sexta-feira, 4 de junho de 2010

Por um mundo quase pior - nós fomos mas dizemos que não fomos

Foi chegado o momento de esbanjarmos alguma da nossa preciosa atenção com este pretensioso evento intitulado de Rock in Rio.
O evento é estúpido, a começar pela própria designação (não tem lugar dentro de nenhum rio, e ainda bem), passando pelo suposto lema de que de alguma forma ir a um concerto de música ajuda a que tenhamos um mundo melhor (já aqui devidamente dissecado pelo colega Maléfico) e terminando nos repulsivos alinhamentos que vem apresentando ano após ano. Mas, desta feita, a presença simultânea do Sr. Kilmister e do Sr. Mustaine obrigou-nos a repensar tudo isto e a considerar a nossa deslocação ao local. Repensamos, mantivemos tudo o que pensávamos antes e fomos na mesma.
Verdade seja dita que este ano a organização jogou forte. Com o evidente intuito de atrair ao local o maior número possível de membros da Masmorra, dedicou-nos um dia completo e logrou obter alguns resultados. Com Diabolicus a ficar de fora por razões de segurança, eis que Mafarrico e Maléfico se apresentaram à hora e no local errado, para testemunharem o que por lá se iria passar.
A viagem, feita com recurso a uma viatura semi-furtada, não teve grande história. Tirando o facto de que ambos os elementos da tripulação se terem esquecido de se fazerem acompanhar de rodelas musicais, que tornou todo o processo de deslocação numa lenta e entediante agonia, alternando entre a escuta de rádios locais e silêncios arrastados e constrangedores, tudo correu irritantemente bem. Sem problemas de trânsito, acessos simples, fáceis e ordeiros até ao interior do recinto, adivinhava-se uma tarde de ordem e paz.
Mas felizmente que o pior estava para vir. Mal teve inicio a prestação dos Soulfly a massa humana presente fez questão de nos trazer à memória a razão pela qual este odioso género musical é apelidado de pesado e agressivo. Havia já algum tempo que Mafarrico não testemunhava tamanha anarquia e violência! Numa jogada de grande sensatez e perspicácia, Maléfico apostou numa entrada em rompante para garantir uma posição estratégica mesmo no centro e perto do palco. Não pelos Soulfly em si, mas pelo que viria a seguir. Foi então, meus caros seguidores, que seguindo as ordens de Max Cavalera, o publico deu início a esse ritual denominado de moche. Curiosamente demos por nós mesmo no centro de tal acção e, não querendo de forma alguma danificar cérebros alheios, procuramos afastar-nos. Com movimentos ágeis e rápidos, Mafarrico evitou tudo e todos, evitando quedas aparatosas de costas e enquanto segurava com o máximo de dignidade possível, os óculos escuros que por esta altura ainda tinha colocado. Ainda assim não pude deixar de notar que lesionei gravemente a rótula de um energúmeno com a minha poderosa coxa.
Tivemos ainda a oportunidade de ver de perto esse fenómeno intelectual denominado “Wall of Death”, no qual o publico respondeu de forma quase perfeitamente coordenada às instruções que recebia de cima do palco, onde o delicado Max vociferava ordens quase imperceptíveis. Mais uma vez aquela massa humana escapou por um triz de nos apanhar a ambos em pleno local de impacto. Muito digna a forma como calmamente nos afastamos do epicentro.
(a continuar...)

2 comentários:

Diabolicus disse...

Diabolicus é perito na arte da esquiva e como violência gera violência eis que prefiro esquivar-me a um rock in rio e guardar toda a minha energia para outro género de violências.

Pela descrição houve violência e grunhidos qb e deve ter sido agradável.

Pelo que visionei na tv ainda existiram energumenos com narizes fracturados e por aí fora.

Sem dúvida que deve ter sido um espectáculo negro e de rara beleza.

Maléfico Patético disse...

Já tardava este relato verídico da nossa ida a esse baile lisboeta.

É tudo como diz, a viagem de ida foi bastante bocejante e nem o comité de boas vindas que encontramos no túnel do metro e que nos queria cumprimentar e talvez assaltar, nos fez despertar. Despertar esse que só terá acontecido já dentro do recinto e quando apanhamos com uns energumenos em cima.

O posicionamento estratégico, como bem referiu, era necessário mas o refreamento da violência pela nossa parte também, sob risco de a moldura humana não estar composta aquando da chegada de quem nos levou lá.

O seu relato está como que pendente no tempo, e ainda só referiu a actuação medíocre dos Soulfly. Por vários motivos que bem nos lembramos (cachecois incluidos) não havia grande interesse no que se passava no palco e, sendo assim, a nossa atenção virou-se para o recinto. E aí pudemos ver variadíssimos tipos de pessoas, desde bisontes suados até damas frágeis, a saltar caótica, desordeira e violentamente uns contra os outros, presumivelmente de forma a melhor "sentir" a musica.

O "Wall Of Death" foi um belo momento, de uma graça extrema, mas infelizmente tivemos de nos manter à parte sob pena de podermos magoar mais um incauto de formas similiares ao que o colega já tinha lesionado previamente. Saímos do epicentro de tal manifestação com dignidade, parece-me recordar as suas palavras : "ui ui ui !" enquanto eu retorquia com um elevadíssimo "foge pá foge!! sai da frente c@r@l*@!!!!!!!!!".