segunda-feira, 6 de setembro de 2010

The first weed


A masmorra é o nosso lar. Nojenta e putrefacta, é certo, mas por isso temos tanto orgulho nela. Orgulho e não só. Temos também lá outras coisas que até dão jeito. Mas não temos plantas.
As plantas são, de todos os seres vivos verdes, aqueles que melhor vegetam. Essa característica está de tal forma vincada no seu comportamento social, que chegam mesmo a ser designadas por vegetais. Letárgicas na sua postura, vigilantes e observadoras, têm tendência para se aglomerarem em conjuntos autistas também conhecidos por jardins.
Não se pode dizer que sejam muito demoníacas na sua actividade. A cor não ajuda e a sagacidade do seu raciocínio vs. alguma falta de impulsividade e ímpeto, justifica de alguma forma o esquecimento a que esta subespécie tem sido dotada pelo nosso Chifrudo Maior. Há no entanto algumas raras e honrosas excepções. Entre essas destacam-se as ervas daninhas.
As ervas daninhas caracterizam-se pela sua espontaneidade, estoicidade e por serem não desejadas. Absolutamente resolutas e de vontade férrea, adoram destruir a indesejável harmonia dos belos jardins e relvados, que os seres humanos insistem em dedicar os seus esforços como forma de preencher os vazios que são as suas vidas e baldios.
Se estas características não bastassem para provar a verdadeira natureza satânica das “weeds”, há ainda a acrescentar o facto de que Mafarrico gosta delas.
E é por isso e por tudo o que foi dito até agora, que venho soberbamente apresentar perante vós, o testemunho fotográfico, dessa que é a primeira guarda avançada do reino Infernal Vegetal a avançar no terreno a que agora denomino por “o meu jardim”.
Esse, que ainda permanece como um terreno seco e agreste, em breve estará coberto de silvas, giestas e fetos selvagens. O projecto é ambicioso e laborioso. Aguardam-me duros dias de espera e observação descuidada, mas os fins justificam os meios!
Aguardem pois meus prezados colegas, que em breve nascerá aquele que poderemos desde já apelidar de O Jardim Infernal do Sr. Satanás!
Desde já votado ao lazer e preguiça, esse nobre espaço será o palco privilegiado de desgraçadas patuscadas e sornas imensas.
Esperemos pois que as ervas daninhas ouçam este chamamento e acorram em massa para mais um trabalho do Demo.

2 comentários:

Maléfico Patético disse...

Bom, parece-me que o meu colega volta a expressar o seu amor pelo lado mais vegetal do inferno que é este planeta ... permita-me lembrar-lhe aquele magnânime opus que foi o relato veridico "cortaram a árvore do Diabo".

Desta feita optou por um estilo mais filosófico e menos documental. Nada a opor, por ventura um reflexo dos tempos que decorrem vs os tempos que decorreram.

Poderemos apreciar então esse vasto campo de infernais silvas com pontiagudos espinhos infernais nessa celebração que se quer seja mais cedo do que tarde.

\m/afarrico disse...

Ora nem mais! O JISS está em franco crescimento e apresenta evoluções dignas de nota!
Já há valentes tufos ervários a preencher os espaços ressequidos e a paisagem sofre transformações grotescas de noite para noite.
Aguardemos portanto que o chamamento para tão aguardado convívio se faça ouvir, ecoando por entre as retorcidas e verdes ramadas, que são de facto alvo do meu apreço e violência gratuíta.