segunda-feira, 24 de maio de 2010

Por um mundo pior

Após vários anos a evitar o desastre que tem sido o festival Rock In Rio, sentimos chegar a altura de reconsiderar a visão que temos de tal evento quando se abateu sobre nós a poderosa notícia da vinda do colega Lemmy Kilmister. Logo aí se formaram nos nossos belos cérebros pensamentos contraditórios e a reflexão sobre a filosofia e qualidade deste evento tornou-se necessária. Ir ou não ir? Esta é a questão - ou era.

A verdade é que o slogan "Por um mundo melhor" que ao festival estava associado fazia-nos fugir daquilo como nosso maior costuma fugir das cruzes, mas por de baixo desta frase feita, e pensando um mínimo no assunto, torna-se claro que o festival nunca tornou nada neste mundo melhor e nem sequer se esforça para isso. São milhares de pessoas a gastar dinheiro em futilidades e a sujar espaços verdes, decibeis em excesso - debitados através de música na sua maioria detestável e espaço televisivo ocupado por idiotas com óculos em forma de guitarra eléctrica a dizer as parvoíces que lhes ocupam a mente. Pensando assim, e sem mais demoras, já é possível nutrir a simpatia minima pela coisa e já lá podemos ir dar o abraço que o sr. Kilmister vem ansiando faz algum tempo (muitos dizem que a longevidade da sua banda se deve ao facto de nunca ter tido mais de um colaborador da masmorra num dos seus espectáculos).

No dia em que milhares de pessoas nos poderão ver no recinto iremos ignorar os sofríveis Soulfly, erguer os nossos punhos de ferro para os colegas Motorhead, apreciar por demais mas com face de quem não aprecia a música do cristão novo e bastante estúpido Dave Mustaine e comungar com os Rammstein, que com certeza irão fazer descer sobre os presentes o espírito do festival em momentos como este:

sexta-feira, 14 de maio de 2010

mensagem ao Sr. Bento Benedito Dezasseis

No seguimento do anterior Post do venerável Maléfico, apresentou-se-me como urgente fazer um grave esclarecimento a toda a comunidade que nos segue e escuta e também a si Sr. Bento 16.
Ao contrário do que se possa pensar, a Masmorra é um antro aberto a todos os credos e religiões. O facto do Sr. Bento ser o representante máximo da igreja católica, não lhe veda de todo, o acesso a este nosso espaço que se quer ecléctico, pestilento e reverberante de heavy Metal.
Por isso Sr. Bento, aproveite a sua estada neste prazenteiro local e venha até à Masmorra!
Não se preocupe com os formalismos! Temos um ritual de recepção digno e condicente com a sua altíssima posição na hierarquia eclesiástica. À chegada será recebido por nós os três (em formação circular) e ser-lhe-á aplicada uma estrondosa salva de valentes sopapos no cachaço, após o que será conduzido, por mim próprio, ao topo de um pórtico por nós denominado de banquinho de madeira (tipo da cozinha).
De seguida receberá, das mãos de Maléfico, o honorifico galardão "corda entrançada de ráfia" que lhe será submissamente colocado à volta do V/ santíssimo pescoço. Para terminar a cerimónia com a máxima pompa, Diabolicus dará um sublime toque de requinte e respeito. Toque esse que, na forma de um violento pontapé, será aplicado no referido pórtico, onde V/Ex.a assentará nesse momento os gloriosos pés que o sustentam, e que será assim projectado (para longe). Mas atente que para sua segurança, o galardão que lhe foi humildemente ofertado por Maléfico estará devidamente fixado numa trave do tecto.
Para além desta singela homenagem, contamos bloquear o trânsito nas principais artérias da cidade e assim disseminar o caos e a confusão. É o que sabemos fazer melhor e queremos fazê-lo em sua honra. Sabemos que apreciará tal!

Por ocasião da visita do sumo pontífice ....

.... dedicamos-lhe estas homenagens que foram erigidas no tempo do seu antecessor mas que nem por isso precisam de ser esquecidas:







Nuclear Assault e Exhorder, duas bandas em sintonia.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

ref. discografica - experiência sónica simultânea

Estes diabitos ainda arranjam maneira de nos surpreender.

