segunda-feira, 28 de abril de 2008

ref. literária 80 - o príncipe

mafarrico,

passado os festejos, voltemos ao conhaque. Porque a vida não é só trabalho como é costume dizer-se.

Estava eu sentado no sofázito do canto da sala de estar da Masmorra, olhar fixo numa mancha branca na parede, quando pensei "Tenho de ir ali sujar aquilo, afinal nem tenho nada melhor para fazer." Nisto ouço a voz do nosso Líder a materializar-se na minha cabeça.

AI NÃO TENS NADA MELHOR PARA FAZER? ENTÃO PEGA LÁ ....



E puuuuuuuuuf , cheiro a enxofre, um pouco de fumo (cof cof) e tinha no meu colo o mais recente tomo desse volumoso livro que é "O Príncipe" de Maquiavél. É um livro prodigioso, escrito no ano de 1513 e que até hoje é sinónimo de perfídia e golpes baixos, falsidade e deslealdade. E mais importante vitória! É realmente impressionante a maneira como o nome do autor ficou sinónimo de alguns dos mais altos valores que seguimos nesta Masmorra.

Dito isto, é fácil perceber que é um óptimo livro para se ter na mesinha de cabeçeira, tanto mais que esta edição que tenho é acrescentada de notas na margem do nosso colega Napoleão que nos vai brindando com uns aprazíveis comentários do estilo : "Não me esqueçerei disto ao lidar com meus antagonistas" em algumas passagens particularmente desprezíveis. Muito bom para impressionar visitas ao dar a entender que se o leu.

Finalmente, a minha opinião pessoal sobre o livro é que ele é intragável, tanto metafórica como literalmente. Experimentei as duas coisas e não dá mesmo.

Abraços literário-patéticos
M.P.

3 comentários:

Diabolicus disse...

Bela exaltação de uma obra que de facto não deve ser fácil de digerir. Fique-se pela leitura Maléfico, que de certo lhe surgirão coisas mais interessantes para fazer do que sujar as paredes já de si imundas da nossa Masmorra.

Deixemos que a sujidade, apodreça em si mesma, se transforme em bolor e larvas, ao invés de estarmos sempre a querer sujar o que poderá não parecer totalmente sujo. Mas está, ou não fosse a Masmorra Infernal a mais imunda, pérfida e inabitável de todas as Masmorras.

Estou certo que com a obra de Maquiavel no colo, ou onde a quiser colocar, terá desenvolvido muita capacidade de trabalho e não lhe faltaram ideias soberbas de trabalhos do Demo a pôr em prática.

Não a suje completamente com os seus cascos imundos, nem com a baba que lhe costuma escorrer pelas barbas compridas abaixo, pois gostaria também de lhe pôr os meus cascos em cima e me poder inspirar um pouco.

\m/afarrico disse...

Um breve comentário apenas, a mais uma das brilhantes e inúteis referencias literárias com que nos brinda irregularmente e de forma despropositada.

O que dizer mais?

O Sr. Lúcifer tem esta faceta mais jovial e comicista que revela de tempos a tempos... Então não é que ele foi estragar a surpresa que eu tão laboriosamente lhe estava a preparar?!
Obviamente que o fez, sabendo de antemão que o meu fair-play e capacidade de encaixe, por serem inexistentes, me iriam causar uma sensação de irritabilidade e vontade de partir tudo.
Mas não o farei, tratando-se de quem se trata (não falo dos médicos, esses tratam de quem não se trata). Deixarei passar ao alto dado que nem me atrevo a confronta-lo com o facto de ter entregue a oferenda a que tão diligentemente dediquei estes últimos 500 anos em árdua preparação e assim estragar esta épica surpresa que tão diligentemente preparei durante estes séculos. Vou começar de imediato a escrever outra obra do mesmo calibre, mas desta vez usarei tinta ao invés de veneno para ratos.

O livro que o nosso Lúcifer tão violentamente lhe colocou no colo, foi na verdade escrito pela minha entidade, como disse antes. O nome Maquiavel é na verdade um meu heterónimo, do qual eu sou o respectivo ortónimo e a razão pela qual ficou associado a tão altos valores de maldade, astúcia, perfídia e escárnio pela condição humana, foi porque o armante do colega Napoleão (literalmente), a quem emprestei o original para servir de estrado durante os seus inflamados discursos, andou por aí a dizer quem eu era. Não fazia era ideia que tinha usado o manuscrito para tomar notas dos seus afazeres pessoais de imperador! Que maçada!! A pretensão era oferta-lo a si, caro Maléfico, na ocasião da celebração do seu próximo centenário.
Conceptualmente pretendi que se transformasse numa obra de referência literária e não gastronómica, mas apesar de inacabado fico deveras agradado por saber que despertou tanto o seu sentido da visão como o do palato.

Um aparte, se me permite…Folgo em saber que vulgarmente recebe as visitas nos seus aposentos. Digo isto, uma vez que ao colocar o opus literário na mesinha de cabeceira procura assim impactar aqueles que lhe prestam homenagem deslocando-se ao seu antro.

Cumprimentos,

Maléfico Patético disse...

companheiros, amigos,

fico assaz feliz que liguem alguma coisa às minhas referencias literárias, tão feliz que ainda espero algumas reacções da vossa parte "após" leitura das referidas obras.