quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Confissões de uma Besta (suficientemente louca para viver entre os homens)*

Todos nós, Demónios de alta estirpe, sentimos por vezes a necessidade de confessar uma certa dificuldade para viver entre os miseráveis humanos.

Se o Maioral nos enviou para fazermos deste um mundo pior, é notória a frustração de não haver grande coisa para fazer, porque tudo já está a ser feito pelos mesquinhos, violentos e estúpidos habitantes deste planeta. Os nossos inimigos parecem já estar a tirar-nos todo o trabalho de lhes atazanar a vida, auto-infligindo-se com os mais variados esquemas de tornar as suas próprias vidas mais infelizes, deixando-nos assim com a dificil tarefa de escolher um m.o. que ainda possa ter algum efeito acrescido.

Conhece o teu inimigo (já diziam os antigos esquimós do Panamá). Este ensinamento, se levado à letra , leva-nos à conclusão, que poderá ser uma mais valia conhecer as confissões mais intimas dos próprios homens e mulheres com que, infelizmente, co-habitamos para melhorarmos as nossas técnicas de miserabilização da vida humana. Descobrir o que lhes vai na alma, para assim a podermos esmagar ainda mais e melhor.

Cheguei à conclusão que temos duas vias para chegar ao total conhecimento da alma humana no que toca as mais intimas confissões:

- Ler a brilhante obra de Jean Jacques Rousseau - "Confissões" - A tal que se inicia com "I was the unfortunate fruit of this return, being born ten months after, in a very weakly and infirm state; my birth cost my mother her life, and was the first of my misfortunes." e onde ao longo de 11 livros temos uma vista priveligiada sobre a alma humana através das várias confissões e pensamentos deste filosofo pensador.

- Visitar este estúpido site : http://www.euconfesso.com/

*É sobejamente conhecida a inspiração para este titulo, com uma tão filosófica entidade de origem não é de estranhar que posts sobre temas espirituais polulem na Masmorra.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

ref discografica 666 - como não fazer uma capa

Os Iron Maiden têm um novo album.
Isto só por si na verdade, não é nada de especial. Afinal de contas já é o 26º em 30 anos, contando com os “albuns mesmo”, os “ao vivo”, os “best of” e outras coisas incriveis que a EMI se foi lembrando, para ter sempre um disco dos Maiden à venda em cada Natal.

Acontece no entanto, que os Maiden são uma banda de culto dentro do género. Os criadores da NWBHM (do metal)! Uma referência para toda uma geração de musicos, e não só, que se lhes seguiu. Uns Senhores a bem dizer!
Sendo Mafarrico um Diabo culto e atento, obviamente que domina por completo todo o universo de informações que orbita em torno do imaginario musical criado pelos IM. Assim, há que dizê-lo, um disco dos IM nunca passaria despercebido a Mafarrico, assim como Mafarrico nunca passaria despercebido aos IM (tiveram mesmo a oportunidade de me ver num efémero encontro em Vilar de Mouros, aqui há uns anos. É perguntar-lhes.).
Apesar da intensidade do impacto emocional, sempre que há novidades destes jovens diabos, se ter vindo a esbater e já não ser a mesma de há 20 anos, e de a extensa discografia IM repousar já coberta por espessa película de pó nas negras estantes da Masmorra, não é menos verdade que impera sempre alguma curiosidade na pérfida mente de Mafarrico, sempre que ecoa o pregão “novo album dos Maiden”.

Mas, prezado colega que segue atentamente estas linhas, algo diferente se passa desta feita. Siga, se tal lhe for possível, o meu raciocínio, passo a passo até à brilhante conclusão no qual culmina de forma peremptória.
Tendo entrado eu, numa enormíssima e desconhecida superfície comercial, onde humanos ignorantes adquirem rodelas musicais em troco de avultadas quantias de moeda, vejo-me confrontado com a inquietante presença de um cartaz de generosas dimensões, que anunciava a todos os passantes, o dito lançamento do novo album dos IM! Para além do referido cartaz, o cenário era composto por vastos escaparates carregadinhos de dezenas e dezenas de exemplares do anunciado cd e diversos pontos de escuta, onde, de forma gratuíta, era permitido aos mais curiosos, escutar na integra, se assim o pretendessem, todas as futuramente famosas faixas musicais.
E foi aqui que teve início a estranheza do sentimento que se apossou da minha mente. Algo de inesperado conjurou-se perante o meu olhar e preencheu o meu espírito de uma sensação que se pode resumir em total e absoluta... indiferença.

E porquê tal desprezo, se nem sequer uns breves segundos havia escutado de tão admirada e estruturalmente importante banda?
Após breves fracções de segundo de introspecção e busca pela verdade, eis que percebo o que estava errado em tão caricata situação.
Vejamos, no placard estava representado em tamanho XXL, a art-work da capa caro colega. A capa do disco.

