"Nos camarotes, onde se sentavam os espectadores mais abastados, soltavam-se brados de descontentamento. Imediatamente os estetas dos balcões e das galerias repetiam os brados. [...] Houve quem ouvisse o compositor combativo Florent Schmitt a gritar: "Calem-se, meretrizes do seizième!" ou "Abaixo as meretrizes do seizième!", uma provocação às idosas e prestigiadas damas do seizième arrondissement. [...] Depois disso pouco mais se ouviu do concerto. "Literalmente, foi impossível ouvir algo da música ao longo de todo o concerto", recordou Gertrude Stein [...] "A nossa atenção estava constantemente a ser distraida por um homem no camarote ao lado do nosso que brandia a sua bengala e que, finalmente, ao discutir violentamente com um entusiasta do camarote ao lado do seu, a deixou cair e foi esmagar a cartola retráctil que o outro tinha acabado de pôr na cabeça em sinal de desafio. Foi tudo incrivelmente agressivo e turbulento".
Extracto do livro "O Resto É Ruído" de Alex Ross, sobre a estreia em Paris de "A Sagração Da Primavera" de Igor Stravinsky a 29 de Maio de 1913
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