quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Irmãos inseparáveis

A temática da irmandade e laços de sangue nunca foi grandemente discutida aqui na Masmorra (e porque o seria?) mas calhou que Maléfico revisionasse neste domingo à tarde (não foi na TVI) um filme em suporte DVD que versa sobre esta temática e é de sobremaneira merecedor de uma menção nestas paredes.


Dead Ringers, de Cronenberg, é um filme sobre sexo, mutações, drogas, violência psicológica e ciúme. A história da vida de dois irmãos gémeos, interpretados por Jeremy Irons no seu melhor papel, que viviam à grande e a francesa até um dia em que lhes aparece uma canadiana no consultório e estraga tudo. Basta um momento para que um dos rapazes ceda ao arrebatamento dessa sensação a que chamam "amor" e está tudo arruinado, a partir daí é sempre a descer até ao final da pelicula.


Claro que haverá sempre um lugar no cinema da Masmorra para ver sangue a jorrar, cabeças a explodir, miúdas semi-nuas a fugir em gritos histéricos e vampiros sugadores de sangue (ou outros colegas igualmente esfomeados), mas no fundo é isto que mais se identifica com a nossa Masmorra. Um filme em que a violência subtil a um ritmo lento, com a utilização a espaços do habitual, mas refinado, humor negro, se torna muito mais eficaz e intenso do que os descalabros cinematográficos a que se costuma classificar de "terror". Na minha muito pouco humilde opinião ombreia com o clássico "Shining" em todos estes promenores e é portanto ele próprio um clássico.

Supostamente inspirado na vida real de dois irmãos que, a julgar pelo filme que originaram, não deviam fechar nada bem da caixa, o que é bom, visto que as pessoas normais são uma seca e, que conste, nunca serviram de inspiração a um filme que merecesse a nota 10 que Maléfico atribui a este.

1 comentário:

\m/afarrico disse...

As irmandades obscuras, pactos demoníacos e outras associações esquivas são e serão sempre um dos pilares estruturantes do Seu (e do nosso) trabalho por entre os reles humanos.
Apesar de este tipo de irmandade não se encaixar exactamente no exposto acima, e pelo descrito, não deixarei de a considerar como valida. A presença de violência, seja de que forma for, é sintomática do cerne maligno da envolvente por onde esta singra.
A sua descrição, caro Colega, aguçou-me o apetite pela visualização deste filme, nomeadamente para perceber como uma simples bengala ou muleta, se imiscui por entre a relação destes dois irmãos tão próximos (a acreditar na imagem anexa) e causa tanta discórdia.
Apenas vem confirmar que o Mal não tem limites e Ele tudo alcança do seu trono. Mas com uma canadiana? Como é que será?