quinta-feira, 19 de junho de 2008

Amigos pá…. Amigos!

Caros parceiros do Mal,

Uma rápida nota apenas, para vos comunicar que estou neste preciso momento em transição entre duas missões que me foram apontadas pelo nosso Maior!

Como devereis saber tenho em minha posse um projecto mais abrangente que tem por objectivo único o de destruir a humanidade.
A razão pela qual tão nobre empreitada está nas minhas mãos é simples: estando eu na sala de espera na antecâmara das negras profundezas que antecedem o majestoso palácio da Estrela da Manhã, aguardando ser recebido pelo Sr. Satanás, calho de pegar no que eu julguei ser uma revista de moda de 2001 que estava pousada em cima da mesinha do aparador. Quando me apercebi do que tinha em mãos já era tarde, os portões abriram-se e vi-me perante o nosso Todo Poderoso Cornudo e o seu andrajoso Conselho de sábios, com nada mais nada menos do que um Tratado arquitectado em vários tomos, que na capa tinha a seguinte inscrição:

“Como destruir a humanidade, o trabalho de uma vida”



Estava assinado por um demónio que pelo que percebi teria sido recebido imediatamente antes de mim pelo Máximo Conselho que descrevi, a quem terão sido arrancadas as asas e aplicada a pena máxima da expulsão, pelo atrevimento de ter comparecido ao chamamento do Demo com uma revista da Caras, com o Carlos Cruz, o Castelo Branco e o Eusébio na capa.
Aparentemente, com os nervos da espera na referida sala, terá trocado os escritos e olhem, calhou-me em sorte ser o freguês seguinte!
Como não é de bom-tom irritar o nosso Líder Infernal, (e como tive oportunidade de visionar a aplicação do castigo ao colega anterior) resolvi defender o plano que tinha em mãos como sendo meu. Não me recordo exactamente em que termos o fiz, mas sei ter mencionado os vossos nomes, Maléfico e Diabolicus.

Objectivo humilde, é certo, mas que tem a sua grandiosidade se considerarmos os escassos recursos que me foram facultados: uma série de ogivas nucleares (não sei onde as pus…), um bloco, uma caneta e uma colecção de cds de heavy-metal!

Neste sentido, a aplicação do Mega projecto foi por mim dividida em duas partes: a primeira e a segunda.
A primeira foi esta que agora finda e a segunda será a que agora se inicia, ou se preferirem, ao contrário.

Quanto à futura missão, em breve darei mais detalhes. Neste momento considero precoce revelar seja o que for dado desconhece-la por completo (ainda só li a contra-capa do 1º volume).



Apenas posso adiantar que será algo bombástico e que será certamente comentado por entre os meandros mais recônditos da nossa MI e do próprio local onde será perpetrada tal maldade.

Prefiro falar um pouco sobre esta que agora termina e que, não fosse a minha engrandecedora modéstia, poderia facilmente ser apelidada de um êxito rotundo e esmagador!
Neste momento, é com o peito a transbordar de orgulho, que posso afirmar que o sector da logística da distribuição do papel (vital para o decorrer das actividades humanas, tal como estava escrito a lápis na contra capa do primeiro compêndio do plano) está de rastos e jamais será o mesmo!
Sem recorrer às ogivas (pelas razões apontadas) nem a nenhuma espécie de material bélico, e sem nunca descorar as minhas obrigações para com a MI, encetei uma série de inusitadas medidas e acções, que poderíamos suspeitar terem sido desgarradas e desprovidas de uma lógica e de um fio condutor. Mas não, não podemos suspeitar tal, devemos isso sim afirmar que assim o foram!

Mas não pensem, caros parceiros de infernais batalhas, que pretendo com estas palavras recolher os justos e bem entregues gloriosos louros da vitória!

