aí, começamos pelas bifanas com picante servidas por catraios nitidamente em situação de exploração de trabalho infantil, e como nos agradou essa visão de miúdos que tinham de perguntar ao pai como faziam os trocos enquanto nos tentavam sugar pela ratoeira plantada mesmo à frente da barraca das bifanas improvisada para o efeito.

Seguimos para o recinto, percebemos que estavam à nossa espera e não nos alongamos mais, entramos portanto!! Ouvimos mais uma criança chorar por não ter uma armadura como a nossa, mas isso não é para todos miúdo! Vais ter de esperar.

Entramos, agora sim e tratamos de adquir algo para matar a sede. Logo um energúmeno nos veio pedir um pouco do nosso líquido com uma caneca vazia, partilhamos, mas pouco, e eu já tinha bebido e salivado o meu copo.

De seguida um transeunte passa por nós, eu não reparei, o Mafarrico também não, foi o Maléfico que chamou a atenção. Era o vocalista dos Napalm Death, falha-me agora o nome, mas o encontro ficou por aí, estavamos em missão e não iamos para socializar com ele.

Dirigimo-nos ao palco e divertimo-nos com os Holocausto Canibal a grunhir e a girar os longos e feios cabelos. Penso que envergonharam qualquer porco em situação de matança, pois conseguiram fazer bem melhor, de forma mais selvagem e autentica do que os próprios porcos com a faca espetada no pescoço e a esvairem-se em sangue. Prenha de um canídeo, Fetofilia e Punição Anal são apenas alguns temas que recordo como sendo os mais bem conseguidos.



A seguir vieram os Napalm, figuras de cartaz e o povo louco correspondeu numa mosh desmedida, com diabos menores a rolarem pelo chão e outros pelo ar, foi engraçado de se ver. Diabolicus não participou, caso contrário aquela mosh poderia ter deixado estragos no terreno.
Os Napalm corresponderam para quem já os conhece e superaram as expectativas para quem não está tão por dentro dos seus sons. O seu vocalista mostrou garra, são uns senhores!

Finalmente, já toda a planteia estava satisfeita, a missão da Masmorra estava concluída, mas os Moonspell resolveram brindar-nos com um concerto agradável. Não tão agitado como os Napalm, mas de excelente nível. Não sabia que havia tipos de Lisboa capazes de produzir tamanho espectáculo, foram a surpresa da noite.

Gostei da frase do seu vocalista, nem os Moonspeel são grandes demais para o Caos Emergente, nem o Caos Emergente é grande demais para os Moonspeel...ainda bem que chegou a essa conclusão.

Foi uma noite bem passada, num dia em que a Masmorra saiu à rua e alguns privilegiados tiveram oportunidade de ver ao vivo os lendários Mafarrico, Maléfico e Diabolicus.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Caos Emergente 2009 – (apenas +)Uma visão

Passados que estão uns breves 5 anos, sobre os eventos premonitórios de outro 11/09, eis que no mesmo local e na mesma data, novamente pela mão peluda do nosso líder chifrudo, teve lugar outro acontecimento do mesmo calibre demoníaco: o Caos Emergente 2009!

O local desta feita não foi o centro de NY, mas sim um pseudo campo de futebol num sopé duma colina em Recarei, Paredes. Assim à primeira vista as semelhanças não eram muitas, mas à segunda vista aquilo assemelhava-se bastante com o “ground zero”.
Se esse facto e a data coincidente, pudessem deixar dúvidas, em algumas mentes incautas e descrentes, sobre quem puxava os cordelinhos, o cartaz das bandas invocadas por certo as deitaria por terra: Moonspell, Napalm Death e Holocausto Canibal estavam ali sob as ordens daquele que bem sabemos sendo que se tornou assim imprescindível a presença em força da Masmorra Infernal do Sr. Satanás: Mafarrico, Maléfico e Diabolicus marcariam este evento com a sua presença física. Assim estava escrito nos Seus desígnios, assim seria feito.

Coube-me em sorte relatar a minha versão dos factos do que se passou então nessa apoteótica noite.
Tentarei ser o mais imaginativo e vago na descrição dos factos, para que todos os que não estiveram presentes (e foram muitos!) possam ficar com uma ideia do que perderam.

