domingo, 22 de fevereiro de 2009

ref. literária nr 23,7

mafarrico,

reli por estes dias um livro editado quando eramos petizes, se bem se lembra, e que tem na sua intrinseca filosofia tudo a ver com a masmorra e o ambiente em que nos movimentamos.

Este trabalho literário dá pelo nome de "O Estranho Caso Do Dr. Jekyll E De Mr. Hyde" escrito pelo colega Robert Louis Stevenson (Roberto Luis Estêves) e publicado pela primeira vez em 1886.

É um livro que conta as peripécias de Dr. Jekyll um médico abastado, honrado e bondoso que nas suas experiências cientificas descobre um preparado que ao ser bebido traz à superficie todos os sentimentos reprimidos que o simpático e alegre doutor tem nas suas profundezas psicológicas. É assim que aparece o nosso colega Mr. Hyde, a espalhar malvadezas por onde passa, um crápula, facínora que mal se vê nas ruas trata de ser o mais antipático e chato possivel.

O busilis da questão é que a mencionada poção transformatória, transforma também o aspecto fisico o que obriga o médicozito a ter de jogar ao gato e ao rato com os seus conhecidos para não ser descoberto como Hyde tornando assim a história mais interessante. Como acontece com todos aqueles que são arrastados para o nosso lado, o médico rapidamente ganha o gostinho de se transformar em Hyde e sair todas as noites para a borga o que descontrola um pouco os acontecimentos até que a parte Hyde se torna mais forte e as coisas dão para o torto. Um final feliz.

Aqui está um belo episódio à Hyde :
"(...) o sr. idoso pedia-lhe que lhe indicasse alguma rua;(...)[Hyde] não respondeu uma palavra ao velho e escutava-o com um modo de impâciencia mal contida. De repente, teve um grande ataque de cólera, dava patadas furiosas no chão e brandia a bengala com gestos de louco; o velho recuou um pouco, como quem estava surpreendido e magoado por um tal acolhimento; num instante depois, Hyde, mais irado ainda, abatia-o à bengalada; não contente com a proeza, pisava a pés o pobre velho e desferia pancada sobre pancada; ouviam-se os ossos estalar: por fim rolou para a valeta(...) a vitima estava estendida no chão com mutilações abominaveis, uma confusa massa de sangue, de farrapos e de fragmentos de miolos; a bengala que devia ser de uma madeira extraordinariamente resistente, estava, no entanto quebrada pelo meio (...)".

É esta a beleza deste livro, simpáticos episódios como este revelam-nos um problema filosofico da humanidade, que pode ser de grande utilidade para nós. Podemos ter certeza que por mais amor e bondade que habite no coração de um homem, tem sempre de haver um pouco de ódio e violência a coabitar e à espera de ganhar força e poder. O que é um pensamento reconfortante e de grande esperança para o futuro.

Por fim, e como já tenho referido noutras referências devo de dizer que o nome do livro está muito bem esgalhado e há edições com capas bem fixes, pelo que ficará sempre bem em qualquer estante da masmorra.



P.S.
O episódio da morte de Stevenson é interessante se conhecido tendo em mente o livro que o próprio tinha escrito uns anos antes. O homem tinha acabado de ir à adega buscar uma garrafa do seu vinho favorito e estava a abri-la quando gritou para a mulher "Que se passa comigo? o meu rosto modificou-se?". E pumba caiu falecido prontinho a vir engrossar os nossos exércitos.

M.P.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Aqueles por quem os raios são atirados

Prezados & profanos comparsas,

Inspirado que me senti, pelo anterior post do colega Maléfico, sobre os deuses negros do grind-core a quem tanto devemos, senti nas veias um latejar de algo mais do que a habitual lava que por aí circula, impulsionada que é pelos meus brutais músculos cardíacos.
Senti, meus caros, o chamamento de antigos mas nunca olvidados ritos!
Ritos que nos trazem à lembrança que para além de sermos aquilo que procuramos ser, somos também aquilo de que nos recordamos nas nossas lembranças do que devemos ser. Daí a sua importância, tanto dos ritos anciãos como dos chamamentos que daí advém. Ou talvez ao contrário...

