sexta-feira, 29 de maio de 2009

A primeira farsa, constrangedor mas necessário

As duas ultimas intervenções dos meus colegas de Masmorra, permitiram a todos os nossos cegos e inúteis seguidores, a tomada de conhecimento de eventos passados onde nós (os três), à semelhança de tantas outras ocasiões, tomamos o curso da história nas nossas garras e moldamo-lo à nossa feição, majorando o sofrimento dos povos e deixando a marca do tridente bem vincada nas suas cabeças.

Parece-me agora apropriado referir, um outro momento que tomou lugar em tempos ancestrais, ainda antes dos aqui relatados, e que levanta o véu sobre outra faceta menos sanguinária e facínora do nosso temperamento.
Apesar de conseguirmos ser umas verdadeiras bestas em batalha e uns porcalhões noutras ocasiões públicas, temos também um lado refinado e elegante. Há momentos em que um Diabo tem que saber estar! Maneiras educadas e um sorriso sempre prestável são armas avassaladoras na prossecução dos objectivos do Demo.
Falo-vos do evento, realizado no fim-de-semana passado como já deveis ter adivinhado, e que reuniu uma vasta multidão numa cerimonia, que apesar de hedionda tem os seus objectivos claros (e necessários).
Como sabeis, há um novo diabito em potencial no nosso âmago. Ainda sem denominação oficial (chamemos-lhe apenas “diabito”), este novo ser é um real depositário das mais infernais esperanças.
Mas, para arquitectar o seu disfarce, tornou-se necessário simular determinadas cerimónias, tais como isso do baptismo com ah..ahmm água benta, se permitem a expressão.
A farsa, suficientemente constrangedora por si só, decorreu então com o máximo de discrição no terreno do adversário, e onde nós os três comparecemos quais guardiões, para garantirmos que não haveria excessos desnecessários.
A prova, de como foi importante a nossa nefasta presença, esteve bem patente no momento em que o padreco destacado para a condução do embuste, se entusiasmou e proferiu para a vasta multidão as palavras “renuncias a Satanás?” tentando apanhar-nos em falso! Mas um Diabo da nossa estirpe não dorme, e a resposta que obteve foi um tremendo som de tosse de catarro emitido em uníssono pelas nossas gargantas e que abafou por completo os débeis “sim renuncio” que ainda se formaram, ao de leve, nas vozes de alguns dos presentes.
Outro momento importante, esse quando o diabito recebia a enxurrada pelo crânio abaixo e num relance já denunciador da sua verdadeira natureza, trocou olhares cúmplices simultaneamente com os três. Recordo que nos encontrávamos estrategicamente em locais opostos do recinto...
Mas pronto, o padreco foi castigado e sumariamente afastado do repasto que se seguiu, onde nos foi permitido ingerir doses consideráveis de alimento e álcool e assistir a alguns momentos bem dispostos de animação infernal, que o Diabolicus nos proporcionou, tais como a levitação do Maléfico pelo recinto e a combustão espontânea de milhares de pacotes de chá. Agradável!

Quanto ao verdadeiro baptismo do Diabito, deverá ter lugar daqui a 15 anos, quando ele tiver as suas primeiras asas escamosas, e no qual será devidamente acompanhado pelo Diabolicus, seu recentemente empossado, padrinho de fogo.
Esta honra foi conquistada pelo dito após uma acesa disputa entre nós, que como habitual terminou à pedrada, e no fim da qual todos acordamos amigavelmente e em consenso que assim seria.

4 comentários:

Diabolicus disse...

Sem dúvida sublime este relato desse dia histórico.

Muito havia para dizer e direi oportunamente. Agora estou atrasado para mais um massacre que o Maléfico combinou.

Quem sabe se daqui a 15/16 anos este diabito não terá outro para lhe fazer companhia e com o devido acompanhamento, formarem uma parelha tão destruidora quanto os seus antecessores...

Recordo o episódio como se amanhã fizesse uma semana, por isso não me poderia esquecer do silêncio cumplice que o diabito fez aquando da referida pergunta.

Até eu fiquei instado a agir naquele momento, mas não me quis pronunciar e estragar a farsa. Afinal de contas era o dia dele, e aquela resposta disse tudo, àquele que em representação de outras tribos estava a tentar desviar o nosso mais recente produto das formações.

Diabolicus disse...

Olhando agora para trás, retrocedendo no tempo milhões de séculos até ao dito acontecimento da semana passda, só consigo pensar que fomos desmascarados de alguma forma..

O padreco sentiu-se fortemente ameaçado naquele feio antro e percebeu que estavam presentes enviados do outro lado..o nosso.

Talvez por isso repetiu, não uma mas 2 vezes a referida pergunta. Nunca tal vi.

Quanto ao baptismo destaco esta oportunidade do diabito ser citado em sede própria, i.e., precisamente aqui na Masmorra.

Estou certo que quando tiver uma noção mais clara do que o rodeia, rejubilará ao verificar a homenagem que lhe foi prestada.

Uma forte pancada nas costas por isso, para si Mafarrico.

\m/afarrico disse...

Sim, sou levado a concordar consigo. A nossa presença terá sido eventualmente notada.
A verdade é que individualmente, é-nos particularmente facil a pratica da arte do disfarçe e da presença subrepticia. Mas os três, simultaneamente presentes, e num espaço tão exiguo... foi demasiada energia a latejar para não ter sido sentida pelo adversario.
Mas é positivo que eles sintam que não temos qualquer receio na confrontação, e que entramos de peito feito pelos seus templos adentro.

Maléfico Patético disse...

eu estava a dormitar nessa altura, quando acordei meio estremunhado e ainda com pouca noção de onde me encontrava, baralhei-me um pouco e batendo palmas gritei "BIS!BIS!"

terá sido por isso que o individuo repetiu a pergunta ...