Os Rosetta vêm da terra do queijo (Filadélfia, USA) com um som assim a puxar a uns Isis/Neurosis e agradam ao gira-discos maléfico. Estilo abrasivo e ambiental, com originalidade q.b.e merecedor de ser ouvido por estas duas orelhas.

O que nos surpreende, a nós - Maléfico, é que estes petizes, na vanguarda da originalidade e penso que apenas copiando uma banda que já tinha feito isto antes, editaram o trabalho em formato de duplo CD. Até aqui nada de especial, o duplo CD existe desde que existe o CD, mas, dizem eles, o truque está em ouvir os dois (2) cds em simultâneo em duas (2) aparelhagens lado-a-lado. O mesmo número de faixas e o tamanho aproximado de cada uma delas contribuirá para que não seja tudo uma tremenda confusão.

É suposto que isto nos transporte para outra dimensão sonora e consigamos assim apreciar o requintado barulho de uma forma totalmente nova. Assim como se fosse um terceiro (3) cêdê.

Uma ideia deveras inovadora, na Masmorra estamos na primeira linha da divulgação, o facto de este trabalho ter sido editado cinco anos atrás apenas significa que os elementos da banda devem ter andado bastante angustiados por ter demorado tanto tempo a que o seu trabalho fosse mencionado aqui.

Eles que descansem, agora a Masmorra já tem um exemplar de The Galilean Satellites no seu armazém e só falta mesmo experimentar. Mafarrico, juntemos os nossos estéreos e ouçamos esta experiência sónica de poderoso som em sintonia épica.

Depois queixam-se dos terramotos.

terça-feira, 11 de maio de 2010

As sombras sobre Innsmouth ou a sardinha assada faz bem ao colesterol

O que faz perder o autocarro! É uma chatice. Que o diga Robert Olmstead, o narrador da história de Lovecraft que perdeu o 78 e teve de pernoitar na cidade com cheiro a peixe, Innsmouth.

É que os habitantes dessa cidade eram humanos híbridos, meio pessoa meio peixe, e tentaram entrar-lhe pelo quarto adentro a meio da noite, sabe-se lá para quê, o que o obrigou a fugir valentemente pela janela.

Durante a noite, enquanto escondido e em fuga, consegue ver algumas das bestas com guelras à luz das lanternas e desmaia. Depois acorda e foge. Aparentemente os homens-peixe não eram muito bons no encalço dos fugitivos que até desmaiados escapavam.

Mais tarde, julgando-se em segurança e atormentado por pesadelos piscatórios, descobre que afinal tem um antepassado em comum com a raça-peixe e vai-se transformando num deles, planeia então um regresso a Innsmouth para abraçar a cultura dessas bestas desumanas.

Uma bela história escrita por H.P. Lovecraft, aqui resumida por Maléfico e que já tinha sido musicada pelas fadas do heavy metal :

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Só trabalho e nada de brincadeira faz de Maléfico um demónio aborrecido

O que incomoda Maléfico no trabalho de Stanley Kubrick sobre o colega Jack Torrance (no brilhante The Shining), é que o colega Jack Torrance não faz nada bem feito.

Bem vistas as coisas, e acreditem que já as vi bastantes vezes, o Jack limita-se a vaguear pelo hotel sem perceber muito bem o que se passa, vários colegas dão lá um salto de propósito para lhe darem umas luzes e ele sem captar o que é preciso fazer, a mulher e filhote moem-lhe o juízo até mais não e ele ... nada. Apanha com um taco de basebol na cabeça e deixa-se fechar na dispensa como um amador.

O final é de bradar aos infernos, quando todas as forças do mal já perderam a paciência para qualquer subtileza e, basicamente, lhe passam com um machado para as mãos e apontam para a mulher e criança, o melhor que ele consegue fazer é partir uma porta e ir dormir um soninho reparador ao relento. Tudo igual, um Jack Torrance a menos.

Acho injusto todo o sucesso que este Jack tem, parece-me que poderia, e deveria, ter feito melhor. É certo que ele ainda abre a barriga a um, mas esse põe-se mesmo a jeito e era cozinheiro, e dar cabo de um cozinheiro quando se tem um machado a mais não deve ser assim tão difícil.