sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Natal negro na Masmorra




Pronto! Acabou!
Terminou mais um Natal, essa época festiva em que todos temos que simular um processo de reconciliação com tudo e todos e em que supostamente nos deixamos inundar por um espírito divino de amor pelo próximo.
Se isto já é suficientemente difícil e patético para os comuns mortais, imagine-se para nós Demónios… o esforço monumental a que nos prestamos para não nos desmascararmos. Afinal de contas, a hipocrisia que sagra na raça humana (a que muito nos deve), tem como apogeu esta fase natalícia, pelo que não nos é de todo conveniente contraria-la. Não será demais recordar-vos, caros colegas, que encapotados nesta dinâmica de amor fraternal e espírito cristão, jazem um negro instinto consumista materialista e uma devassa avidez de gula desenfreada. Apesar de os Demónios patronos destes vis actos não serem da nossa linhagem, respondem igualmente ao nosso Maior e portanto há que manter o embuste a todo o custo.
Foi então que, ao final do dia maldito, com um misto de alívio e satisfação, os três 6 desta Masmorra se juntaram mais uma vez em brutal celebração. Animados pelos néctares ardentes que íamos ingerindo e que nos percorriam as veias, descemos às catacumbas de uma qualquer masmorra emprestada e assistimos à performance cénica e musical dos Bizarra Locomotiva.
Uma verdadeira catarse tântrica foi o que aí se passou. O brutal desempenho deste agrupamento musical serviu para nos limpar das amarguras do período que então findava e simultaneamente para recarregar as baterias do ódio e da perfídia que procuramos manter sempre próximo do máximo.
Difícil destacar algum momento, de tão sublime e apoteótica que foi toda a prestação destes esbirros do Mal. Apesar de tudo e dado o acanhamento do espaço em que praticamente não havia distinção entre plateia e palco, atrevo-me a destacar alguns pontos mais negros: o arranque com o tema egodescentralizado que praticamente logrou isso mesmo, ie, arrancar-nos as cabeças à força dos decibéis excessivos, a queda do Rui Sidónio no chão por entre o publico onde permaneceu inanimado por largos minutos, a sonora cabeçada de BJ numa viga de ferro quando num épico momento cénico, foi elevado em ombros pelo Rui Sidónio (já recomposta da queda anterior), e a entrada de Fernando Ribeiro que vociferou em perfeita sintonia com Rui Sidónio o tema Anjo Exilado:
“Renego, Renego tudo, renego mais que tudo
Renego ao deus atroz em hora de assombro (…)”
E finalmente, aquele que terá sido o momento mais especial para todos os membros da banda. Tendo-se apercebido da nossa presença por entre o compacto público, passaram de imediato à interpretação do bestial Ergástulo! Era notório o orgulho com que dirigiam os seus olhares alucinados na nossa direcção sempre que o soava o refrão e se ouviam as elogiosas palavras a nós destinadas:
“Basta, sou estrume! Esta é a minha certeza,
Fertilizante orgânico, do Mal que tudo corrompe”
E foi assim, que terminada esta actuação destes Senhores do metal industrial, coadjuvados pelo cabecilha dos Moonspell, nos retiramos desse belo antro, mais sujos e conspurcados interiormente do que nunca, com o espírito natalício definitivamente decepado a jazer sob os nossos cascos e plenamente convictos de que o futuro é nosso e que o nosso Mestre terá porventura as piores razões para sorrir.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

ref. discografica 666 - um triunfante retorno ...

... à obscuridade.

Só este título já é digno da Masmorra Infernal do Sr. Satanás. É o título do último registo de originais dos norte-americanos Keelhaul,um petardo infernal que todos nós deveríamos auscultar com atenção. Riffs pesadíssimos e constantes mudanças de ritmo, executadas com mestria em longas secções instrumentais tornam este disco dos melhores que têm passado pelo gira-discos maléfico nos últimos milénios. Anda a rodar feito louco.

Loucos são os integrantes da banda, e como não chegasse o ritmo vertiginoso de todo o disco, nomes de músicas como "Everything's a Napkin" e "The Subtle Sound Of An Empty Milkshake" tiram as dúvidas quanto à loucura latente nas cabeças dos compositores.



Tive o desprazer de lhes comprar o cd em mão e devo dizer que toda a humanidade faria bem em escutá-lo pelo menos uma vez nesta quadra natalícia, para bem da música dita pesada e também (e talvez mais importante) da insanidade geral.



Para finalizar, e para cumprir o nosso dever para com a sociedade demoníaca, um lançar de trevas sobre o nome do agrupamento composto por estes excelentes músicos.

Keelhauling was a severe form of corporal punishment meted out to sailors at sea. The sailor was tied to a rope that looped beneath the vessel, thrown overboard on one side of the ship, and dragged under the ship's keel to the other side. As the hull was often covered in barnacles and other marine growth, this could result in cuts and other injuries. This generally happened if the offender was pulled quickly. If pulled slowly, his weight might lower him sufficiently to miss the barnacles but might result in his drowning.


Era só rir naquela altura, havemos de experimentar isto com um qualquer infeliz que não o mereça.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Uma questão assaz pertinente

como já sabem esta masmorra coloca as grandes questões da demoniosidade. Fazemos isto com imensos rodeios e com vista a tornar as respostas tão claras como um lamaçal em dia de tempestade.