Seguindo então esse chamamento ou essa lembrança, já não me recordo bem agora, eis que dei por mim a pesquisar nos profundos arquivos da mente, envolto numa pesada bruma que preenchia a saturada atmosfera da Masmorra (temos que sacudir os tapetes mais amiúde...).
Inebriado por essa sensação negativa de ritmos pesados, pesarosos, lentos e guturais eis que ponho os vermelhos olhos (irritados pela tal névoa) nesta pérola musical dos mestres do ritmo sincronizado e compassadamente alternado que são os brutais Bolt Thrower.

Pura adrenalina jorra compassadamente nos nossos cérebros perante tal opus de violência musical!

Não fazendo parte integrante do tema que aqui deixo, não resisto a deixar aqui um excerto em outro tema destes grandes demónios. Pura e vil inspiração daqui nos advém!

Another world falls to its knees,
With vast contempt your hatred breads,
Nothing left for us to slaughter
Annihilation achieved
Where next to conquer?




sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Lifetime Achievement Award

mafarrico,

chegou a altura de indicar o vencedor do mais prestigiado prémio atribuido pela masmorra infernal do sr. satanás.

O prémio lifetime achievement award é um prémio atribuido pela masmorra a cada dois anos e que premeia a excelência de um ou mais parceiros do mal nas mais variadas áreas. Estas personalidades estão em risco de ser contempladas para este prémio simplesmente pelo facto de existirem, ficando com mais hipóteses de ganhar se fizerem algo de jeito, repetidamente através dos anos e que seja de agrado do juri, que é composto por metade dos contribuidores da masmorra.

Ora esta metade (50%), reune-se antes de decidir o vencedor (poderia ser depois, mas é assim que estão as regras), e procedendo a contagem dos votos é decidido o vencedor havendo unanimidade. Leva-se para este efeito muito a sério a célebre máxima "Um Demónio, Um Voto".

Neste ano, o vencedor foi um agrupamento musical que quase trinta anos depois da sua formação continua a ensinar uma coisa ou outra a todos nós. Numa altura em que todos os seus membros já passaram a barreira dos quarenta anos terrestres, os Napalm Death têm um disco novo e prometem arrasar novamente as mentes demoniacas sedentas de boa e rapidissima musica. Criadores de um género musical, com inumeros seguidores e com sólidos e frequentes lançamentos ao longo dos anos (já vão em 14 discos de originais), aliam a excelente capacidade musical a letras inteligentes com forte cariz e preocupação politica.

Arrasadores quando visionados em pessoa e ao vivo, mantêm-se na estrada mostrando que estão firmemente empenhados em manter vivo um certo modo de fazer musica muito genuino que se tem vindo a perder desde que este tipo de musica também demonstrou ser veiculo possivel para alguns se tornarem estrelas.

É impossivel qualquer um de nós se sentir velho enquanto estes senhores andarem para ai a debitar décibeis e o novo álbum "Time Waits For No Slave" já está nos escaparates, este terá de ser adquirido pelas vias legais pois o próprio Satanás se encarregará de fulminar os que sigam o caminho da pirataria em relação a este registo.

Deixo-o com uma musica de 2005 entitulada "Silence Is Deafening", porque penso demonstrar bem a genialidade destes musicos, achando mesmo que o minuto 2:30 em diante é um riff bem exemplificativo do poder e qualidade de todo um género musical.



e já que se fala tanto em crise, esta música alerta para o seguinte sobre os ricos e poderosos : "Their silence is deafening/From the retreats of tamed apologists/Their disdain is crippling/For those whose crises they have fixed"

é importante ter amigos de ambos os lados da barricada

M.P.