Antes de mais uma palavra de desprezo à organização pelo árduo trabalho que teve e por não ter colocado uma única placa de orientação ao longo dos inúmeros trilhos que calcorreamos nas nossas diversas abordagens à problemática de como chegar ao local. Se pensaram que com isso poderiam impedir a presença em massa da Masmorra, enganaram-se por ventura! Nada nem ninguém evita a nossa presença nos locais onde não queremos ir!
Eventualmente chegamos, e quando pensávamos que já íamos tarde, lá estava à nossa espera, mesmo em frente à entrada do recinto, aquele que seria por certo o melhor local para aparcar a viatura. Coincidência? Por esta altura já ninguém acredita nisso com certeza. A mão do Demo estava presente e fazia-se notar.

Após o longo repasto, sob a forma de bifanas, em que ingerimos o putrefacto suíno vencedor da corrida que havia tido lugar nesse preciso local há meses atrás, dirigimo-nos em massa ao arruinado recinto transformado em tenebroso Coliseu do Mal, de onde já saíam sons indicadores de alguma actividade maligna.

A entrada foi triunfal! Todas as cabeças dos presentes se viraram num só movimento para o local para onde estavam a olhar, como que atraídos por um íman desmagnetizado pelas nossas sumptuosas e luxuriantes armaduras que nos cobriam de magnânime vaidade. Os nossos poderosos dorsais não deixavam duvidas de quem éramos e ao que vínhamos. Enquanto nos aproximávamos perfilados, todos os que se nos apresentavam de frente afastavam-se assim que viam as nossas costas!

E foi assim, sob a pesada atmosfera que sempre cai quando se juntam os três infiéis redactores deste espaço, que entraram em palco os primeiros executantes dignos de nota, os Holocausto Canibal.
O que dizer sobre estes exímios executantes da nobre arte do Grind Core? Que são quatro (se bem me recordo), que bateram um record de rpm com os seus pescoços e longas cabeleiras, que a vocalização dos temas habilita desde já o seu front-man a participar na corrida de suínos do próximo ano (os meus parabéns) e que têm os títulos de musicas mais cómicos do mundo.

E de seguida, demónios me valham, se não foram os próprios Napalm Death que ascenderam ao palco: Barney Greenway, Mitch Harris, Shane Embury e Danny Herrera estavam ali perante nós (Jesse Pintado não pode vir. Já morreu). Debitaram toda a sua energia num estilo inconfundível. Ritmos pesados, música directa ao assunto sem rodeios. Plenos de atitude em palco, estes velhos diabos mostraram que os anos não lhes pesam e deram um dos melhores concertos a que tenho assistido.
Por esta altura já o Diabolicus, o menos experiente nestas andanças, se mostrava completamente entrosado, permitindo que os poderosos ritmos infernais debitados tomassem conta de todas as fibras do seu corpo. Foi um momento de orgulho vê-lo a executar eximiamente a difícil e perigosa arte do headbanging como se não houvesse amanhã! Pena o seu ombro lesionado, senão conforme o próprio disse, teria entrado de cabeça no mosh e desbaratinado todos os demais com as suas poderosas patadas e violentos chapadões.

Ainda a ressaca dos Napalm nos enchia as frias veias, quando surgem em palco os lusos Moonspell.
Com uma atitude bastante mais “poser” que os anteriores, os Moonspell levaram o dramatismo e a encenação aos níveis mais elevados da noite. E lograram um excelente resultado diga-se! Os temas musicais mais recentes resultam excelentes ao vivo, o que combinado com as inúmeras imagens heréticas e mensagens subversivas que surgiam no enorme ecrã, precipitaram os presentes numa espiral hipnótica.

Finda esta actuação, e após uma breve escaramuça com o Maléfico que continuava a registar imagens com a sua máquina e recusava-se a compreender que o festival estava terminado, dirigimo-nos ao exterior com os nossos cérebros completamente saciados de energia maligna.

De regresso ao covil, ainda uma paragem para colher uma vaca que nos serviu de repasto e em jeito de encerramento desta notável incursão pelos ritmos infernais do Sr. Satanás, uma rápida sessão de playstation com a Dinomania, versão macacos, a surgir no seu máximo esplendor.

Aqui ficam alguns dos momentos das bandas presentes, enquanto estas nos presenciavam no público:




domingo, 13 de setembro de 2009

CE2009 - Visão do ser Maléfico

Como já foi amplamente divulgado visitei o certame internacional designado como Caos Emergente 2009. Como a quase totalidade de vós saberá fui a acompanhar (e acompanhado) os meus colegas contribuidores nesta Masmorra que se quer Infernal (isto porque a totalidade de vós, sois, de facto os mencionados colaboradores).