A questão que coloco hoje é a seguinte:

Não será pouco lisonjeiro para o estilo de música designada como metal pesado, que a melhor banda de todos os tempos tenha sido a primeira?

Visualizem primeiro o video gravado no longinquo 1970 (belas recordações me trazem este ano) e respondam depois.



oh lord yeeeah

sábado, 5 de dezembro de 2009

Ref. Discografica 666 - Night is the new day



O que dizer deste novo trabalho dos Katatonia?! Nem uma só vez, ao longo dos 12 longos temas que compõem este álbum, são mencionadas as palavras Hell, Satan ou mesmo Devil... Sendo este um teste decisivo para que uma obra musical seja digna de uma referência discográfica na Masmorra (e como eu queria mesmo escrever qualquer coisa, porque comprei o cd), restou-me expor a dita obra a um segundo, não tão exigente teste, mas que poderia anular a eliminação sumaria do trabalho desta banda de referência.
Assim juntei todas as letras de todas as 12 musicas – 1.288 no total- e nelas consegui decifrar a mensagem encriptada: A Masmorra Infernal do Sr. Satanás!
Penso que assim, os caros colegas já se permitiram ler este breve trecho que aqui deixo.
Os Katatonia são Suecos! Isto juntamente com o facto de serem uma banda heavy, já cria grandes expectativas em relação a qualquer som que possam emitir. Ainda mais que os Opeth dizem-se seus fãs (ou que eles são fãs deles... não me lembro) e isso, caros colegas, é digno de nota.
Para além disso, no passado Verão terrestre, estes senhores tiveram o privilégio de me verem a assistir a um concerto deles, sendo que corresponderam em grande nível às expectativas neles depositadas, tendo sido mesmo alvo de uma menção honrosa Masmorrenta.
Quanto a este álbum, para além das 1.288 palavras distribuídas pelos 12 temas, da ausência dos termos referidos, pode-se dizer que é um bom álbum (eh...). A verdade é que não surpreende em nenhum aspecto: a fórmula musical é a mesma de álbuns anteriores, com a vertente de música ambiente a sobrepor-se à agressividade das guitarras, a aderência a técnicas sonoras mais usadas pelos Opeth é manifesta e as sequências melodiosas encadeiam-se sem grandes virtuosismos técnicos. Gosto bastante!
Difícil destacar uma faixa, mas não arrisco muito se disser que o tema “Idle blood” será o hit e que o mais pesado é o de abertura “Forsaker”. Este ultimo levanta a questão, que julgo pertinente: porque é que as bandas heavy, quando decidem fazer algo de diferente e inovador (ainda que lamentavelmente) põem sempre a música mais pesada a abrir? Enfim... soa-me a falta de coragem.
Como pontos de referência, mantêm-se a imagem gótico-depressiva da art-work que juntamente com a imagem sónica, instiga sentimentos de melancolia e tristeza, até na mais dura das pedras da calçada.
Desta vez não deixo o famoso link para obídiu ilustrativo. Procurem V/Ex.as. que eu numtenhutenpu


Let them inherit this fire

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

ref. discografica 666 - O machado cairá

Um dos eternos problemas da humanidade, para aqueles que gostam de filosofar e de discutir o sentido da vida, é o de tentar perceber se um qualquer trabalho é referenciado na Masmorra porque é uma obra-prima ou se se torna uma obra-prima por ter sido referenciado na Masmorra. Nós bem sabemos a resposta, mas a humanidade continuará na dúvida porque nós não falamos com humanos.

Os meus amigos Converge, já diversas vezes referidos neste espaço, e que tiveram até a honra de ser o mote para o primeiro post deste blog (o célebre Nº 8), editaram este ano um trabalho intitulado "Axe To Fall", ora sendo eu um apreciador dos subtis sons emanados pelos seus anteriores registos, acrescido de ter sido esmagado por eles (qual rolo compressor) numa data ao vivo no nosso pais (tambem alvo de palavras neste magnifico blog), agraciei-os com a honra de lhes comprar o recém-editado cd.



Devo, após inumeras audições, dizer com todas as palavras, que este disco superou as minhas elevadíssimas expectativas. Os Converge demonstram ser uma banda que após anos de evolução constante atingiu o seu pico. É fácil encontrar em vários temas, pontos de contacto com grandes temas do passado, e ainda assim encontrar algo de novo e supreendente para o menos atento dos fãs.

Dos treze temas do disco devo destacar Dark Horse, Effigy (com os colegas Cave In), Worms Will Feed/Rats Will Feast e Wishing Well como portentos sónicos que muito agradam ao gira-discos maléfico, não posso também deixar de fora as duas composições que encerram o disco (Cruel Bloom e Wretched World) tal é a sua beleza e intensidade. Acima da média e, portanto, dignas de referencia são também Reap What You Sow, Axe To Fall, Damages, Losing Battle, Dead Beat, Cutter e Slave Driver.

Um disco de qualidade constante, adivinhando muitas dores de cabeça nos decisores quando tiveram de decidir qual música escolhar para destacar com um video. Terão mesmo desistido desta tarefa, quando alguém com superior inteligência terá lembrado que um vídeo dar-lhes-ia mais hipóteses de conseguir uma ref. discográfica nesta Masmorra adorada por todos. Escolheram esta :



"Beasts will become what they were meant to be / in the name of lovers in the name of wars / we'll show the demons for what they are"