Última emissão da Masmorra Infernal Do Sr. Satanás:


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Um Mal necessário

Na dicotomia Bem vs. Mal, os reles humanos optam abertamente pelo primeiro, mas sabemos bem que desejam secretamente o segundo.

E para despenalizar publicamente esse guilty-pleasure que é a escolha do lado negro, egoísta e sádico, que reforça sempre o benefício do indivíduo face à comunidade onde se insere, criou-se em tempos imemoriais o conceito de Mal Necessário, donde nós, veneráveis agentes do mesmo, retiramos grande proveito e que nos permite singrar e executar a Sua obra por entre as hordas de vermes gananciosos.

É assim uma espécie de “eu não queria mas tem que ser” com um sorriso secreto a surgir no canto da boca e no olhar falsamente vago e perdido.

Como já diziam os Napalm Death:

“What's it worth?
Sacrifice the earth? It bleeds.
Meet your needs. Devilish deeds “

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Ref. discográfica nº 666 - S.A.T.A.N. (.N.A.T.A.S)

Aqui átrasado tive o desprazer de ler uma missiva escrita pelo colega Maléfico, onde este qual profeta apocalíptico, antecipava (e muito bem) o inglório final da Masmorra Infernal do Sr. Satanás. Indignado com tal atitude, tive a oportunidade de lhe dar a devida resposta, onde no geral concordei com tudo o que havia sido dito e assim deitei por terra tão nefasto epílogo. Revoltante.

Se bem me recordo, um dos pontos onde o colega alicersava tão descerebrado raciocínio, seria a falta de referências discográficas. Supostamente, a veia da inspiração jazia sangrando abundantemente e dela já não provinham as ideias geniais que em tempos cobriram de glória estes dois astutos servos do Demo.

Pois bem, aqui está a resposta em forma de resposta:

Deixemo-nos de rodeios e vamos directos à música pura e dura do Sr. Satanás.
S.A.T.A.N. é o novíssimo ábum dos Infernal Kingdom, uma banda de verdadeiro Black Metal oriunda da mesma região geográfica que nós mesmos. As analogias com a Masmorra são por demais evidentes e não carecem de serem evidenciadas.




Curiosa a forma como este álbum veio subrepticiamente parar à soleira da Masmorra pela calada da noite. Esta oferenda, revestiu-se de caricatos contornos de difícil sintetização. Apenas posso dizer que tudo começou pela limpeza de uns descomunais vidros de um dos espaços que actualmente servem de embuste e disfarce a Mafarrico nas suas actividades mundanas.
São oito os temas que compõe este produto do mais puro e duro Black Metal. A típica sonoridade do álbum, a produção crua e títulos como Fiery Blood, The Precious Slaughter ou Black Sorcery aliados a um grafismo sem censura e um cuidado trabalho de imagem dos dois integrantes da banda, levariam a pensar que estariamos perante mais uma banda do enorme contingente noruegues que constitui o vastíssimo underground que sustenta este género.

Mas é na 7ª música que nacionalidade deste agrupamenta se revela. Satanás foi o nome escolhido para baptizar este tema que assim passa a ser Seu afilhado.

Muito bem. Uma ultima palavra aos executantes desta obra. Estilo e técnica irrepreensíveis, uma produção profissional, perfeita sintonia com o que se espera de uma verdadeira banda de Black Metal.
Apenas um reparo, que jamais poderia passar omísso e que indignou os altivos membros desta Masmorra: não é Satanás! É SENHOR Satanás. Vamos lá a recolher os cds todos e a emendar em cada um deles o nome do 7ª tema.

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La Noche Del Terror Ciego

É um filme espanhol de 1971, rodado em Portugal. Tem guerreiros templários, miúdas semi-nuas, violência, vampiras na fogueira, tipos duros a apanhar sovas, morgues, perseguições a cavalo, rituais satânicos, ruínas à meia-noite, mortos-vivos, sapos, forças maléficas, sangue, cemitérios enevoados, comboios a carvão, massacres, momentos pseudo-lesbianos, actos heróicos, cultura, suspense, terror e romance.

Para todos os que ficaram com vontade de ver este filme, a Masmorra disponibiliza doze frames, para que possam reconstruir o argumento e ficar como se o tivessem visto. Bom filme!

ref. discografica nr. 666 - O Salmo 69

Esta rodela plástica chegou por estes dias, e mediante o pagamento de 2,30€ (dois euros e trinta cêntimos), à caixa de correio da Masmorra. Era uma lacuna que importava preencher, não ter nos arquivos um trabalho desta dimensão e qualidade roçava o desrespeito pela música de Satã Belzebu. Back in the day (como dizem os eslavos), foi um disco (uma cassete), rodado até a exaustão. Tocou, tocou e voltar a tocar, até o meu grandioso cérebro tanto o absorver, que ficou uns bons dezoito anos sem ser preciso ouvi-lo outra vez.

