Esta noite deu-se mais um concerto a que assisti no âmbito dos concertos "óqueselixebousozinho". Foi o segundo no espaço de uma semana e a verdade é que já me sinto um veterano neste tipo de espectáculos. Desta vez o mote era a apresentação do novo disco dos amigos Mão Morta - Pesadelo em Peluche.
Dirigi-me pela primeira vez na minha vida ao Coliseu dos Recreios, quando Aquilani marcou o primeiro golo da sua equipa estava dado o sinal para Maléfico se dirigir ao imponente edifício. Maléfico entrou, viu e ficou agradado com o espaço, sirandou um pouco pelo recinto e apanhou a costumeira seca monumental dos concertos "óqueselixebousozinho".
A massa humana estava composta por variadíssimos tipos de gente e em bom número, pelo que se adivinhava um espectáculo com o bom ambiente já associado a Adolfo e seus companheiros de palco, que para lá subiram e se lançaram sem demoras a dois clássicos : Oub'lá e E Se Depois - foi talvez o momento em que se notou mais entusiasmo do público, se duvidas houvesse quanto a adoração pelas musicas ancestrais desta banda elas estavam dissipadas e o colectivo podia assim avançar para a apresentação de músicas mais recentes. Fizeram-no com Teoria da Conspiração e Penitentes Sofredores, duas musicas de qualidade do seu mais recente álbum, que foram afectadas pelo mau som que emanava das colunas, refreando desta forma o ânimo dos fãs.
Uma pausa para mais uma preferida do publico, foi a vez de Tu Disseste, com a audiência a entoar desenfreadamente o costumeiro "NADA!!!", um pouco fora de tempo mas sempre agradável, antes de retornarmos ao recém-nascido Pesadelo Em Peluche com um trio de canções - O bonito Seio Esquerdo De R.P., Fazer de Morto (com Adolfo a explicar-nos que tal prática é "salutar e higiénica") e, por fim Como Um Vampiro. Debruço-me sobre esta última para partilhar o meu desagrado com a versão que está gravada no disco, a participação especial de Fernando Ribeiro nas vozes não é do meu agrado. No entanto sempre me pareceu, e disse-o várias vezes (se calhar foi só uma), que uma versão ao vivo e só com Adolfo a vocalizar poderia tornar esta música em algo muito interessante. O que aconteceu ontem? O Morcegão Luso himself subiu ao palco e conseguiu estragar a musica igualzinho ao que estraga no CD.
Depois disto dir-se-ia que as coisas só poderiam melhorar, mas a sucessão de Budapeste com Novelos Da Paixão estenderam um pouco o ponto baixo do concerto, digamos que não foi um ponto, foi uma linha. Ainda me lembro de Adolfo aqui atrasado num concerto responder aos pedidos incessantes de "BUDAPESTE BUDAPESTE!!!" com "Budapeste? Matem esse gajo!", mas pronto, ultimamente a musica voltou aos alinhamentos e nós perdoamos, o Morcegão é que pode ficar em casa da próxima.
Tardes de Inverno continuou a apresentar o novo Pesadelo, que ficou bastante bem apresentado, em grande estilo. E a partir daqui foi um desenrolar de clássicos e favoritos, quando soam os primeiros acordes de Em Directo (para a teelvisão) perdoa-se tudo o de menos bom (alguns enganos pelo meio) e a sucessão de Amesterdão, Barcelona, Vamos Fugir, Cão da morte e o pesadissimo Anarquista Duval voltam a trazer o entusiasmo e até algum frenesim à audiência. Com músicas destas qualquer concerto de Mão Morta é um espectáculo imperdível.
Fez-se o truque do encore e quando Pesadelo em Peluche parecia já estar a descansar a banda brinda-nos ainda com dois temas de lá retirados. Tiago Capitão e Paisagens Mentais. Tiago Capitão é uma daquelas musicas de excelência que na primeira audição se torna um clássico instantâneo, uma musica fenomenal que ao ser apresentada pela primeira vez ao vivo viu o seu coro entoado pelos presentes numa prestação magnifica. O ponto alto da noite e, quer-me parecer, uma música que não abandonará mais o set-list. O disco apresentado estava arrumado e ainda havia tempo para mais um clássico, o nosso amigo Canibal apresentou 1º de Novembro e o público agradeceu entoando a musiquinha a ela associada.
Encore 2 - e a banda reentra com a música que, para mim, melhor representa o que são os Mão Morta, a selvagem Quero Morder-te As Mãos. Eu já estava satisfeito mas o público pedia insistentemente, e até um pouco histericamente, a Lisboa (talvez por estarmos em Lisboa e eles serem lisboetas, não sei) mas o vocalista anunciou uma "anestesia geral" e a banda lançou-se em Velocidade Escaldante. Não desesperem, há tempo para mais uma, os pedidos de Lisboa ainda se ouvem em peso, Mão Morta são uma grande banda, em comunhão com os fãs e despedem-se com a excelente Charles Manson. No fim houve vénias e aplausos, não houve uma apoteose como já foi visto em anteriores concertos mas houve muitas caras satisfeitas por mais uma grande noite na companhia de Adolfo e seus companheiros.
Ao chegarmos à rua damos de cara com o néon e cartazes cor de rosa do La Feria. Ironia? Pesadelo em Peluche estava apresentado.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
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4 comentários:
Macacos infernais o mordam, caro Maléfico, se esta não é a melhor crítica a um concerto dos Mão Morta em Lisboa, em que tenha entrado o Morcegão, que alguma vez se deparou perante o meu vago e apagado olhar.
Com conteúdos deste nivel, corremos o risco de a Masmorra ser a nova Meca dos infieis, se é que ainda o é!
Teve V/ Ex.a a arte de despertar em mim a vontade de observar tal evento ao vivo e de pontapear o morcegão com violência! Simultaneamente!
Não fosse eu um Demónio da estirpe que sou, e condesceria a um subtil aceno de cabeça, como sinal de aprovação. Mas não o vou fazer.
Queira o experiente colega nas artes do sublime "óqueselixebousozinho", facultar o acesso à rodela plástica que encerra esses mais recentes opus musicais dos prezados MM.
Aguardo...
Caro Maléfico tem a memória fresca V.Diabrura.
Este relato mais parecia um relato de um desafio de futebol, explicando a jogada e todo o desafio, passe a passe, jogada a jogada e remate falhadoas a seguir a remate falhado.
Faltaram portanto os golos a este relato e pareceu-se que o colega não se deslumbrou..
Ahah, era um piada, como é óbvio não é fácil deslumbrar o Maléfico nem qualquer um dos seus comparsas.
Irei ausentar-me por um pouco mais de 160 horas, espalharei o ódio e a inveja pelas estepes Russas com brio como é meu apanágio.
Será com certeza mais uma missão bem sucedida!!!
Cento e sessenta horas de ausência.
Nada de mais quando comparado com aquilo a que já nos habituou o colega Diabolicus.
Agoras nas amenas estepes Russas? Isso traz-me algo à memoria.
que tenha uma jornada as estepes russas tão proveitosa quanto a que eu tive da ultima vez que lá fui.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Evento_de_Tunguska
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