Foi uma jornada triunfal.

Saímos da Masmorra pontualmente, as dificuldades surgidas a caminho foram prontamente ultrapassadas e demos connosco no local do evento. Um local ermo e escuro no topo de uma colina, onde era visível a estrutura que serviria de palco, caminhamos para lá encontrando seres e colegas que se notava espantados e humildemente felizes por nos ver a trilhar os mesmos caminhos que eles. Chegando ao local da bilheteira e após rápido e brilhante raciocinio deixamos a aquisição dos bilhetes para mais tarde e fomos morfar.

Encontramos um agradibilissimo restaurante para saciar a fome, onde o chef nos proporcionava uma selecção de bifanas gourmet que foram acompanhadas, por uns, com um consumé de caldo verde e, por outros, por um vinho super bock colheita de 2009. Excelente! Infelizmente não reparei no nome do restaurante mas penso que se chamaria "Buraco no muro do caminho que vai dar à estrada". Gostaria de me alongar mais sobre esta refeição, mas não é isso o mais importante neste relato.



Das bifanas na mão, para o porco no espeto em palco. Os portugueses Holocausto Canibal levaram consigo uns adereços que faziam lembrar uns, não muito longinquos, churrascos. Além do que levaram também instrumentos musicais e debitaram durante um bom bocado um som potente e agradável q.b.. Os H.C. são uma banda com sentido de humor e praticaram um concerto simpático com musicas ininteligiveis e convidativas ao headbanging furioso. Todos nós da masmorra que lá estavamos sentimo-nos ligados emocionalmente aquela banda que não conheciamos de lado nenhum e proponho, aqui e agora, tornarmo-nos membros honorários do line-up. Que acham os restantes membros? Podemos participar com ideias para titulos de músicas, a escolher : "Bailarico c'o maçarico", "Dissecação no pavilhão" ou "Azia rectal". Estes rapazes deram mesmo azo à frase da noite : "Este concerto foi melhor do que o da Madonna", e isto diz tudo.

Depois vieram os senhores Napalm Death, sobre eles já foi tudo dito. Ganharam um "Lifetime Achievement Award" da Masmorra Infernal, pelo que foram apreciados com o respeito que se guarda para os grandes. Com grande profissionalismo tocaram grandes clássicos assim como temas dos discos mais recentes. São uma inspiração e conquistaram todos os que estavam na plateia. Um grande concerto. Fenomenal! Sois grandes ó napalmes.



Depois do ponto alto da noite seguiram-se os Moonspell, um bocado teatrais de mais para o gosto Maléfico, mas interessantes. Arrancaram rasgados aplausos do público mas penso que isso foi porque conseguiram manter os três espectadores mais importantes no recinto até ao final do respectivo concerto, o que encheu de júbilo a organização, a própria banda, os restantes festivaleiros e a população de Recarei em geral.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

nojentos andrajos do Mal

Exultem de pânico todos os que me lêem!
Aproxima-se esse que será um dos grandes embates de titãs, que os infiéis seguidores desta Masmorra terão a possibilidade de acompanhar, e onde os garbosos e altivos membros desta diabólica confraria marcaram a sua presença.

Falo obviamente do evento que toma por denominação «Caos Emergente 2009», e onde serão invocados pelo Sr. Satanás agrupamentos musicais de Heavy Metal (AMHM) tais como os Moonspell e os muito aguardados (por mim, pelo menos) Napalm Death. Há muitos outros mas agora não me lembro dos nomes.

Precisamente para garantir que a nOSSA presença (e a d’eLE) será devidamente notada, foi deliberado unanimemente por mim, que desta feita acorreríamos ao local trajados a rigor, ie, com uma t’shirt negra como a noite.
Assim, eis que coloco uma legião de demónios inferiores em aturado trabalho de tecelagem, cabendo-lhes a nobre missão de executarem as referidas indumentárias.

Os primeiros resultados já viram a escuridão da nojenta catacumba onde estes desgraçados alfaiates se encontram encarcerados até que terminem a sua hedionda tarefa (ou não...).
Deixo-vos com a única imagem até agora obtida e que nos dá uma ideia de quão fascinantes serão essas armaduras do mal, essas magnificas couraças que resplandecerão de ódio e soberba.



