terça-feira, 4 de março de 2008

o louvar dos heróis

mafarrico,

ia escrever um longo texto sobre o louvar dos heróis. No entanto a falta de tempo e inspiração não me permitiu levar a cabo essa tarefa, escrevi pouco e posteriormente apaguei o que tinha escrito.

No entanto acho importante louvar os heróis.

Por isso peço-lhe que louve ai uns heróis, que eu louvo por aqui e assim fico com a sensação que este post não foi totalmente perdido.

Louvações
M.P.

2 comentários:

Diabolicus disse...

Parece-me bem louvar os heróis, apesar da ambiguidade dessa palavra "heróis" e do seu verdadeiro conteúdo objectivo.

Senão vejamos, defendo a minha tese pela dificuldade em eleger um "Herói"...senão pergunto-vos o que é um herói? Alguém grande e com ooragem, certo? Pelo menos na nossa definição infantil é assim que vemos um herói.

Mas o que aconteceu a todos os corajosos da história?? Desgraçaram-se invariavelemente, tinham coragem, mas eram subjugados por outros mais poderosos, que mais tarde viriam a escrever a história com a sua própria pena, porque ainda não havia canetas, e foram os poderosos que passaram por heróis porque foram capazes de subjugar os vilões (ainda que os vilões pudessem ser os verdadeiros heróis).
Todavia de acordo com a filosofia da Masmorra os vilões podiam ser os Heróis, ou os heróis podiam ser uns patetas.

Continuando o raciocínio, pego na expressão "Heróis do Mar"...o que entendemos com mais esta expressão ambígua??

Um grupo musical que se intitulou de heróis?? Seriam mesmo heróis ou músicos de qualidade duvidosa que escolheram um nome infeliz??

Ou com a expressão "Heróis do Mar" lembramo-nos de reis e pescadores que se lançaram ao mar para conhecer e desbravar novos territórios?? Mais uma vez fica a dúvida no ar sobre a verdadeira natureza heróica destas gentes..seriam atrasados mentais em busca de destruir povos para povoarem eles com os seus genes outros espaços?
Será que não pensavam que as suas caravelas tinham grande probabilidade de se afundar e que em alto mar não existiam mulheres nem carne fresca, nem fruta ou vegetais??

O que estaria por trás daquelas mentes? Um feito heróico, ou sede de conquista, ambição desmedida ou algo mais estúpido ainda?? Como mostrar coragem por exemplo...uma birra para tentarem ser heróis à força.

Finalmente, uma observação, aquilo que para uns são heróis ou mitos, para outros são tiranos ou destruidores, dependendo do lado da barricada em que nos encontramos.

Posto isto, penso que o post, sendo curto e breve encerra em si todo este raciocínio, em vez de louvar pateticamente este ou aquele como tantas vezes acontece, deixou que cada um, de per si, louve quem quiser, da forma que quiser, na posição que preferir, e às horas que bem entender.

Um bem haja por mais um escrito superior.

\m/afarrico disse...

Caros,
Dirijo este meu comentário a ambos. Em primeiro para o saudar a sí Maléfico, por este que é provavelmente um dos melhores posts que esta Masmorra já teve a fortuna de albergar por entre as suas negras e escarpadas paredes. A eloquência da escrita, a fluência das palavras, a riqueza dos conteúdos... apenas têm par nas obras desses que são os escritores que dedicaram a sua carreira e a vida a escreverem obras milenares que toda uma nação teve a honra de nunca ter lido! Uma ode a si!
E a si, estimado Diabolicus, como agradecer um comentário desta craveira? Talvez não o fazendo de todo. A ideia que traz ao de cima do anti-heroi é-me particularmente querida e estimada.
Lembra-me assim de repente e de forma perfeitamente espontânea, o grande erro histórico que foi a heroização (arte de transformar um idiota em herói) do tristemente famoso Martim Moniz!

Decorria o ano de 1185, quando uns diabos, liderados pelo nosso conhecido e colega Afonso Henriques, que apesar de se intitularem de cruzados e de se apresentarem ao serviço da cruz, eram na verdade uns bons seguidores de Satã, como ficava bem patente nas suas actividades lúdicas que penso que ainda irá ser falado nesta Masmorra. Mas como dizia, este grupo infernal, teve infeliz ideia de conquistar a cidade de Lisboa aos Mouros. Infeliz, porque qualquer esforço neste sentido era escusado uma vez que a dita cidade já se encontrava nas nossas mãos (os Mouros também eram dos nossos…).

Numa dessas investidas ocorreu que os ditos Mouros, ao tentarem bloquear o acesso à investida dos cruzados, por infortúnio encravaram uma das principais portas da referida cidade não a conseguindo fechar. Ao visionarem tal oportunidade, os cruzados precipitaram-se nessa direcção encimados pelo já completamente embriagado Martim Moniz. Ao chegar ao local, de espada em punho e perante o olhar horrorizado tanto dos Mouros como dos próprios colegas de investida, o nosso suposto herói grita a plenos pulmões “Alto! Já vi porque é que a porta não fecha!”, tendo de seguida mergulhado pela nesga ainda entreaberta da porta, no sentido de a reparar tal era o seu orgulho na profissão que exercia nas horas vagas (era carpinteiro). Vendo-o nesta posição os restantes cruzados não hesitaram e… passaram-lhe por cima.
Os que passaram por ultimo por cima do já espezinhado cadáver deste idiota, entenderam que este teria encravado a porta com o seu próprio corpo… e aclamaram-no de herói postumamente, facto que ele agradeceu.

Um lapso histórico grave, mas que graças a esta magnífica intervenção tripartida foi possível corrigir!

O Mestre está contente connosco.
Mafarrico