Vou aqui dissertar em várias etapas sobre viagem de trabalho que recentemente efectuei ao Passeio Marítimo de Algés para assistir ao internacionalmente reconhecido Optimus Alive 2010.
1. Inicio.
A chegada ao recinto, acompanhado de meus acólitos, fez-se sem precalços. E, cheio de má-vontade, dirigi-me ao primeiro concerto. Os The Drums, banda de um pop dançavel iriam iniciar as festividades e era minha vontade extermina-los logo ali, mas optei pela táctica de me misturar com o público e simular um grande apreço pelo show. Bati o casco, meneei os ombros e aplaudi. Espero que isto mostre a estes artistas o lugar deles. Pelos movimentos em palco, quais bailarinos efeminados, os músicos pareciam já estar a sentir algum do efeito desnorteante da minha presença .... esperemos por resultados em breve.
2.Santa paciência.
E quem é que não poderia deixar de aparecer? Os mais que conhecidos Moonspell. O Morcegão volta a cruzar-se com Maléfico. Um diabo dobra uma esquina e estão os Moonspell a tocar, um diabo abre a mala do carro e estão lá os Moonspell a tocar, um diabo acorda de manha, ouve um ruido estranho, e são os Moonspell a tocar de baixo da cama, um diabo vai ao Alive e ..... etc. etc. Além de mais, estes Moonspell e seu "líder" conseguiram evoluir para um estado refinado de extrema azeitice (estranhamente nas palavras do próprio Morcegão) e clichés HM. SE, e eu espero melhores resultados, mas, SE, me disserem que esta minha experiência somente resultou na extinção de um único agrupamento, eu ficaria em suspenso e lançaria um sonoro "AVE DIABOLIS" se fossem estes morcões. Fizeram-se acompanhar em alguns temas pela ex-The Gathering, Hanekka von Blablabla, que com um elegante estilo "rameira infernal", ajudou à festa e conseguiu que tudo conseguisse ainda verter mais azeite com as posses estudadas de dueto-festival-da-canção. Haja paciência!
Mensagem directa para o artista : "Morram e ide pró Céu!"
4.Alice In Chains e diatribe gratuita
De seguida visualizei os excelentes Alice In Chains, a verdade é que não estava especialmente com vontade deste concerto em particular, mas, à medida que as músicas avançavam notei que nutria vasta simpatia pelos clássicos. Não poucas vezes as letras se me materializaram na cabeça, eu que as julgava esquecidas, e as músicas que eu só não poderia esquecer porque nunca as tinha ouvido soaram-me muito bem.Rooster é uma preferida, merece uma menção especial. Já está.
Mensagem directa para o artista : "Estais muito bem AIC, vós podeis continuar e se porventura passardes por cá novamente eu vos visitarei e lançarei minha benção uma e outra vez."
Suspiro profundo, pausa para medir as palavras e .... Vós conheceis o escriba deste texto, ele, Maléfico (eu), é um diabo do povo e mistura-se com quaisquer diabitos como a água com o azeite. Talvez melhor. Assisto a estes ajuntamentos gigantescos com sobranceria e condescendência com os demais, mas misturo-me. Sempre defendi que qualquer um deve viver o espectáculo como bem entender, está documentado que passo por walls of death, moshes, empurrões, cotoveladas, palmas a compasso, pitas aos ombros dos namorados e vizinhos desafinados de bom grado e sem sentir que o espectáculo saia diminuido. MAS!!! Tudo tem um limite! E nos nossos festivais assistimos a uma praga que ameaça estragar a diversão de todos os amantes de música. Refiro-me, obviamente, aos espanhóis. O Espanhol é uma raça que vai para os concertos em grupos de quatro, ou cinco, faz uma rodinha e passam o concerto a falar numa algaraviada total e sonora - "éuqjodernerpoderferejelometorefedesefoderejejejejenovegojodercoñoaquqsederfererere" e em décibeis que confrontam os décibeis do PA (e se chegam a sobrepor em não poucos momentos). Viram as costas ao palco, abraçam-se, fazem air-guitar, olham os ecrãs laterais por 90% do tempo, cantam o que eu só posso acreditar serem outras músicas e, ao fim ao cabo, chateiam muito. Tive de esticar um dos meu poderosos braços e movimentar uma série de participantes do público (colega Covex incluido), contra sua vontade, para fazer um muro humano entre mim e os espécimenes nuestros hermanos que em má-hora ficaram ao meu lado. Para eles : "Por el culo, cabrones!"