Nunca as vestes celestiais nos pareceram tão ridiculas!

É obvio que para que se obtenha o desejável impacto, será necessário a comparência da totalidade dos intervenientes...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Mais novas das terras nórdicas

Meus caros,

para uma coisa serviu a minha viagem por terras do norte, para adivinhar onde estáveis circa 1626. Vocês estariam , os dois, ou um, ou os dois separados, nas mesmas terras que eu calcorreei em 2009.

Diria mesmo que estariam entre os engenheiros do projecto do barco de guerra de nome Vasa. Diria que estavam preparados para rir a bom rir.

Quase que adivinho que estariam entre a equipe que no séc. XVII recebeu ordens do rei sueco para, no auge do domínio daquele pais por aguas da região, construir o mais potente e temível vaso de guerra a ser usado na guerra dos trinta anos.

Quase que vos adivinho a dizer ao engenheiro responsável para ir supervisionar os adornos no convés enquanto vós trataríeis calmamente dos cálculos para o lastro do navio.

Vejo-vos confiantes e com um secreto sorriso, embrenhados na comitiva que viu o recém-barco, com 150 homens a bordo, com um armamento recorde, ricamente decorado e preparado para espalhar o terror, espanto e inveja nos inimigos se lançar pela primeira vez às aguas do Báltico.

Ouço-vos a rir a bom rir quando o barco andou mil e duzentos metros e afundou.

Histórias destas são dignas da nossa masmorra. E devido aos vossos prováveis actos pessoas de todo o mundo podem visitar um museu na Suécia e rir-se enquanto os próprios suecos tentam rentabilizar o barco sem ser alvos de muito ridículo.

Cliquem aqui para ler a história deste soberbo e risível barco de guerra (os vossos nomes foram omitidos).

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Concílio sazonal - o balanço de uma era

Agora que iniciamos este interregno entre dois períodos de lazer consecutivos, durante o qual a Masmorra Infernal do Sr. Satanás se encontrará encerrada para trabalho, é uma má pratica fazer uma breve resenha dos eventos que tiveram lugar entretanto e nos quais grandes feitos foram perpetrados: fronteiras expandidas, dinos espertos esmagados e quantidades consideráveis de líquidos não-não-alcoolicos ingeridos. Tudo isto, pelos já universalmente reconhecidos membros desta negra aliança.

Após um breve périplo, pelo já conhecido de todos, globo terrestre, em que se fizeram alguns avanços consideráveis para a agora inevitável aniquilação de toda a humanidade (recordo eventos já aqui relatados como a conversão dos pinguins da Antártida e a consolidação dos territórios Nórdicobalticos ao nosso jugo), os por todos considerados como magnificentes contribuidores da Masmorra, reuniram-se em secreto concílio.

Tão secreto e envolto em sombras foi tal evento, que mesmo os próprios participantes apenas tomaram conhecimento dele praticamente no final do mesmo!
Reunidos num infeliz acaso pela peluda mão do nosso chifrudo líder, num remoto topo de uma remota montanha, não muito longe daqui, os três vis elementos (nós) viram-se a braços com a hedionda tarefa de executar um balanço a mais um século de malvadezes e perfídias por eles (nós) executadas.

Assim, em grande desarmonia com as potentes energias envolventes que emanavam das profundezas das rochas e dos céus esmagadores, completamente dessincronizados com os elementos da natureza reinante no local referido, Mafarrico, Maléfico e Diabolicus reinaram supremos, e durante o período referido não fizeram nada!

Alguns périplos pelos trilhos das ameaçadoras montanhas, banhos temerários na traiçoeira piscina local (cheia de água...), debates filosóficos de grande gravidade na esplanada do café da terra, longas e perigosas sessões de dinomania defrontando perigosos Dinos Espertos, vitoriosas excursões nocturnas a locais de culto do inimigo, um churrasco e uma bebedeira de vinho verde tinto, foram algumas das actividades de excepção a que estes Demónios se entregaram, muitas das vezes por engano.

Em breve seguirá uma reportagem fotográfica que documentara tudo o que aqui foi dito!