Nos últimos anos, algumas bandas da moda vão soando estranhamente familiares, e agora vai-se a ouvir, e vem tudo daqui, um trabalho impecavelmente pesado e ameaçador,que lançou fundações para muita da música que veio germinando até aos dias de hoje. Vale a pena ter sido deixado na gaveta este tempo todo só para o poder agora redescobrir.

Ao vivo deviam ser dignos de uns headbangings furiosos, com certeza o Al Jójó (principal mentor destes Ministry) terá muita pena em nunca ter tido nenhum enviado da Masmorra a presenciar um dos seus esforçados shows de luz e som ... talvez por isso tenha estendido para além do razoável e das suas próprias capacidades musicais e criativas este projecto, sempre na esperança de um dia por lá aparecermos, no entanto faltamos a todos os concertos até ele atirar a toalha ao chão e desistir. O que faz dele um idiota, talvez fossemos no próximo, nunca se sabe.

Adiante ... escolho este video porque sempre gostei deveras do intro para este musicol, 1:10 - "And now is time for us ... to give a little love back to god ... " - clássico!



Já agora, e num espetacular momento de serviço público, o Salmo 69 diz o seguinte:

1 Salva-me, ó Deus, pois as águas me sobem até o pescoço.

2 Atolei-me em profundo lamaçal, onde não se pode firmar o pé;
entrei na profundeza das águas, onde a corrente me submerge.

3 Estou cansado de clamar; secou-se-me a garganta; os meus olhos
desfalecem de esperar por meu Deus.

... etc..... e tal ...

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Leaders... Not Followers Pt.3

Apesar de ser um antro de sobranceria, orgulho desmesurado, altivez e escarnio, não significa que não haja espaço, na Masmorra, para um ou outro heroi. Não serão muitos, serão mesmo muito poucos, mas existem é um facto.
Chuck Schuldiner é um deles.

Há duas grandes razões para este ligeiro curvar da espinha por parte de Mafarrico perante a menção deste nome: uma banda chamada Death e o facto de o Chuck se encontrar morto há 10 anos.
Tal como os anteriores mencionados nesta rúbrica, Chuck Schuldiner era o criador, compositor, mentor de todos os projectos por onde andou. Vocalista e guitarrista exímio, foi um dos impulsionadores do estilo Death Metal (há mesmo quem o apelide de pai desse estilo).

Para a Masmorra tudo começou com a álbum Human de 1991 (o 4º da banda). A tecnica apurada de Chuck na guitarra, com uma precisão e rapidez estonteante aleada à incorporação de melodias do outro mundo e à experimentação de novas sonoridades mais progressivas, transformaram para sempre a forma como Mafarrico viu o Death Metal.

Individual Thought Patterns (93), Symbolic (95) e The Sound of Perseverance (98) foram todos eles apogeus no percurso musical de Mafarrico e na sua formação demoníaca. De salientar o tema The Philosopher, cuja visualização do então denominado teledisco muito marcou este servidor do Sr. Satanás.

Para além disso, as letras abordam temas muito mais realistas e são subversivamente introspectivas. Abordam as questões do poder desmesurado e da submissão das massas ao mesmo, e fazem a ponte para os dilemas do indivíduo enquanto centro do universo. Todas, mas todas as letras são dignas de serem lidas e interpretadas por cada um. Aqui fica apenas um exemplo de como Chuck era um excelente letrista:

Ashes and promises share a bond

Through the winds of change

Words are blown away

When visions that should be

Are tattooed in your mind

The power to let go

Is sometimes hard to find

The answer cannot be found

In the writing of others

Or the words of a trained mind

In a precious world of memories

We find ourselves confined
(Empty words, Symbolic, 1995)

Três (3) anos na Masmorra

Atingimos por estes dias o terceiro aniversário da Masmorra Infernal Do Sr. Satanás, é portanto altura de "sentir a aragem que balança os dependurados" e balançar.

Três anos a escrevinhar neste espaço é muito tempo, começamos, jovens e sem grandes ideias, e cá estamos, menos jovens e com menos ideias também. Uma leitura aos arquivos facilmente dá a perceber uma grande pujança ideológica que se foi, inegavelmente, perdendo ao longo dos tempos, as piadas essas mantiveram-se sempre as mesmas, repetidas ad nauseum.

Já não se escreve uma ref. discografica há meses (logo agora que estavamos a chegar ao nr. 666), o Sr. Satanás já só é invocado a espaços, um relato verídico já não é relatado desde tempos imemoriais, a inspiração é notoriamente inferior ao que era, e sempre a descer, sempre a diminuir, sempre a enfraquecer ... Penso mesmo que alguns dos posts conseguem ter menos de um leitor, algo impensável nos memoráveis tempos dos dois/três leitores.

O balanço final : este veículo, outrora privilegiado, para a disseminação da palavra do Maioral está pelas ruas da amargura, um beco sem saída que nos levará à extinção, definhando lentamente. Com este estado das coisas, que caminho trilharemos de ora em diante? Penso que nenhum. Quantos textos mais até se extinguir a nossa vontade escrevedora? Penso que este mesmo será um bom candidato. A depressão abateu-se sobre nós? É a mais pura verdade. Valerá a pena continuar? Penso que não.

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