terça-feira, 30 de março de 2010

As origens - episodio numero um

Muitas têm sido as questões levantadas em torno da misteriosa e profana origem da Masmorra Infernal do Sr. Satanás.
Desde tempos imemoriais, que estes que povoam este antro, dominam os desígnios se não de toda a humanidade, pelo menos de quase toda. Isto é naturalmente susceptível de levantar a mais tormentosa das curiosidades nas mentes submissas:
“Mas afinal como foi que tudo começou?”, “De onde raio é que saíram estes cromos?”, “Como agradar a tão poderosos e sapientes entidades (refiro-me a nós)?”. Estas e outras questões são audíveis nos olhares estupefactos e inquiridores que ladeiam os caminhos que trilhamos quase diariamente (às vezes não temos tempo).
Para apaziguar a dor e a urticária mental, que revolve cérebros tão débeis como são estes dos lêem estas linhas, proponho-me a fazer uma breve resenha histórica e recordar tempos idos. A ideia é a de que nos embrenhemos nas brumas negras do passado, e que assim todos fiquem a conhecer um pouco sobre a origem que a partir de agora passaremos a ter.
Tudo começou nas agrestes serras que povoam o interior deste país, ou de outro qualquer. Três pastorinhos (não confundir com os três pastorinhos) de origens humildes, a quem nada faltava, garantiam a sua subsistência e dos seus agregados familiares, passando longas férias de Verão onde calcorreavam as ditas serras, e conduziam imensos rebanhos de animais de pasto. De entre esses seres ruminantes, das mais variadas espécies, encontravam-se aqueles que porventura seriam os mais exóticos de todos: cabras e ovelhas! Estas, não só completavam o vasto rebanho de girafas, zebras, gnus e morsas, como porém se distinguiam das demais pela sua capacidade natural de se adaptarem ao clima e ao meio ambiente envolvente.
Desde cedo, os três pastorinhos aprenderam que os hipopótamos e os elefantes tinham grandes dificuldades em saltitar por entre os altivos penedos, assim como as espécies mais rasteiras se atrasavam sistematicamente, ficando presas por entre o denso tojo.
Mentes ágeis e bem adaptadas às agruras da vida na selva, os três pastorinhos (a quem daqui em diante me referirei simplesmente por – os três pastorinhos), após selecção apurada, mantiveram apenas as referidas cabras e ovelhas e abandonaram à sua sorte os restantes.
Daí em diante, cruzaram montes e vales, lenta mas tenazmente, guiando o gigantesco rebanho, seguindo sempre em linha recta sem se deterem perante nada nem ninguém, apenas voltando a casa em cada final do dia para jantar (a avó deles a isso os obrigava).

Com o passar dos tempos, a implacável lei da selecção natural iniciou o seu superior trabalho por entre os elementos do grupo. Os animais mais fracos começavam a ficar para trás, e sucumbiam naturalmente aos violentos espancamentos que os três pastorinhos lhes infligiam. Á medida que progrediam na sua apoteótica caminhada pelas serranias, os três pastorinhos e o seu cada vez menor rebanho, deixavam um rasto de cadáveres de ovinos e caprinos. Reza a lenda, que eles próprios terão seguido esse rasto como orientação na sua sangrenta progressão.
(continua...)

2 comentários:

Maléfico Patético disse...

Não terá sido bem assim que tudo se passou ...

Dito isto, só me resta apontar a inteira veracidade de tudo o que foi relatado e esperar pelo capitulo seguinte.

Diabolicus disse...

Mais um relato apoteótico de histórias imemoriais bem guardas na nossa prodigiosa memória.

Este muito bem o colega Mafarrico ao recordar-nos de todos esses animais energúmenos que andavam à nossa volta e que deixamos para traz putrefactos.

Belas memórias foram reavidadas.