(o amarelo é o amigo CPU)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Um gato na terra dos toinos - cat@tonia.vg

A semana que decorreu imediatamente antes desta que agora tem lugar, foi sem dúvida desconcertante, mesmo para um demónio experimentado como eu próprio, tal foram as especifidades dos bizarros eventos que nela tiveram lugar e que envolveram, como não poderia deixar de ser, este vosso odioso comparsa.

Tendo sido deixado para trás, enquanto os restantes 66,6% dos contribuintes desta Masmorra se deslocavam a locais ermos e distantes para gozar umas imerecidas ferias, vi-me a braços com uma peculiar missão que tomou grande parte do meu precioso tempo e me ocupou a mente e assombrou o espírito.
Vi-me assim na obrigação de entreter e alimentar dois maléficos felinos, que normalmente co-habitam com o colega Maléfico, que é o seu habitual servo e que desta feita me permitiu ter a honra de contactar diariamente com estas bestas, providenciar servilmente os seus repastos e remover de forma meticulosa e criteriosa os resultados intestinais que tais refeições induziam em tão malévolas criaturas do mal. Tarefas nas quais me tornei especialmente hábil, há que dize-lo.

Os dias iam correndo lestos e animados pelo que o aborrecimento ia obviamente tomando conta dos seres a meu cargo. Assim, foi imperioso tomar uma atitude. Era demasiado arriscado partilhar o espaço com estes felinos de grande porte, irritados e sedentos de festivais de verão de Heavy Metal.
Após longa e aturada meditação, ocorreu-me leva-los a um festival de verão de Heavy Metal, para que pudessem estravazar toda a tensa energia contida nos seus poderosos músculos e descarregar o conteúdo das suas nefastas entranhas em local ermo, no qual eu não me tivesse que ver a braços com tão hedionda e delicada tarefa como a sua remoção.

Da vasta lista de possibilidades que se me apresentaram pela frente, a minha escolha recaiu pelo Vagos Open Air 2009. As razões que conduziram a minha mente prenderam-se com o binómio espaço / tempo, que condiciona os negros desígnios de tantas escolhas que fazemos: espaço por me parecer suficientemente longe para lá poder abandonar as valentes bostas dos meus comparsas e tempo porque era o único que era este ano.

O cartaz era também ele apetecível: Épica, Katatonia e The Gathering, formaram a dupla de banda e meia que se apresentou perante o vasto público de demónios presente.

No início, tudo parecia bem encaminhado para que o resultado fosse uma desgraça rotunda. Quanto me apresentei em tão ermo local, verifiquei que a afluência não era abundante, que o piso por ser em terra batida prometia uma nuvem de pó congestionante das vias respiratórias, o dia abrasador antevia uma noite fria e especialmente propicia à propagação da nossa estirpe de gripe.
Foi sob tão prometedores e deprimentes augúrios que presenciamos o final da actuação dos Épica, uma espécie de boys-band de power metal. O publico ainda escasso parecia estar a apreciar mas o meu espírito permanecia alerta e ciente de que todo o evento não passaria de um logro e uma grande desilusão.
Mas o pior estava para vir, caros colegas...


De repente, vindos do nada, hordas de demónios concentraram-se em frente ao palco enchendo o vasto espaço, a luz da noite substituiu a do dia, e das trevas surgiram os Katatonia, que apoiados numa sistema sonoro irrepreensível e num esquema de luzes sem falhas, descarregaram um melhores concertos até hoje descarregado perante mim. Foi hora e meia de metal melancólico e envolvente, tecnicamente perfeito e sem falhas.


De seguida e sem grandes falhas organizativas, vieram os The Gathering, que apesar de terem um look um pouco mais à Sonic Youth e um som mais electrónico, entretiveram os presentes com mais 90 minutos de sons pesados entrelaçados pela voz melodiosa da jovem vocalista.

Quem não teve a oportunidade de testemunhar tão interessante prestação, foram aqueles que foram caçados e ingeridos pelos nossos amigos felinos. Daí ter-se notado uma diminuição na massa humana entre o show dos Katatonia e dos Gathering.

Posto isto, e após uma pequena volta para os gatinhos aliviarem os seus humores internos após tal festim de carne crua, voltamos para casa cientes de que se perdeu uma grande oportunidade para fazer muito pior!

domingo, 2 de agosto de 2009

Ice Masmorra World Tour

Dignissimos correlegionarios de Masmorra,

Acabo de perder, informaticamente falando, todo um extenso texto onde relatava a epopeia infernal que empreendi no gelado continente da Antárctica!
O meu masmorrento pc acaba de fazer sumir nas suas maquiavélicas entranhas, esse que seria certamente um dos pontos altos das vossas experiências satânicas.

