Como já foi aqui levemente discutido na mensagem anterior, é sabido que o magnânime Maléfico (eu próprio) se deslocou em missão secreta a um dos mais badalados festivais de Verão que os humanos destas paragens organizam precisamente no Verão - O Super Bock Super Rock. O que se segue é uma resenha do relatório que preparei e que enviei atempadamente ao nosso Maior.
Todos estamos familiarizados com o conceito de festival, a diferença mais visivel, ao que nós demónios diz respeito, é que neste festival não se ouviriam as doces melodias de Satã (vulgo Heavy Metal) - mas não era isso que lá me enviava, o que interessava mais a Maléfico era o estudo do comportamento humano, que me levou a conclusões interessantes e manifestamente optimistas quanto ao futuro da estupidez humana.
Tudo se iniciou rapidamente, um bilhete caído do céu, o rápido assumir de forma humana, e os cascos a caminho - sempre a tirar notas. O trabalho iniciara-se.
O que cedo agradou a Maléfico foi o caos que se gerou ainda a longos quilómetros se estava do epicentro do festival, o caos no trânsito, com carros parados e a certeza de se perder alguns concertos logo no primeiro dia fizeram com que os humanos começassem a mostrar sinais de irritação logo ali, foi bonito ver o desrespeito com que se tratavam mutuamente, ainda nem tinham saido do carro. Ultrapassagens pela berma, insultos, buzinadelas, algum desepero portanto, isto durante as 5 horas que se demorou a fazer os 30/40 km finais - aliado ao aspecto resignado com que viamos alguns energumenos ficar pelo caminho com os seus bólides avariados - foi bonito.
Chegando ao recinto propriamente dito, tudo melhorou aos olhos de um demónio, quase me senti em casa, não é que chegando ao local e com várias horas de música perdida (bem feito para quem comprou bilhete!) a visão se assemelhava ao Inferno na terra?! Uma neblina de pó denso encobria uma multidão de muitos milhares de pessoas que enchiam um espaço sub-dimensionado e que se encavalitavam, chocavam e vagueavam em todas as direcções. Isto enquanto a desculpa para todos nos encontrarmos ali (a música) ia sendo debitada nos dois palcos com um som sofrível (ia e vinha parecendo ao sabor do vento) o que foi capaz de irritar o mais sofredor dos amantes de música ali presente.
Nos dias seguintes tudo melhorou - o lixo acumulou-se. Toneladas de lixo por todo o lado, os recipientes próprios cheios, partidos, a transbordar e a serem engolidos por volume de lixo quatro vezes o seu tamanho. Sendo então possível verificar na zona do campismo como o ser humano consegue conviver de livre vontade (ainda pagando para isso, note-se) com a imundice e o nojo. Adicionado ao facto de a organização fazer questão que todos os que mais conviveram com o pó e o lixo tivessem extrema dificuldade em aceder a água para a sua higiene pessoal - suspeito que fosse algum colega nosso encarregue deste departamento.
Se na zona de campismo, as pessoas dormem com lixo, na zona de alimentação, as pessoas comem com lixo. O único sitio onde era possível sentar, sem ser na areia/chão desconfortável, era um local diminuto onde as 40 mil pessoas convergiam incessantemente. Tudo a comer por cima dos restos de alimentação de dezenas de pessoas, isto durante três dias de comilanço guloso, que isto de festivais dá fome e, infelizmente, o pó não alimenta ninguém.
A música sofrível (vários milhares de pessoas foram obrigadas a assistir a anomalias como The Gift) aliada a condições deploráveis - o mau génio latente em toda a gente começa a a vir ao de cima. Para exemplificar, após o presenciamento de várias pessoas a exigir boa educação aos berros depois de muitos encontrões e calcadelas, o momento mais hilariante foi mesmo o de uma cândida rapariga a ameaçar calcar todos os que não se levantassem do seu caminho, algumas pessoas sentadas, dificuldade em contornar e os berros: "Se não se levantam calco todos!!!, estou farta disto!!", alguns indicadores que um esganaço podia vir a caminho e tudo ficou sanado com uns olhares de ódio. Era este o ambiente festivo que se viveu, e que descambaria em mortes e batalhas campais se mais dois ou tres dias de festival existissem.
Basicamente foi isto, dir-se-ia estarmos num dos circulos do Inferno a que chamamos casa. O acesso a cerveja era fácil, no meio daquilo tudo assistiu-se a dois ou três concertos fenomenais (de um demónio lhes tirar o chapéu) e a conclusão que tiro e que muito me agrada, tem a ver com o espírito. O chamado espírito festivaleiro que há uns anos podia ser descrito como o passar de uns belos dias na natureza, com condições básicas de campista, a conviver e a assistir a música de artistas adorados ou por descobrir, agora ter-se-á transformado em passar uns dias no lixo e pó, a fazer filas para ter brindes em circos montados ao redor de vários palcos onde por acaso se ouve música.
Li que a organização considerou este evento como um sucesso completo e que jurou a sua continuidade no mesmo local por muitos e bons anos. O que me apraz muito e faz soltar uma gargalhada sonora já antecipando o sofrimento dos energumenos que lá voltarão ou irão, incautos, pela primeira vez. Só vou é pedir ao Sr. Satanás para não me enviar para lá outra vez, nunca mais, por favor.
P.S. - O meu conselho ao idiotas que insistam em falar no "espirito de festival" como razão para se aguentar condições deste género é que mergulhem de cabeça numa das poucas casas de banho disponiveis no recinto - qualquer uma, escolham.
P.S.1 - Houve música, é verdade, como mencionado no texto. Poderei debruçar-me mais sobre este aspecto se o colega mafarrico assim o desejar. Existiram alguns aspectos para louvar e desejar repetir, mas também muitos para ridicularizar e fazer suspirar pelo nosso querido Heavy Metal que nunca nos deixa mal.
terça-feira, 19 de julho de 2011
segunda-feira, 18 de julho de 2011
E o melhor guitarrista do mundo é...
Muitos teem sido os galardões atribuídos por unanimidade na Masmorra, a seres que se destacam pelas suas características e/ou prestações demoniacas e que de alguma forma contribuem para o alcance dos objectivos da nossa Organização. Assim, e com o quórum de 1 elemento garantido, foi deliberado atribuir ao guitarrista Paulo Barros o título de melhor guitarrista do mundo e de sempre. Esta decisão foi tomada na sequência do concerto do passado dia 16 no Hot five, dos Barros e Moura, a que mafarrico assistiu. Enquanto isso, outros elementos da mesma estirpe, assistiam a prestações de bandas ditas menores em um qualquer festival veraneante de surfistas. Enfim...
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