1. Inicio.
A chegada ao recinto, acompanhado de meus acólitos, fez-se sem precalços. E, cheio de má-vontade, dirigi-me ao primeiro concerto. Os The Drums, banda de um pop dançavel iriam iniciar as festividades e era minha vontade extermina-los logo ali, mas optei pela táctica de me misturar com o público e simular um grande apreço pelo show. Bati o casco, meneei os ombros e aplaudi. Espero que isto mostre a estes artistas o lugar deles. Pelos movimentos em palco, quais bailarinos efeminados, os músicos pareciam já estar a sentir algum do efeito desnorteante da minha presença .... esperemos por resultados em breve.
2.Santa paciência.
E quem é que não poderia deixar de aparecer? Os mais que conhecidos Moonspell. O Morcegão volta a cruzar-se com Maléfico. Um diabo dobra uma esquina e estão os Moonspell a tocar, um diabo abre a mala do carro e estão lá os Moonspell a tocar, um diabo acorda de manha, ouve um ruido estranho, e são os Moonspell a tocar de baixo da cama, um diabo vai ao Alive e ..... etc. etc. Além de mais, estes Moonspell e seu "líder" conseguiram evoluir para um estado refinado de extrema azeitice (estranhamente nas palavras do próprio Morcegão) e clichés HM. SE, e eu espero melhores resultados, mas, SE, me disserem que esta minha experiência somente resultou na extinção de um único agrupamento, eu ficaria em suspenso e lançaria um sonoro "AVE DIABOLIS" se fossem estes morcões. Fizeram-se acompanhar em alguns temas pela ex-The Gathering, Hanekka von Blablabla, que com um elegante estilo "rameira infernal", ajudou à festa e conseguiu que tudo conseguisse ainda verter mais azeite com as posses estudadas de dueto-festival-da-canção. Haja paciência!
Mensagem directa para o artista : "Morram e ide pró Céu!"
4.Alice In Chains e diatribe gratuita
De seguida visualizei os excelentes Alice In Chains, a verdade é que não estava especialmente com vontade deste concerto em particular, mas, à medida que as músicas avançavam notei que nutria vasta simpatia pelos clássicos. Não poucas vezes as letras se me materializaram na cabeça, eu que as julgava esquecidas, e as músicas que eu só não poderia esquecer porque nunca as tinha ouvido soaram-me muito bem.Rooster é uma preferida, merece uma menção especial. Já está.
Mensagem directa para o artista : "Estais muito bem AIC, vós podeis continuar e se porventura passardes por cá novamente eu vos visitarei e lançarei minha benção uma e outra vez."
Suspiro profundo, pausa para medir as palavras e .... Vós conheceis o escriba deste texto, ele, Maléfico (eu), é um diabo do povo e mistura-se com quaisquer diabitos como a água com o azeite. Talvez melhor. Assisto a estes ajuntamentos gigantescos com sobranceria e condescendência com os demais, mas misturo-me. Sempre defendi que qualquer um deve viver o espectáculo como bem entender, está documentado que passo por walls of death, moshes, empurrões, cotoveladas, palmas a compasso, pitas aos ombros dos namorados e vizinhos desafinados de bom grado e sem sentir que o espectáculo saia diminuido. MAS!!! Tudo tem um limite! E nos nossos festivais assistimos a uma praga que ameaça estragar a diversão de todos os amantes de música. Refiro-me, obviamente, aos espanhóis. O Espanhol é uma raça que vai para os concertos em grupos de quatro, ou cinco, faz uma rodinha e passam o concerto a falar numa algaraviada total e sonora - "éuqjodernerpoderferejelometorefedesefoderejejejejenovegojodercoñoaquqsederfererere" e em décibeis que confrontam os décibeis do PA (e se chegam a sobrepor em não poucos momentos). Viram as costas ao palco, abraçam-se, fazem air-guitar, olham os ecrãs laterais por 90% do tempo, cantam o que eu só posso acreditar serem outras músicas e, ao fim ao cabo, chateiam muito. Tive de esticar um dos meu poderosos braços e movimentar uma série de participantes do público (colega Covex incluido), contra sua vontade, para fazer um muro humano entre mim e os espécimenes nuestros hermanos que em má-hora ficaram ao meu lado. Para eles : "Por el culo, cabrones!"
5.Duplo X
Depois disto, movimentei-me com meus seguidores, para o outro palco, onde iria verificar o que se passava no show dos XX. Os XX são uma banda pop melancólico, com vozes deprimidas e belas melodias. Têm um disco que agrada q.b. e são o maior hype desde JC. Por muito bom que seja o único disco que têm editado, a histeria à volta dos moços (e moça) é tal que a super-lotação do espaço e respectivo desconforto não justifica o que se passa em cima do palco, os XX não têm culpa, são seca em palco como tantos outros em inicio de carreira, mas a histeria é real, e tornou-os a banda mais overrated dos últimos anos. Vimos e ouvimos alguns temas, bocejamos devido à frenética actividade sobre o palco e fomos beber uma Super-Bock.