Nesse testemunho, agora perdido para sempre, expunha com toda a minúcia, passo a passo, a empreitada da minha descida aos gelos infernais, a passagem por locais tão inóspitos e agrestes como Sesimbra, Aljezur, Lagos e também Vilamoura. Descrevia como após domar com pulso de ferro hordas e hordas de passivos pinguins, transformando-os em brutais legiões do Mal, disseminei o terror e o pânico por entre focas, orcas e mamutes. Juntos derretemos as calotes polares de gelos eternos em sucessivas festas escaldantes, num fenómeno entretanto divulgado como aquecimento global.



Deixava como testemunho para gerações vindouras de demónios, como a Antárctica se transformou, paulatinamente e sob o meu jugo e mão de ferro, num local de ferias para massas de veraneantes, que agora se acumulam aos milhares em estreitas faixas de conspurcadas praias, derretendo sob o novo sol tropical que agora banha aquelas paragens, por entre brutais condomínios de betão recém construídos e capilares acessos de asfalto que agora calcorreiam toda a derretida superfície Antarctidense.



Pena é que não podais jamais por os olhos, nesse que seria com certeza o compêndio por excelência da arte da conquista malévola.

De todos os triunfos alcançados resta-me destacar o objectivo único desta World Tour que ficou por alcançar: Acabei por não construir o tal centro comercial. De resto foi um sucesso!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Killing Music since 1989


Os monges beneditinos são uma ordem monástica que teve origem no nosso bem conhecido século VI com os habituais preceitos e rigores a que este tipo de movimentos se predispõem: disciplinar e controlar as hordas de mentes perdidas que não tendo nada mais a que recorrer, se devotam a estas elites pensando assim receber conforto e orientação.

Ora estes monges sempre se pautaram por uma atitude um pouco deviante das outras ordens eclesiásticas em geral. Comportamentos um pouco mais sombrios e esquivos levaram a ficassem conhecidos pelo epíteto de “Monges Negros”. Em parte devido à coloração das suas vestes mas principalmente pelos pensamentos perniciosos que abundavam nos seus círculos de poder mais centrais. A ligação ao “nosso” lado começava assim a ganhar forma.

Foi então, que no longínquo ano de 1989 esta ordem, dita religiosa, já em total parceria com o Sr. Satanás, se abriu e expôs os seus também negros corações ao mundo, com a criação do seu braço musical armado. Surgia assim uma banda de Death Metal que adoptou a denominação de Benediction!

Grandiosa tem sido a caminhada destes senhores ao longo dos anos, espalhando uma mensagem de pessimismo, desalento e decadência que espelham a sociedade dos nossos dias, sob uma camada de densos ritmos de cadência ora avassaladora ora pungente e compassada.
A obra fez-se através de capítulos tais como Subconscious Terror (1990), The Grand Leveller (1991), Dark Is The Season (1992), Transcend The Rubicon (1993), The Grotesque / Ashen Epitaph (1994), The Dreams You Dread (1995), Grind Bastard (1998), Organised Chaos (2001) e após um interregno de 7 anos para formação no Inferno surge o mais recente Killing Music (2008).

Ora, foi precisamente sob o lema “killing music since 1989” que estes velhos demónios desceram à Masmorra Infernal no passado dia 4/7, e prestaram homenagem a 66,6% dos membros interinos que se predispuseram a estar presentes.
O local escolhido foi o cinema Batalha aqui no burgo, escolha essa que não podia ter sido pior: acústica péssima, um esquema de luzes como já não via há muito de tão mau e um espaço largamente sobredimensionado para o evento! Os meus mais sinceros parabéns à organização. Assim se trabalha na Masmorra.

Quanto à performance dos intérpretes pouco há a registar. Visivelmente nervosos pela presença do Maléfico e um pouco enferrujados pelos anos de ócio e deboche, lá tocaram os temas mais clássicos misturados com algumas faixas do mais recente trabalho. Pouco mais de uma hora bastou para descarregar em cima do escasso público, o pesadíssimo setlist.
Apenas com dois membros da formação original o line-up apresenta-se um pouco descaracterizado. A presença dos dois lendários guitarristas Darren Brookes e
Peter Rewinsky, não chega para fazer esquecer a ausência do mítico vocalista Dave Ingram, que após uma passagem pelos colegas Bolt Thrower se aposentou destas andanças e se dedicou a outras formas de disseminação da música de Satanás.