5.Duplo X
Depois disto, movimentei-me com meus seguidores, para o outro palco, onde iria verificar o que se passava no show dos XX. Os XX são uma banda pop melancólico, com vozes deprimidas e belas melodias. Têm um disco que agrada q.b. e são o maior hype desde JC. Por muito bom que seja o único disco que têm editado, a histeria à volta dos moços (e moça) é tal que a super-lotação do espaço e respectivo desconforto não justifica o que se passa em cima do palco, os XX não têm culpa, são seca em palco como tantos outros em inicio de carreira, mas a histeria é real, e tornou-os a banda mais overrated dos últimos anos. Vimos e ouvimos alguns temas, bocejamos devido à frenética actividade sobre o palco e fomos beber uma Super-Bock.
XX: "Despareçam durante um tempo (anos ou décadas), para podermos ouvir o vosso disco sem o ruído de fundo."
666.Nova táctica e momentos de uma epicidade gloriosa.
Seguiam-se os Kasabian no palco principal. Sem grandes rodeios, os Kasabian são uma merda. Adoptei uma nova táctica para assistir a este espectáculo, arranjei um local para me sentar, a uma distância considerável do palco, virei costas e ignorei. Funcionou. Gostei muito.
Depois vieram aqueles que já foram apelidados de "zombies putrefactos" aqui neste mesmo blog. Os Faith No More! Regressaram dos mortos, faz um ano, vieram a Portugal, e como que não tivessem conseguido que Maléfico os fosse ver, voltaram este ano (É essa a razão de terem regressado sr. Patton, é essa a razão). Um concerto glorioso, verdadeiramente não existe outra banda como esta, exímios executantes e comunicadores, puseram 38 mil pessoas a cantar um refrão de "Porra! Caralho!", insultaram o próprio festival ("Que merda!"), insultaram o Cristiano Ronaldo ("Que Palhaço!"), insultaram o público ("Mal-educados, Bestas"), insultaram-se entre eles ("Este baterista é uma merda"), entre outras coisas, tudo isto rodeado de música, muita música, onde eu diria mesmo que não houve uma que não fosse entusiasmante, excelente e/ou épica. Assim de cor tocaram, Midnight Cowboy, Be Agressive, From Out Of Nowhere, The Real Thing, As The Worm Turns, Suprise You're Dead, Epic, Midlife Crisis, King For a Day, Evidence em português!, Gentle Art Of Making Enemies, Just a Man, Stripsearch, Last Cup Of Sorrow, Ashes To Ashes, Easy e não me lembro que mais, faltaram a Caffeine e a Digging The Grave mas não se pode ter tudo. O ponto alto deu-se quando o frontman Mike Patton reconheceu Maléfico na audiência e deu asas à sua alegria com um pouco de crowd surfing, cumprimentando-me com o seu joelho, que eu fiz questão de apertar vigorosamente enquanto ele se locomovia sobre a minha cabeça. "Como está Sr. Patton?" foram as minha palavras, depois alguém lhe roubou o sapato e ele foi embora. Foi ai que chamou "Besta" a alguém, poderia ser para o ladrão de sapatos, mas tenho para mim que foi uma resposta ao meu cumprimento.
Mensagem aos FNM : "FNM, 17 anos depois daquele memorável concerto no pavilhão do Bessa, outro memorável concerto, que nunca irei olvidar. Sois grandes! A Masmorra tem-vos como semelhantes.".