segunda-feira, 24 de março de 2008

o bébé da rosa maria

mafarrico,

que enfadonha se torna esta vida por vezes. É um pensamento que se me ocorre ocasionalmente e, curiosamente, quando não tenho nada para fazer. Por vezes sinto-me em total inércia sem nada que dizer ou pensar. É uma sensação curiosa que muitos podem criticar como sendo 'preguiça', mas que eu acarinho e que faço os possíveis para incluir no meu estilo de vida. Afinal a preguiça é um dos pecados mortais (originais!) e um pecado é uma coisa bonita.

Isto não tem nada a ver com nada, a não ser talvez como forma de legitimar algumas longas ausências de novos escritos na Masmorra. Sendo assim, não escrevinhando, estamos preguiçando e preguiçando estamos pecando. Pecando estamos a construir um mundo pior e assim, no fundo, estamos a fazer um esforço no sentido de alcançar os nossos objectivos. A preguiça como força motora do nosso labor e portanto dando uma trabalheira dos diabos.

E agora, num registo totalmente diferente, e apenas tendo como ligação intelectual ao que acabei de gatafunhar, o facto de ter sido a primeira coisa em que pensei depois de estar largo período sem pensar em nada:

Adquiri o hábito de visualizar muitas obras da sétima arte, não porque tenha especial apreço por este tipo de película. Mas porque percebi que há grande satisfação demoníaca, de uma maneira bem mesquinha e irritante, em contar o fim dos filmes aos verdadeiros cinéfilos. Assim sendo é mais ou menos assim :

Maléfico Patético: ò cinéfilo? Já viste 'TAL' filme?
Cinéfilo idiota : Não, mas estou muito curioso em o visualizar. Conheço a restante obra do autor e mal posso esperar por ter o prazer de ...
Maléfico Patético : É pá! Poizé ... e aquela cena do fim, hã? em que ele tal e tal etc. e tal e acontece isto e isto? Hã ...?
Cinéfilo tarde-de-mais: Eu AINDA não vi ... (trémulo) ... ainda IA ver ......
Maléfico Patético : Vais gostar pá , vais gostar.

Isto tudo, porque vou postar aqui a cena final do filme Rosemary's Baby do Polansky. Um filme muito acarinhado em todos os círculos do Inferno por ter muita qualidade e retratar fielmente alguns dos nossos.

Aos quatro minutos do vídeo a cena mítica e que todos os demónios de todas as idades sabem de cor. Aos cinco minutos e trinta e cinco segundos uma frase épica de emocionar o mais empedernido demónio (lágrimas não são aceitáveis).



Hail Satan!
M.P.

5 comentários:

\m/afarrico disse...

Preguiçoso Maléfico,

A preguiça é de facto uma forma superior de manifestação demoníaca. A sua pratica a níveis elevados e de grande intensidade, apenas é possível a demónios de castas superiores, tais são as exigencias de índole intelectual e mesmo físicas que apenas são possíveis após largos e longos períodos de treino.

Eu proprio atravesso uma fase de intenso treino nesta matéria. Os dedos arrastam-se-me pelo teclado, e para conseguir intrincar algumas frases inteligíveis que formem algo que se assemelhe a uma resposta ao seu post, necessito de varias horas (não sei exactamente quantas, porque tive preguiça de ver a que horas comecei a escrever...). Apenas posso dizer que desde que iniciei o complexo processo intelectual/escrita que visa obter um comentario ao que partilhou na Masmorra, tive a oportunidade de testemunhar varias ascenções e crepusculos do globo solar.

Mas continuando com o meu raciocínio, posso acres

\m/afarrico disse...

Maléfico,

Desculpe, adormeci profundamente enquanto escrevia o comentario anterior!

Sinto-me um pouco mais energico e com as ideias a fervilharem no meu agora dinâmico cerebro!!!

...pronto, já passou... estou de novo envolto numa negra aurea de preguiça profunda.

Gostaria apenas de fazer um esforço titânico e acrescentar umas breves frases sobre o tema central da cinefilia:
Gostei.
Para quando uma acção conjunta, um consórcio enfim, entre a Masmorra e as multinacionais de distribuição de obras de 7ª arte, que permitissem que actuassemos directamente sobre a película do filme e podessemos assim trocar a ordem das cenas? Não aleatoriamente claro, mas de forma a podermos denunciar o maior numero de finais possível.

Diabolicus disse...

Caros Mafarrico e Maléfico Patético, de facto foi aqui bem esmiuçado o porquê da preguiça ser um pecado mortal original (acho que os podemos passar a chamar PMO, em contraposição aos Novos Pecados Mortais, NPM).
Mas escrevia eu, a preguiça só é um PMO pela sua faceta irritante para terceiros, porque de resto ela é bem saborosa para quem a pratica.

Este facto foi bem identificado quando atentou que a preguiça da escrita pode irritar os leitores àvidos de conhecer novas malvadesas vossas ou conhecer mais NPM, entre outras coisas igualmente sem interesse e que por isso merecem ser destacadas. Como não têm interesse, passam amiude despercebidas, aos olhos dos comuns anjinhos.

E enquanto se preguiça temos tempo para pensar nelas...naquelas coisas amigas do nosso maior, talvez venha daí aquela famosa frase: "a preguiça é a mãe de todos os vícios"..as coisas que se descobrem quando não temos nada para fazer.

Penso que só nestes momentos, em que pomos os nossos neurónios em stand-by, lhes estamos realmente a dar liberdade criativa, e daí surgirem ideias mais ou menos geniais.

Já agora, será que vale a pena pensar nisto?

\m/afarrico disse...

Sobre o filme do bébé da Rosa Maria.

Gostei da encenação dos demonios a celebrarem o nosso Mestre e a entoarem mantras satânicos como nos bons velhos tempos (bem, o filme é dos bons velhos tempos).
É facil e fica sempre bem.

Só não sei de onde é que eles foram buscar aquela do bébé se chamar Adrian... Talvez pelo facto do filme ser um pouco antigo e estar eventualmente desactualizado. Mas isso não é desculpa, porque afinal quantos mais anos tenha mais actual deveria ser a informação nele vinculada.
Dado tratar-se de um filme anglo-saxonico a criancinha deveria ser chamada de "Shore's Hen". Certo?

Diabolicus disse...

Esqueci-me de elogiar o título do post, sem dúvida deveras patético. É com títulos destes que se consegue captar a audiência distraída e que se apresenta numa conformidade de ideias e temas cada vaz mais enfadonha.

É por isso que a minha cor favorita agora é o cinzento!!

Com uma frase que não tem nada a ver com nada consegue-se assustar a mente e despertar os sentidos.

Dái que, comentando o final do post, achei que a ideia de contar o fim dos filmes, já de si tão previsíveis, não se compara à malvadez de comentar o fim dos livros...ahhh, como sabe bem impedir que alguém desfrute de um excelente livro de 500 páginas, só porque já sabe o final.