XX: "Despareçam durante um tempo (anos ou décadas), para podermos ouvir o vosso disco sem o ruído de fundo."
666.Nova táctica e momentos de uma epicidade gloriosa.
Seguiam-se os Kasabian no palco principal. Sem grandes rodeios, os Kasabian são uma merda. Adoptei uma nova táctica para assistir a este espectáculo, arranjei um local para me sentar, a uma distância considerável do palco, virei costas e ignorei. Funcionou. Gostei muito.
Depois vieram aqueles que já foram apelidados de "zombies putrefactos" aqui neste mesmo blog. Os Faith No More! Regressaram dos mortos, faz um ano, vieram a Portugal, e como que não tivessem conseguido que Maléfico os fosse ver, voltaram este ano (É essa a razão de terem regressado sr. Patton, é essa a razão). Um concerto glorioso, verdadeiramente não existe outra banda como esta, exímios executantes e comunicadores, puseram 38 mil pessoas a cantar um refrão de "Porra! Caralho!", insultaram o próprio festival ("Que merda!"), insultaram o Cristiano Ronaldo ("Que Palhaço!"), insultaram o público ("Mal-educados, Bestas"), insultaram-se entre eles ("Este baterista é uma merda"), entre outras coisas, tudo isto rodeado de música, muita música, onde eu diria mesmo que não houve uma que não fosse entusiasmante, excelente e/ou épica. Assim de cor tocaram, Midnight Cowboy, Be Agressive, From Out Of Nowhere, The Real Thing, As The Worm Turns, Suprise You're Dead, Epic, Midlife Crisis, King For a Day, Evidence em português!, Gentle Art Of Making Enemies, Just a Man, Stripsearch, Last Cup Of Sorrow, Ashes To Ashes, Easy e não me lembro que mais, faltaram a Caffeine e a Digging The Grave mas não se pode ter tudo. O ponto alto deu-se quando o frontman Mike Patton reconheceu Maléfico na audiência e deu asas à sua alegria com um pouco de crowd surfing, cumprimentando-me com o seu joelho, que eu fiz questão de apertar vigorosamente enquanto ele se locomovia sobre a minha cabeça. "Como está Sr. Patton?" foram as minha palavras, depois alguém lhe roubou o sapato e ele foi embora. Foi ai que chamou "Besta" a alguém, poderia ser para o ladrão de sapatos, mas tenho para mim que foi uma resposta ao meu cumprimento.
Mensagem aos FNM : "FNM, 17 anos depois daquele memorável concerto no pavilhão do Bessa, outro memorável concerto, que nunca irei olvidar. Sois grandes! A Masmorra tem-vos como semelhantes.".
2 comentários:
Caro Maléfico,
Após leitura atenta do longo e enfadonho testemunho que aqui nos deixou, sobre mais este seu passeio musical, resta-me desejar que eu nunca lá tivesse estado.
E como o meu desejo acaba de se tornar realidade, permita-me que teça algumas considerações que poderão ser classificadas de jocosas/mentirosas.
1. Manifesto o meu desprezo por todos aqueles que o colega desprezou, tanto como forma de solideriedade para consigo como também como forma de desprezar aqueles que desprezamos.
2. No ponto anterior também incluo o morcegão. Tive oportunidade de seguir televisionamente parte do concerto do agrupamento cujo frontman é esse mesmo morcego, e corruboro todas as afirmações aqui proferidas.
3. No ponto anterior incluo todas as outras bandas que não os Faith no More. Imagino que os AIC sejam agradaveis de seguir ao vivo, pelo que deixo aqui o beneficio da duvida para estes ultimos.
4. Retiro o benficio da dúvida dado aos AIC. Desprezo-os.
5. Gostaria de ter assistido à interpretação dos FNM mas sem ter a necessidade de fazer a deslocação de 300km que o colega executou como forma de conseguir atingir esse mesmo objectivo.
6. Logo vou eu mesmo atingir esse objectivo do ponto anterior, dado que tive oportunidade de gravar todo o festival em causa através desse fenomeno tecnologico que é a TV Digital.
7. Retiro tudo o que disse nos pontos anteriores.
300 km ópra lá. ópra cá foram mais 300 o que prefaz um total de ... ora então .... é só fazer as contas.
Quando o colega visualizar as imagens gravadas poderá, em certos instantes, ver, o seu ilustre colega a acenar-lhe, o que deverá ser lido não como demonstração de amizade mas como "ahahah estou aqui e tu não"
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