Durante os primeiros anos de existência (digamos os primeiros 10/15), os IM, paralelemente à sua progressão/crescimento musical, souberam explorar na perfeição o conceito de conceptualização das capas dos seus albuns, usando a famosa mascote Eddie como elemento transversal que, pela mão do mítico Derek Riggs, aparecia como se mais um elemento da banda se tratasse.
De forte impacto e com excelente resultados, esta formula foi repetida uma e outra e outra vez, até se tornar chata, desinteressante e inadequada.
Claramente que os IM falharam ao não terem tido a coragem de mudar o estado das coisas. Se musicalmente, até se aceita que apesar de assentarem as suas formulas num genero estremamente bem balizado, são suficientemente progressistas e inovadores para continuarem a ser interessantes e uma referência, no que concerne ao grafismo e imagem a que continuam presos são do mais monótono e quase infantis. Compreende-se que entendam que esta seja uma forma de atrair jovens na casa dos 15 anos, para quem o Harry Potter e a saga Twilight são o que está a dar, mas não deviam descorar o impacto nefasto nos fãs com mais de 20 anos (de idade).



2010


1980

E foi assim que Mafarrico, após breve pausa de fronte do referido escaparate ironmaidiano, estugou o passo e seguiu pesarosamente em frente sem prestar mais atenção aos IM e à sua propaganda infantil. Nem mesmo a aparatosa queda de todo o cenario, causado por um ligeiro toque de cauda num dos apoios, foi motivo para o mais subtil olhar para trás.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

The first weed


A masmorra é o nosso lar. Nojenta e putrefacta, é certo, mas por isso temos tanto orgulho nela. Orgulho e não só. Temos também lá outras coisas que até dão jeito. Mas não temos plantas.
As plantas são, de todos os seres vivos verdes, aqueles que melhor vegetam. Essa característica está de tal forma vincada no seu comportamento social, que chegam mesmo a ser designadas por vegetais. Letárgicas na sua postura, vigilantes e observadoras, têm tendência para se aglomerarem em conjuntos autistas também conhecidos por jardins.
Não se pode dizer que sejam muito demoníacas na sua actividade. A cor não ajuda e a sagacidade do seu raciocínio vs. alguma falta de impulsividade e ímpeto, justifica de alguma forma o esquecimento a que esta subespécie tem sido dotada pelo nosso Chifrudo Maior. Há no entanto algumas raras e honrosas excepções. Entre essas destacam-se as ervas daninhas.
As ervas daninhas caracterizam-se pela sua espontaneidade, estoicidade e por serem não desejadas. Absolutamente resolutas e de vontade férrea, adoram destruir a indesejável harmonia dos belos jardins e relvados, que os seres humanos insistem em dedicar os seus esforços como forma de preencher os vazios que são as suas vidas e baldios.
Se estas características não bastassem para provar a verdadeira natureza satânica das “weeds”, há ainda a acrescentar o facto de que Mafarrico gosta delas.
E é por isso e por tudo o que foi dito até agora, que venho soberbamente apresentar perante vós, o testemunho fotográfico, dessa que é a primeira guarda avançada do reino Infernal Vegetal a avançar no terreno a que agora denomino por “o meu jardim”.
Esse, que ainda permanece como um terreno seco e agreste, em breve estará coberto de silvas, giestas e fetos selvagens. O projecto é ambicioso e laborioso. Aguardam-me duros dias de espera e observação descuidada, mas os fins justificam os meios!
Aguardem pois meus prezados colegas, que em breve nascerá aquele que poderemos desde já apelidar de O Jardim Infernal do Sr. Satanás!
Desde já votado ao lazer e preguiça, esse nobre espaço será o palco privilegiado de desgraçadas patuscadas e sornas imensas.
Esperemos pois que as ervas daninhas ouçam este chamamento e acorram em massa para mais um trabalho do Demo.

domingo, 5 de setembro de 2010

Factos teóricos

Existem neste mundo duas teorias acerca da forma como os reles humanos se materializaram e apareceram no planeta a que se convencionou chamar "Terra", altura a partir da qual se dedicaram a partir isto tudo.

A teoria da evolução, obviamente errada.

A teoria do criacionismo, que explica a forma como o deus que nesta altura ocupa o cargo criou tudo e todos num dia, ou dia e meio, já não me lembro. É precisamente esta e outras pequenas dúvidas que deveriam ser discutidas para que a forma como o velhote criou o ser humano fosse clarificada e não houvesse mais ninguém a aparecer com teorias absurdas.

É aqui que entram os Charger. Os Charger são uma banda britânica que num mundo perfeito teriam uma longa carreira de milhões de LPs vendidos e centenas de concertos em estádios pelo mundo fora a debitar a sua sonoridade para multidões extasiadas (sonoridade essa que se pode colocar entre uns Iron Monkey bem dispostos e uns Eyehategod com cólicas) . Mas o mundo não é perfeito, por isso os Charger apenas lançaram um LP e um EP, perecendo após meia dúzia de anos onde se fartaram de tocar em caves imundas para meia dúzia de energúmenos. É pena, porque na segunda música do seu LP, estes rapazes lançam uma interessante teoria sobre a teoria do criacionismo que, se ouvida por um maior leque de pessoas que não fossem totalmente idiotas, poderia ajudar a re-lançar o debate e, quem sabe, clarificar de uma vez por todas este dilema que desde tempos imemoriais se abateu sobre os mais pensativos pensadores.

Deixo-vos portanto com os Charger e o seu brilhante e metafisico tema : "God Made Us In The Image Of His Ass".