quinta-feira, 5 de junho de 2008

Poucos mas bons (Nós)

Que ser um demónio é laborioso e cansativo, é coisa que pouca gente sabe.

Normalmente e de forma perfeitamente fundamentada, a nossa condição de praticantes do Mal é sinonimo de deboche, libertinagem e de boémia. Essa é na verdade, uma forma de atrair as almas ávidas de algo mais do que uma entediante eternidade no paraíso.
Querem diversão, bebida e prazeres sem limite? Juntem-se a nós! Vendam a alma a Satanás e tudo vos será concedido em troca de alguns pequenos favores (escritos em letras pequeninas do outro lado da folha).

Mas esquecemo-nos por vezes que o trabalho do Demo acarreta levar a cabo todo o tipo de tarefas que nos são destinadas e que estas nem sempre são de todo agradáveis. Os tempos de hoje são um bom exemplo de como as coisas já foram melhores para nós!
Se não, olhemos para as nossas tarefas terrenas actuais e ponderemos. Não é imediato como conseguir espalhar a discórdia, o ódio, subverter mentes, arrecadar almas perdidas, destruir valores, apenas com o recurso a uma cadeira, uma secretaria e um portátil com ligação à Internet!

Longe vão os tempos em que actos de violência infundada e arbitrária podiam ser utilizada sem levantar grande alarido (apenas da vitima claro), em que podíamos simplesmente instigar toda uma nação a agir violentamente contra outra sem que isso fosse visto como algo estranho e a evitar. Recordo-me que essa técnica foi apelidada de conquistas e de expansão territorial.

Bons exemplos são os descobrimentos e as conquistas levados a cabo pelos portugueses no sec. XVI.
Apesar de tal não ser devidamente reconhecido, sabemos bem identificar o trabalho dos nossos, nesses tempos, quando confrontados com as evidências.

Nisso reparei, quando recentemente li uma obra literária (ofertada por si amigo Maléfico) denominada “Homens, Espadas e Tomates” de um tal de Rainer Daehnhardt.
Neste livro, o autor compilou uma série de relatos referentes a eventos ocorridos durante os descobrimentos portugueses. Na sua totalidade descrevem personagens e situações bélicas que seriam simultaneamente heróicos e estúpidos, se acreditassemos que fossem executados por vulgares seres humanos, coisa que o nosso olhar atento rapidamente desmistifica.
É por demais imediato a presença do dedo (e nalguns casos a pata toda) do nosso brilhante Mestre na congeminação de tais episódios.
Para que melhor entendam, passo a indicar alguns exemplos de tão fabulosas histórias que se reportam a confrontos entre os referidos portugueses vs mouros e turcos, tanto em batalhas terrestres como marítimas:

Lopo Barriga, o papão português
Um português zangado
Dois portugueses numa nau cheia de turcos
120 contra 50.000
Trinta para cada um
Desafiou um exercito por causa de um capacete
Voluntários para se meterem no inferno
Ficar sem um braço não é o fim da peleja
Quantos ferimentos aguenta um português?
Não tendo bala, arrancou um dente, carregou o mosquete e disparou

Aconselho aos prezados colegas a leitura de tal obra, onde nos podemos inspirar nestes exemplos de lutas, em que o mote é basicamente em como um pequeno grupo mal armado e já em situação desesperada, enfrenta um poderoso inimigo e leva a sua por diante, normalmente infligindo enormes perdas no adversário atónito e por fim conformado com a natureza sobre-humana destes demónios portugueses.

\m/afarrico

4 comentários:

Maléfico Patético disse...

mafarrico,

lembro-me perfeitamente de lhe ter ofertado este livro, nunca o tendo lido apoiei-me em relatos de outros que o leram para dar a entender que sabia o que lhe passava para as mãos.

Fico feliz que o colega tenha lido tal obra com atenção e pelo resumo que faz parece-me ser bastante interessante. É difícil escolher o melhor titulo de entre os que escrevinhou, o meu voto vai para "Ficar sem braço não é o fim da peleja" ....

Um (a)braço (ahahaha)
M.P.

\m/afarrico disse...

Apesar do relato do dente-bala ser igualmente deveras impressionante, apenas ao alcance de um demónio dos bons, o que mais me apraz é o dos 2 colegas que se viram a braços com a desconfortável situação de terem que se haver com uma trupe de inimigos, completamente isolados e confinados ao espaço de uma nau, e tendo obviamente sobrevivido.
Tratou-se de um daqueles casos que tão bem conhecemos de abordagens mal conseguidas. As hostes portuguesas lançaram-se com tal ímpeto ao assalto da nau inimiga, que o choque entre as 2 embarcações as rechaçou violentamente, afastando-as, ao mesmo tempo que projectou 5 destes destemidos guerreiros para a frente que caíram dentro da embarcação inimiga, onde se viram cercados de inimigos e sem hipótese de socorro.
Os 3 mais fraquitos lá acabaram por sucumbir, mas os mencionados dois aguentaram-se escudados por umas tábuas, onde resistiram a todo o tipo de investidas (inclusive tiros de canhão!) e ainda abateram numerosos inimigos, cujos corpos empilhados serviam de muralha de protecção a estes intrépidos mafarricos.
Enfim, nada que nunca nos tenha acontecido, mas sempre divertido de recordar.

Diabolicus disse...

Não há dúvida de que os nossos antepassados eram demónios bem loucos. Quanto a isso penso que estamos todos de acordo.

Abri um pouco melhor os olhos para ler algo de novo, que nunca me tinha passado pela cabeça. Considero-me uma mente criativa e um inventor nato, mas tirar um dente para o utilizar como bala, é algo que nunca me tinha atrevessado os pensamentos.

Finalmente, se a vítima fosse atingida com tal dente disparado pela carabina do louco diabo português, o que diria que aconteceu???

Que levou um tiro?? Uma dentada talvez?? Ou então que apanhou uma infecção ao ser atingido por um diabólico dente certamente ainda ensanguentado..

\m/afarrico disse...

Não me consigo decidir... Será um tiro ou uma dentada?