O que incomoda Maléfico no trabalho de Stanley Kubrick sobre o colega Jack Torrance (no brilhante The Shining), é que o colega Jack Torrance não faz nada bem feito.
Bem vistas as coisas, e acreditem que já as vi bastantes vezes, o Jack limita-se a vaguear pelo hotel sem perceber muito bem o que se passa, vários colegas dão lá um salto de propósito para lhe darem umas luzes e ele sem captar o que é preciso fazer, a mulher e filhote moem-lhe o juízo até mais não e ele ... nada. Apanha com um taco de basebol na cabeça e deixa-se fechar na dispensa como um amador.
O final é de bradar aos infernos, quando todas as forças do mal já perderam a paciência para qualquer subtileza e, basicamente, lhe passam com um machado para as mãos e apontam para a mulher e criança, o melhor que ele consegue fazer é partir uma porta e ir dormir um soninho reparador ao relento. Tudo igual, um Jack Torrance a menos.
Acho injusto todo o sucesso que este Jack tem, parece-me que poderia, e deveria, ter feito melhor. É certo que ele ainda abre a barriga a um, mas esse põe-se mesmo a jeito e era cozinheiro, e dar cabo de um cozinheiro quando se tem um machado a mais não deve ser assim tão difícil.
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5 comentários:
Antes de mais, gostaria de salientar a estranheza que me assaltou quando os meus olhos caíram sobre o título deste post. Agradavelmente surpreendido por tão raro assomo de originalidade por parte do colega Maléfico, recolhi ambos globos oculares, recoloquei-os nas respectivas orbitas e prossegui a leitura subsequente. Fiquei então mais elucidado e o efeito surpresa esbateu-se um pouco quando percebi que nada relaciona o conteúdo do referido post com tão postrockiano título.
A película cinematográfica que refere – “o shinning” – é de facto um filme de culto mas que termina mal, como muito bem refere! Na correctíssima análise que fez ao perfil desleixado do Jack, faltou mencionar que pelo meio de toda a incompetência, ainda se deixou ferir (não gravemente infelizmente) pela mulher franzina e em estado de histeria a quem ele tentava inutilmente aplicar uma machadada.
Para além da patética personagem há que referir o para sempre famoso “REDRUM, REDRUM, REDRUM!”, e o bestial triciclo com que o petiz circulava a velocidades moderadas pelos desertos e infindáveis corredores do assombrado hotel.
originalidade? como se deixou enganar ante a perspectiva de tal acontecimento?
não será um dos nossos pilares criativos o lema : "originalidade zero"?
a mulher histérica com a sua voz esganiçada é realmente um dos factores perturbadores nesta historia. cada vez que ela abre a boca desejamos fortemente que o jack faça o seu trabalho e a incapacidade em o fazer muito nos irrita. Talvez se a dama fosse uma beldade bem-falante não nos importassemos tanto que o nosso enviado fosse cortado em vez de machadar.
o triciclo é bem sopimpa.
Penso que atingimos um patamar de sublime destreza na arte da manipulação dos vocabulos escritos, que nos permite levantar algumas das mais severas restrições que nos impusemos desde o inicio.
O lema da "originalidade zero" poderá eventualmente ser substituido pelo da "quase nenhuma originalidade".
Que lhe parece? Suficientemente repetitivo e pouco original?
"falta de originalidade quase total"?
Não me ocorre nada melhor para qualificar a ausência de novas ideias do seu comentario: Chato e quase repetitivo?
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