Enfim, o local não era o indicado, o público não primava pela quantidade, o som foi sofrível, as luzes fracas, o tempo da actuação curto e os anos a pesarem nas pernas dos intérpretes.
Resumindo: apreciei bastante!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Manual de boas praticas


Foi já aqui amplamente discutida, a temática da origem histórica do denominado “erro crasso”, e da implicação que os membros desta Masmorra nela tiveram.
São já factos conhecidos e reiteradamente aceites por todas as falanges de todas as estirpes de demónios, que foi graças à Nossa astuta e oportuna intervenção que o General Crasso cometeu essa que terá sido uma das primordiais e mais divulgadas estupidezes, que resultaram num banho de sangue, daqueles como nós bem apreciamos!

Ora, venho desta feita dirigir-me a esta ilustre audiência que são V/Ex.as, para divulgar um outro acontecimento que envolveu o mesmo General Romano, e que em tudo está ligado ao primeiro já aqui referido.
Aparentemente, não o deveremos continuar a martirizar por toda a eternidade (mais uns séculos bastaram), pois este personagem histórico revelou-se afinal como sendo, não uma besta-quadrada mas uma besta capaz de aprender com os seus próprios erros!

Após a sua morte no episódio efusivamente relatado, o dito general terá portanto feito uma pausa para reflexão e introspecção.

Desse esforço terá deduzido que, apesar da superior capacidade de manipulação daqueles que o vexaram (Nós), parte da responsabilidade da estrondosa derrota se deveu ao relaxamento e falta de motivação das suas legiões. Habituados à gloria de vitorias sucessivas, em que os inimigos que se lhe deparavam eram batidos pela força dos números e por um Q de organização, os soldados romanos haviam-se transformado em foliões, pouco habituados a situações de verdadeiro perigo e stress pós traumático.
Imbuído pelo espírito de tudo o que teve oportunidade de aprender connosco, e dos mais profundos ensinamentos Infernais decidiu então criar um manual de boas práticas que visariam devolver o espírito guerreiro, sanguinário e irredutível às suas tropas.

Foi assim que surgiu esta primeira regra que, na minha humilde opinião, será uma das jóias da malvadez e crueldade, que nós tanto apreciamos.
No dia após uma qualquer batalha, julgando o grande general, que os seus legionários haviam assumido um comportamento menos digno e corajoso procedia da seguinte forma:

• Subdividia-os em grupos de 10 homens, cada um armado com um pau pontiagudo;
• De entre cada grupo elegia um de forma totalmente aleatória, não levando em conta nenhum critério de empenho ou capacidade militar;
• De seguida iniciava-se um confronto físico entre o escolhido e os restantes 9 elementos;
• O objectivo era que o soldado chacina-se os outros 9 ou vice-versa;
• Terminado o confronto os sobreviventes dedicavam-se a tarefas de limpeza da caserna;

E assim se incutiam nestes bravos, valores bem mais identificativos das suas funções e orientados para os nossos objectivos: máximo de sofrimento com o maior numero de vitimas possível!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

quando o caos emerge o homem afunda

meu caro e preguiçoso diabolicus, nunca mais nos faça uma destas! É que o seu breve poema teve um efeito tal que foi notória a falta de produtividade de tantos os três quantos o leram.

Eu próprio fiquei num estado precáriamente equilibrado no meu assento, a olhar vagamente para o futuro e sem fazer nada além de respirar de quando em vez. Foram uns bons momentos, mas voltemos ao labor a bem da demoniosidade mundial.

É muito a ferros que descubro um tema para trazer a debate, e a minha escolha é condicionada pela urgência em divulgar um evento antes que seja tarde de mais. É que faltam pouco mais de dois meses para esse espectáculo que se quer de luz e poderoso som a que alguém convencionou chamar de Caos Emergente 2009.

