domingo, 29 de março de 2009

Alcides Pinto

Quem foi Alcides Pinto?!

Há muitos e longos anos, num determinado dia à noite, recebi o chamamento do Sr. Satanás.
Estando eu ainda, numa fase embrionária da ascensão meteórica da minha carreira ao serviço das Trevas, não me terei apercebido de imediato da urgência de tal chamado, pelo que proferi as palavras: “ o quê!?”, ao qual o Sr. Satanás respondeu veementemente “anda cá, já disse!”.
Vi-me então reunido em negro concílio, com outros demais, escutando atentamente as palavras com que o Mestre nos bafejou então, com seu hálito bafiento que tanto nos repugna e inspira.
O mandamento era o de buscarmos novos servos e aliados, não entre as vulgares e inocentes vitimas das nossas investidas, mas desta feita, directamente ao núcleo duro do inimigo, tresmalhando as suas ovelhas. O efeito procurado era o de simultaneamente fortalecer as nossas hostes e enfraquecer as dele. Economias de escala, portanto.

Foi assim que me saiu em sorte esse personagem, sobre o qual deveria incidir a minha atenção e responsabilidade de atrair para o nosso lado. Sempre causando o máximo de dor e consternação. Vi-me destacado numa lúgubre e interior localidade rural, onde predominava o temor a deus e onde a igreja e o seu amplo adro, eram o centro nevrálgico de toda a actividade diária dos seus tristes habitantes.

Entre eles, destacava-se esse sobre o qual se centraria a minha atenção: Alcides Pinto!

Alcides Pinto era um homem de palavra. Religioso (entre todos o maior), baptismo feito, comunhão e casamento, nunca esqueceu o caminho do senhor. Assíduo á missa, católico e crente. Alma divina e coração leal, nunca passava sem confessar-se e comungar.
Fazia tudo para se livrar do Mal.

Quando me deparei com o perfil casto e vontade férrea deste personagem, percebi o quão difícil seria este desafio que o Mestre me lançara. Mas a minha força de vontade demoníaca e o meu carácter malévolo, não me deixaram desanimar nem lançar o tridente ao chão. Astutamente aguardei e longamente observei, à procura de um ponto fraco por onde lhe pegar.
Foi então que tomei conhecimento com sua mulher, Fátima de nome.

Para ele a sua alma estava pura, mas lá na aldeia já todos sabiam que ela não passava de uma miserável criatura.
Não era santa e muito menos virgem e enquanto Alcides estava no confessionário a redimir-se humildemente dos pecados, ela encornava-o em casa com o vigário.

Num lampejo de genial bestialidade, digno dos melhores artifícios de maldade, passei à acção e com um mordaz e sádico plano, confrontei este venerável homem com a realidade nua e crua. Religioso, homem de palavra, Alcides Pinto era um verdadeiro crente. Assim que soube a mulher o enganava, ficou passado e deu-lhe um baque de repente. Dizem na aldeia que ficou fora de si. Fechou-se em casa pelo menos por 6 dias. E só ao fim do 6º é que saiu à rua, sujo e barbado, pregando heresias.
Os habitantes temendo a sua raiva, julgando estar Alcides amaldiçoado
não arriscaram, mantiveram-se á distância, e limitaram-se a segui-lo com cuidado.

E assim seguiram como uma espécie de cortejo, a testemunhar o crime daquele anti-cristo. Alcides Pinto pegou fogo á igreja, depois fugiu e nunca mais foi visto

Reza a lenda, que privados do seu centro de oração, os restantes habitantes se entregaram por completo ao deboche e à adoração do Demo, executando desavergonhadamente os nossos bem conhecidos ritos de iniciação. Mas isso, ficou já a cargo de legiões de intervenção mais operacionais (as LI+O) pelo que me pude retirar para a Masmorra para um justo e merecido descanso.

E foi assim meus caros, que terminou com rotundo sucesso, mais uma missão que o Grande Chifrudo, entregou a este vosso humilde colega.

Esperando ter-vos inspirado mais uma vez, deixo-vos agora, com uma singela homenagem que o agrupamento musical Peste & Sida me prestou em tempos, adaptando ao seu cancioneiro esta inspiradora história da qual vos deixei aqui relato:


2 comentários:

Maléfico Patético disse...

meu desprezível colega,

que bela história nos trouxe, tem pontos de contacto com o que tem vindo a ser falado anteriormente e também com outras vivências da existência demoniaca. Como a parte do antro igrejal em chamas que imediatamente nos tranporta imediatamente para terras norueguesas onde aqueles petizes fizeram aquelas traquinices.

e tambem penso ser o próprio padre guinan de quem falei no post anterior a aparecer no minuto 2:03, corrija-me se estiver certo

\m/afarrico disse...

Corrijo-o com certeza e desde já, sem necessidade de qualquer visualização extra do vídeo em anexo! Isto porque um Demónio da sua estirpe não se engana nunca e nunca mais é chegado o momento para o corrigir.

E que belas recordações essas que nos traz, dessas pequenas malvadezas que a nossa prole norueguesa andou para aí a fazer. Parece-me até que o Varg Vikernes irá em breve ser libertado, após uns simbólicos 16 anos nos calabouços, em virtude de umas igrejasitas em chamas e umas navalhadas mal dadas.