sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Ref discográfica 666 - a matter of life and death



À falta de outras temáticas menos interessantes, vou dedicar um pouco da infernal actividade que trespassa o meu afamado cérebro, a escrevinhar umas linhas pejadas de ironia e sarcasmo em jeito de critica discográfica.

O infeliz alvo do meu desdém e superior capacidade argumentativa são desta vez os velhinhos e já não muito diabólicos Iron Maiden.
Quem são eles? Não carecem de apresentações. Agrupamento musical oriundo da ilha britânica, foram pioneiros e criadores do estilo a partir de então denominado Heavy Metal nos idos anos de 1980…

A questão agora, não será analisar a carreira destes devotos seres das trevas que na verdade talvez nunca o tenham chegado a ser, mas sim dissecar este seu último trabalho e perceber o que devemos fazer com eles em termos de planos futuros.
A verdade é que a audição consecutiva e insistente deste que é o 14º álbum, deixa neste seu amigo, uma sensação de confusão e de que algo já não está certo.
Comecemos pelo título da obra – a matter of life and death – uma questão de vida e de morte. O recurso a um trocadilho muito pouco evidente foi no meu entender um erro. Ao pegarem no chavão “uma questão de vida ou de morte” e trocarem o “ou” pelo “e”, Steve Harris e os seus comparsas pretendiam concerteza dar a entender algo que sinceramente não atinjo, mas ao faze-lo de forma tão subtil perdem completamente o sentido e banalizam este que sempre foi um dos pontos fortes da imagem dos I.M.

Mesmo as palavras vida e morte, é algo já visto e revisto nos discos dos Maiden: live after death, a real dead one, a real live one, no prayer for the dying, dance of death…

A verdade verdadinha é que após o fulgurante retorno do Bruce Dickinson no álbum A brave new world, os dois seguintes: dance of death e este de que falamos, são álbuns estranhos.

Essa estranheza advém também em grande parte da exaustão de uma fórmula que foi em tempos de sucesso mas que agora está maniestamente esgotada. Refiro-me aos longos temas épicos, com grandes intros e terminus, que os tornam por vezes maçadores. Neste disco temos 7 musicas (em 10) com mais de 7 minutos que se perdem em variantes mais ou menos previsíveis (parecem tiradas a papel químico do disco anterior).

Longe vão os tempos em que os álbuns dos Maiden eram cheios de temas rasgadinhos, sempre a abrir e deixavam para o fim um ou outro tema mais vasto e épico em jeito de grande final. Lembra-se com certeza de to tame a land, phantom of the opera, hallowed be thy name, rime of the ancient mariner, Alexander the great, seventh son of a seventh son… grandes malhas que nos ficarão para sempre na memoria e de toda uma geração! Mas dai a fazer álbuns só com temas deste género vai uma grande distancia…

E as letras? São complicadas, têm uma métrica cansativa (demasiadas palavras, pouco eficaz), e os significados são quase sempre incompreensíveis: muita coisa para dizer muito pouco. Dá a entender que o Bruce Dickinson canta o que lhe apetece sem ligar ao resultado final.

O que safa este e qualquer disco dos Maiden, são as incríveis sucessões de solos de guitarra que assumem proporções infernais, principalmente após a formação do trio de guitarras com o regresso do Adrian Smith há 3 discos atrás. Para quem for um apreciador da técnica e do virtuosismo destes guitar heroes, Dave Murray, Adrian Smith e Janick Gers serão sempre uns senhores!

Acho que infelizmente Steve Harris e companhia voaram tão alto que à que assumir que a queda é inevitável.
Já não são capazes de criar temas clássicos. Falharam-no nestes 2 últimos álbuns de forma clamorosa e tenho as minhas dúvidas que o voltem a fazer (os anos já pesam).

Quem como nós já esteve num concerto destes senhores, sabe que uma das características do reportório de clássicos normalmente interpretados é a facilidade com que o publico entoa as melodias e os referões. É de facto fantástico ouvir os milhares de pessoas a sobreporem as suas vozes aos mega decibéis debitados pela banda em plena actuação!
Mas mais uma vez, optaram pelo facilitismo. É que neste álbum parece que em todas as músicas lá está um inevitável ooohooohoooh, já como quem prepara a entoação do público nos concertos… já não há a espontaneidade de outros tempos.

Em termos de originalidade safa-se este tema the reincarnation of Benjamin Breeg que mostra uma abordagem mais simples e mais retro. Apesar dos seus 7 minutos (a passar) ouve-se bem e tem um solo a fazer lembrar os tempos do Seventh Son, ora senão veja:


Perdoe-me caro Maléfico se lhe pareço demasiado azedo e caustico para com estes nossos parceiros, mas tenho andado especialmente de bom humor e apetecia-me desenfreadamente dizer mal de algo ou alguém.

Claro que nada disto é verdade obviamente!

Cumprimentos metálicos, MAIDEN -MAIDEN -MAIDEN!!!
Mafarrico

1 comentário:

Maléfico Patético disse...

mafarrico,

um ataque cerrado a uma das instituições da nossa música, é preciso ter coragem.

Quanto aos agrupamento musical em questão, aceito tudo o que disse, não posso opinar muito porque na verdade não tenho andado muito atento ao que se passa por esses lados desde , digamos, 1995. Excepção feita ao referido Brave New World de 2000.

Também me parece que desde certa altura, os nossos colegas se acomodaram a um certo estatuto e perderam muita da chama que os moveu na década de 80 ... começaram a vestir-se menos ridiculamente, é um facto, mas eu preferia que eles se vestissem de spandex e escrevessem verdadeiros hinos, em vez de andarem por ai a arrastar-se. Excepção feita ao referido Brave New World de 2000.

Não quero nomear culpados (Janick Gers), mas desde a entrada de certa e determinada pessoa (Janick Gers) a banda não fez muito mais de que reescrever musicas antigas. A titulo de exemplo descarado, indico a música Tailgunner que não é mais do que um auto-plágio de Aces High. Nunca mais foram os mesmos.Excepção feita ao referido Brave New World de 2000.

Penso que por isso devemos ir novamente ao espectáculo ao vivo que eles vão apresentar e delirar como todos os outros fãs incondicionais.

Tenho de interromper o meu comentário,