Se bem se lembra mafarrico, deslocamo-nos incógnitos à edição do ano passado (Caos Emergente 2008), deslocação que como não podia deixar de ser foi amplamente ignorada aqui no nosso folhetim da masmorra. Se no ano passado visionamos uma série de bons concertos, este ano perfila-se ainda melhor e é de destacar a presença dos nossos preferidos Napalm Death (depois do lifetime achievement award da masmorra outra coisa não poderia suceder), dos germânicos Destruction (como estarão os guinchos do pequeno schmier vinte anos depois?), dos extremamente malvados, malévolamente satânicos e completamente polacos Behemoth e dos lusitanos Moonspell (na 156434ª actuação no nosso pais).

Noto que este apontamento é curto, mas os efeitos da maldição de preguiça lançada na mansagem anterior foram vastos. Talvez quando outros nomes forem adiantados para o cartaz seja possivel gatafunhar algo mais.

Deixo o video da praxe para aguçar o apetite das nossas já de si aguçadas orelhas.



Uma ultima nota para o facto de termos de abandonar a nossa masmorra para nos deslocarmos à vasta metrópole de Recarei, mas tenho a certeza que talvez nos consigamos orientar pelo menos até um local frontal ao palco.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Um pequeno teste

A verdade é que outro dia tive de me locomover por via aérea, e fazendo um esforço por manter o meu disfarce terreno, aturei todas estas idiotices humanas de aeroportos, bilhetes, check-ins, horários e lugares marcados.

Foi precisamente este ultimo aspecto que o Sr. Satanás aproveitou para um pequeno teste à minha demoniosidade.

Não foi depois de olhar poucas vezes para o bilhete que entrei na aeronave e me dirigi pelo corredor ao lugar que me estava destinado. Para quem não sabe o lugar está marcado em forma de charada simples, tipo coordenada (por ex. 16-A), em que o numero se refere a fila de cadeirões a começar da fila um e incrementando uma unidade a cada fila, e a letra refere-se, dentro da fila, a um determinado cadeirão a começar de uma janela até à janela oposta, é fácil para nós mas para alguns energumenos humanos é mais dificil do que parece.

Foi precisamente um desses energumenos humanos que encontrei sentado no lugar que me estava destinado. Com a convicção que tal combinação numero-letra não é dificil de decorar e com o bilhete já guardado no bolso dirigi-me ao reles que não tinha sido capaz de tal raciocinio e , mal escondendo um profundo suspiro, disse-lhe:

- Esse lugar é meu.

Pareceu-me uma boa forma de lhe colocar a questão, uma vez que a interacção com tal ser era incontornável e a iniciativa tinha de partir de mim próprio. O homem olha para mim, um pouco sonolento, e responde-me de uma forma que, confesso, eu não esperava.

- E eu sento-me onde?

Reparem que, naquelas circunstâncias, a violencia brutal estava fora de questão, e os olhares de outros passageiros, ávidos por algo que os distraisse, estavam postos em nós. Retorqui :

- O senhor senta-se no lugar que estiver escrito no seu bilhete.

O homem olhou para mim, sendo impossivel decifrar os seus pensamentos. Eu olhei para ele, pensando quão dificil poderia ser o tal decifrar das coordenadas. Ao que ele quebrou o silêncio dizendo um brilhante:

- Para mim os Fs (o lugar era um F) são todos iguais.

Levantou-se e sentou-se no lugar ao lado, pelo que eu passei por ele, sentando-me no belo lugar a janela ficando ele no lugar do meio de uma série de três.

Passando um pouco de tempo, já com o veiculo em andamento e toda a gente nos seus lugares, estranhei que o tipo tivesse ficado naquele lugar uma vez que tinha afirmado que o seu lugar era tambem um F (e não o E onde estava sentado), tembem achei estranho que o comparsa que me acompanhava não tivesse ficado ao meu lado quando tinhamos feito o check-in em simultâneo.

As provações do Sr. Satanás são muitas e aparecem-nos de todas as formas e feitios, começei a suspeitar que a Sua Garra estivesse metida nesse episódio, pelo que suspirei mais uma vez e enquanto o avião acelerava para descolar, deitei uma olhadela tão discreta quanto possivel, para o bilhete que se encontrava no bolso de dentro do casaco. Lá estava, a terrivel marca Dele, a rasura que ao sair da impressora tinha transformado o meu E num F. Só uma leitura atenta revelava o defeito do bilhete, mas era agora claro que o meu lugar era o do meio e o lugar correcto do ser humano ao meu lado era o que eu ocupava. Era um teste!! O que deveria fazer eu nesta situação?

Deixei-me ficar, claro, já referi que o lugar era a janela?