Deixei propositadamente para o fim, o relato de algo que me está a deixar algo perplexo nestes últimos momentos em que ainda vagueio pelas ruínas que me preparo para deixar para trás, sem mágoa nem remorsos: Sendo eu um leal e assumido praticante do Mal, não foi com estranheza que durante o período de 2 anos e pico em que “infernizei a vida” (as palavras não são minhas) destas pobres gentes que por aqui andam, nunca recebi qualquer sinal de amizade, companheirismo e/ou de boa disposição!
Eis que senão quando, mal se faz anuncio da minha partida desta agora caótica e quebrada organização, começo a receber os mais diversos elogios e palavras de amizade e incentivo: “Para melhor muda-se sempre!”, “ vamos sentira a sua falta!” é o que mais tenho ouvido ultimamente. Comovente meus caros! Estas pessoas guardaram dentro de si todo este tempo, toda a espécie de sentimentos bons e positivos em relação à minha “pessoa” e sem nunca deixarem que tal extravasasse por um só instante, aguentaram estoicamente até este momento final em que finalmente se permitiram revelar o que afinal pensavam de mim.

Não fosse eu um demónio com temperatura corporal acima dos 100ºC e sentiria por estes dias um calorzinho no peito…

É caso para dizer: com inimigos destes quem precisa de mais inimigos.

\m/

4 comentários:

Maléfico Patético disse...

mafarrico,

excelente missiva, inundada de informação e que para melhor comentar dividi em sete partes.

primeiro , e talvez o ponto mais importante, é de salientar o uso da palavra 'andrajoso' no segundo post consecutivo. É que não sendo uma palavra facilmente utilizável no nosso vocabulário, não tenho mesmo a certeza que exista.

segundo, o seu encontro com o Maior foi deveras sortudo mas como é costume dizer-se 'A sorte protege os demónios audazes'

terceiro, não sei bem o que isto quer dizer mas ao ler o texto li 'orgias nucleares' e por uns momentos pareceu-me que o texto fazia sentido

quarto, sei onde estão as ogivas mas não digo por entender que assim o desafio fica mais a altura de tão poderoso demónio como é voçelência

quinto, o facto que aponta como fazendo parte do "ser" humano, A amizade fingida. É parte integrante de todas as relações entre humanos, é um factor positivo para nós pelo que não a devemos desvalorizar. Note, que eles só lhe foram demonstra-la porque pensam que é um deles.

sexto, o seu labor anterior não correu assim tão bem. Lembro-lhe que foi durante a sua missão que 'cortaram a árvore do Diabo'

continuarei com mais sete pontos assim que reler o texto
M.P.

\m/afarrico disse...

Maléfico,

Também não pude deixar de notar a aparente coincidência do duplo uso do termo "andrajoso" nos dois últimos posts.
Penso que será mesmo a questão mais relevante de tudo o que foi dito.
O termo existe e tem como significado adjectivar aqueles que preferem vestir-se de forma nojenta.
A palavra tem origem no latim - "andar sujo" - expressão utilizada para caracterizar os indivíduos da antiguidade que habitavam em apartamentos pouco cuidados no que toca a limpezas: "aquele indivíduo habita num andar sujo!" era frequente ouvir nas ruas da antiga Grécia ou da longínqua Mesopotâmia sempre que passava alguém vestido apenas com uns farrapos velhos e sujos.

Quanto à decadência e posterior abate e queda da Arvore do Diabo, assumo que foi um erro crasso deste período último, mas não meu! A culpa foi da árvore que podia (devia!) ter fugido como todas as outras o fazem, sempre que se avizinha uma catástrofe. Alguém viu porventura uma árvore num local onde tenha havido um grande incêndio? Claro que não! Pois fugiram!
\m/

Diabolicus disse...

Com que grandioso relato nos brinda Mafarrico. Já tinha saudade da sua eloquência e definições de programas bélicos e destruidores.

Não percebi se queria dizer "sei" ou "sem", ter referido os nossos nomes como parceiros em tal missão.

Isto porque é importante definir uma táctica e horários se a missão for conjunta, o que já não é tão necessário se a missão fôr individual.

Já agora Mafarrico, onde se deu o tal encontro com o líder?

Infame da Vileza disse...

Caro Mafarrico, fiquei contente por saber que também convive com Semideuses. E ainda por cima desses que nos brindam com sorrisos e palavras doces quando pensam que estão a salvo.
Fico à espera de novas sobre essa grande missão.
Uma abraço caloroso