Agora que os dias bonitos regressaram, o gira-discos maléfico escolheu rodar uma rodela plástica recheada de momentos felizes e pensamentos positivos. Daqueles que nos assaltam a mente vezes sem fim durante a nossa existência e que, portanto, nos apetece ouvir em formato musical gravado por um qualquer agrupamento de pessoas mais ou menos humanas.
O disco a que faço referência entitula-se World Coming Down e é um desenrolar de humor negro deprimente acompanhado por musica de excelência, que poderia muito bem ser a banda sonora para esta masmorra que se quer infernal. O disco tem quatro não musicas que, sendo não musicas, dão bem a idea do teor das musicas que as rodeiam, a primeira musica do disco, por exemplo, são onze segundos de emulação de um cd arranhado seguido de um berro, que se poderia traduzir como “IDIOTA!”, conseguindo assim proceder-se a um insulto eficaz a todo e qualquer um que tenha comprado o cd (isto é o humor caracteristico), as outras três não musicas traduzem a depressão que acompanha todas as musicas e tentam simular os canais através dos quais os membros da banda pensam que vão desta para melhor e intitulam-se Sinus, Liver e Lung (Cocaina, Alcool e Tabaco).
As musicas a sério são para ser ouvidas atentamente e com um sorriso nos lábios, destacando-se Everyone I Love Is Dead com a dura realidade no pensamento que todos os que conhecemos e gostamos irão morrer um dia e o depressivo-suicida World Coming Down – “I'm so fortunate yet filled with self-hate that the mirror shows me an ingrate”. A grande musica do disco retoma um assunto já referido (dá pano para mangas), mas com menos subtileza e intitula-se Everything Dies.
White Slavery e Who Will Save The Sane? são para ser ouvidas com um sorriso acompanhado da ocasional gargalhada sarcástica, completando o disco a habitual cena destes senhores com as miudas gótico-pimba na péssima Pyretta Blaze e a ode ao Halloween em Creepy Green Light com uma musicalidade acima da média. O Nosso Senhor Satã está, claro, presente na festiva e excelente All Hallows Eve onde se ouve : “Saint Lucifer hear me praying to thee on this eve of all saints/High be the price but then nothing is free my soul i'll gladly trade”.
Finaliza-se com um medley de covers dos Bitales, medley que tem o condão de tornar audivel as “musicas” que esse quarteto idolatrado pelos humanos produzia.
Despeço-me com um apelo retirado da segunda musica do disco:
“Let me say Pepsi Generation / A few lines of misinformation / Watch your money flow away oh so quick / To kill yourself properly Coke is it”.
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2 comentários:
Excelente descrição de uma obra que se quer musical e de péssima qualidade. Sobretudo a primeira não música parece uma óptima inspiração para aqueles momentos em que não sabemos o que fazer.
Todo a musicalidade e não musicalidade parece-me ideal para um dia passado à chuva entre fumos negros de escapes e rodeado de idiotas a fazer e dizer disparates menores.
São obras como esta, que ainda não tenho o prazer de conhecer, que nos indicam o Norte e nos ensinam a percorrer destemidamente o caminho das trevas e da destruição.
A derrocada do mundo tal como o conhecemos! Excelente mote que nos lança o seu GDM, nesta rentrée dos dias negros e tempestuosos que mais não são que o reflexo das mentes atormentadas desses energumenos habitantes da superficie terrestre.
Cabe-nos a nós, frequentadores das infernais profundezas, apreciar estas magnanimes e deprimentes obras musicais.
Os Type O Negative são uns não-humanos/demónios de grande mestria das artes musicais e mais ainda o são da satira jucosa e cínica. Por eles, nem um unico ser humano se aproveitaria. Tudo é reles e mesquinho e digno do maior escarnio.
Quanto à brilhante critica discografica com que nos brinda, resta-me dizer que já vi melhor. Mas foi escrito por mim e portanto não será de todo comparavel!
Do melhor que já por aqui se viu.
Um pouco forçada a ligação aos bitales, o que a faz ainda mais soberba!
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